quarta-feira, maio 31, 2006

Se eu mandasse...

Porque acho que este "texto" não deve ficar "perdido" no meio de comentários, aqui fica, da nossa amiga "Flôr"

Se eu mandasse neste dia,
O sol não se deitaria.
Porque a seguir ao dia,outro viria!
E os encantos da lua...
Faria-os eu, sendo Tua!
Numa dança de Amor,
Antes deste sol se pôr!

"Flôr" 2006-05-31

Procuro

Na minha existência,
Sinto uma necessidade permanente.

Como resposta a ela,
Intento uma busca constante,
Pelo tudo,
Que julgo necessitar,
Que penso ser essencial,
Mas que muitas vezes,
Nem consigo definir.

O que procuro afinal?
Após várias reflexões,
A conclusão surge,
Como óbvia,
E simples:
Procuro o “Conhecimento”.

Mas o que é o conhecimento?
Em que consiste?
Onde me leva?
Porquê esta necessidade,
Constante e absorvente
Do mesmo?

Para mim,
O conhecimento é algo mais
Do que a mera constatação,
Empírica dos factos.
É a necessária compreensão,
Em toda a sua extensão,
Do que foi,
Do que é,
Porque foi,
Porque é.

Sem isso,
Sem a devida compreensão,
A informação fica incompleta,
E eu,
No meu íntimo,
Não fico satisfeito.

Para mim,
Muito mais importante do que o acontecido,
É o porquê da sua ocorrência.
E aqui,
Penso que reside a minha verdadeira “essência”.

Não existe consequência sem causa,
E sem compreendermos verdadeiramente,
A causa,
Não conseguiremos nunca,
Apreender a totalidade da consequência.
Porque muitas vezes,
Talvez,
Na grande maioria das vezes,
São bem mais importantes os resultados
Da causa,
Do que da própria consequência.

E é assim,
Através desta busca,
Que empreendo também em mim,
Que consigo,
Em primeiro lugar,
Compreender-me a mim próprio,
Para desta forma,
Conseguir compreender,
E posteriormente ajudar,
Quem me rodeia.

O que procuro?
No limite,
Procuro constantemente,
Por mim.

segunda-feira, maio 29, 2006

Falar sem ser Ouvido

Porque hoje não é um dos meus melhores dias, decidi compartilhar convosco um poema do meu autor predilecto, que demonstra bem, o que sente quem escreve (fala) sem ter quem o Ouça devidamente.
Leiam, e percebam bem, o quanto o vossa participação aqui, é importante.

Numa outra prespectiva da questão, vejam retratado aqui, a angústia de pessoas que não dialogando, fazem monólogos a dois.

Teus olhos entristecem.
Nem ouves o que digo.
Dormem, sonham esquecem...
Não me ouves, e prossigo.

Digo o que já, de triste,
Te disse tanta vez...
Creio que nunca o ouviste
De tão tua que és.

Olhas-me de repente
De um distante impreciso
Com um olhar ausente.
Começas um sorriso.

Continuo a falar.
Continuas ouvindo
O que estás a pensar,
Já quase não sorrindo.

Até que neste ocioso
Sumir da tarde fútil,
Se esfolha silencioso
O teu sorriso inútil.

Fernando Pessoa, 19-10-1935

sexta-feira, maio 26, 2006

À espera de ti...

Para as flores deste espaço.

À espera de ti,
Eu permaneço aqui,
Fechada dentro deste meu mundo,
Sem portas,
E com múltiplas pequenas janelas,
Pelas quais vislumbro,
A vida que lá fora passa!

E tu,
Ser que povoa o meu imaginário,
Não sei sequer se és real,
Não sei sequer se existes,
Se estás longe ou perto,
Só sei,
Que eu aqui permaneço,
À espera de ti!

E quando chegares,
Vais ter de esculpir uma porta,
Apenas com as tuas mãos,
Neste meu mundo,
Para nele puderes entrar,
Sendo que essa,
Será a tua prova,
Do merecimento,
Que dele podes fazer parte.

E eu,
Que tanto anseio pela tua chegada,
Pelo calor do teu abraço,
Pelo teu afago no meu leito,
Pelo preenchimento deste pequeno vazio
Bem latente no meu ser,
Não sei,
Se te quero ver entrar.
E talvez por isso,
Neste meu mundo,
Portas não haja,
E as janelas estejam fechadas.

E apenas uma existe,
Que permanece entreaberta.
É uma pequena clarabóia,
No topo da minha alma,
Que por estar “bem lá em cima”,
(como que a salvo)
Por ela apenas vislumbre,
O pleno de um céu,
Que sabendo,
Ser difícil de igualar,
Vou contemplando,
Enquanto espero por ti,
Meu anjo caído!

terça-feira, maio 23, 2006

Dia Especial

Hoje para mim, é um dia especial.

Por muitos motivos, mas o principal é o festejar mais um ano em que estou vivo e posso desfrutar de tudo o que a vida tem para me oferecer, sem "barreiras" nem condicionalismos.

Estou vivo,
Faço o que gosto,
Vivo como gosto,
Tenho ao meu lado as pessoas de quem gosto,
E tenho aqui,
Neste blog,
O meu lugar de partilha,
De um meu "eu",
Acessível a quem dele gostar
E dele quiser desfrutar.

A característica do blog
Que desde sempre mais me agradou,
É mesmo esta,
O facto de escrevermos para quem nos quiser ouvir,
Sem qualquer tipo de condicionalismos ou obrigações,
E pudermos obter dessas mesmas pessoas,
Um feed-back nessas mesmas condições.

Tudo na vida pudesse ser assim, não é?

Então,
No dia de hoje,
Quero agradecer a todos quantos me ouvem,
De forma livre,
Pois neles reside a base do meu ânimo
Na continuidade desta "partilha".

Em primeiro lugar à minha esposa,
Pois embora a sua participação seja algo “esporádica” o seu apoio é sempre importante;

À “Putty Cat”,
Por ser a mais antiga,
E a que desde a primeira hora acreditou e me apoiou;

À “Kitty”,
Que numa altura inicial,
Fez que os comentários fossem no plural;

À “Papoila”,
Pela sua resistência e agora revelada divulgação;

Ao “Jocares”,
Pois foi através dele que este blog foi tecnicamente possível;

A todos(as) quanto me lêm,
Mas que por um qualquer motivo não comentam;

A todos,
O meu sentido muito obrigado!

E como acredito que as coisas simples são das mais belas,
E podem de facto, fazer a diferença,
A todos vos presenteio
Com uma imagem,
Retirada de um dos meus blog´s de referência,
Que explicita na plenitude a minha forma de estar.


(papoila, esta era a “surpresa” de que falava ;)

segunda-feira, maio 22, 2006

Vagas do Sentir

Há momentos,
Em que somos abruptamente
E de forma avassaladora,
Invadidos por um sentimento,
Que,
Absorve todas as cores do nosso ser,
Nos desnuda a alma,
Nos desarma os sentidos
E faz com que a dor,
Seja maior que o peito.

E assim,
De alma nua,
De sentidos derrotados,
Somos levados a sucumbir,
À inevitável
Implosão do nosso ser,
Sobre nós próprios.

Então,
A saudade do futuro,
Torna-se algo de maior,
E a simples impossibilidade
Da sua existência,
Cria em nós um desejo,
De saltar o presente,
E passarmos a coexistir,
Num universo paralelo,
Em que esse futuro inexistente,
Seja uma realidade,
Em conjunto com o nosso presente,
Completo com todas as suas cores.

E esses sentimentos,
Por vezes,
Surgem como vagas,
De forma sequencial,
Umas após outras,
Numa cadência irregular,
Que por serem assim,
Potenciam a dor,
Pela simples expectativa,
Da sua ocorrência.

Entre as vagas,
Vislumbramos as cores de qualquer céu,
Que não sendo o nosso,
São uma promessa,
São um desejo.

Quando a maré acalma,
E a tempestade passa,
Vislumbramos novamente o nosso céu,
Que,
Com a violência da tempestade,
Nos passa a parecer diferente,
E o azul dele,
Não mais parece o mesmo,
Não mais é o mesmo.

E assim,
Entre as vagas do sentir,
Vamos aprendendo a viver,
Uma vida que não era a nossa,
Uma vida que não gostávamos,
Uma realidade,
Contra a qual queremos lutar,
Que teimamos em combater,
Mas que,
Por existir,
Nos leva por vezes a mergulhar,
Para tentar evitar,
Uma nova “Vaga do Sentir”.

quinta-feira, maio 18, 2006

O Meu Sorriso

Ontem,
Ao sair de casa,
Fui atingido,
De forma “violenta”,
Por um raio de sol.

Olhando o céu,
Vislumbrei um pedaço,
De um azul límpido,
Levemente polvilhado
Por uns bocados de nuvens,
Imaculadamente brancas,
Formando,
No seu conjunto,
Uma imagem idílica,
Que por ser tão perfeita,
Logo me provocou uma paz de espírito,
E conseguiu,
Por si só,
Que se me formasse
Um sorriso nos lábios.

No entanto,
Virando em direcção contrária,
Pude ver umas nuvens negras,
As quais,
Com a sua cor cinza escura,
Tapavam o céu azul
Que para trás ficara.

Mas eu sabia
Que por cima delas,
Estava um céu azul, lindo,
Que embora eu não o visse,
Estava lá,
E o sorriso manteve-se!

No progresso do meu caminho,
Entrei numa estrada ladeada por árvores,
E então,
Deixei de ver o céu por completo.
Para além do cume daquelas árvores,
Eu não conseguia ver o céu,
Não sabia se as nuvens negras
Também ali pairavam,
Mas sabia,
Que lá no cimo,
Bem lá no cimo,
Estava um céu azul, lindo,
Que embora eu não o visse,
Estava lá,
E o sorriso manteve-se!

Percorridos mais uns kilómetros,
Passei por cima de uma ponte,
Sobre um rio.
Olhando-o,
Pude ver o seu correr,
Em direcção ao mar.
Não sei se a corrente era forte,
Não sei se a água estava límpida,
Não sei se a água estava fria,
Mas sei,
Que corria para o mar,
Que no infinito,
Se fundia com um céu,
Que,
Não importa como as nuvens estivessem,
Não importa como elas colorissem a água,
Desse mar e desse rio,
Por cima delas,
Estava um céu azul, lindo,
Que embora eu não o visse,
Estava lá,
E o sorriso manteve-se!

E a memória daquele céu,
Ficou-me gravada na memória,
E ao longo do dia,
De cada vez que dele me lembrava,
Não conseguia deixar de,
Sentir aquela paz de espírito,
Não conseguia deixar de,
Esboçar aquele sorriso,
E assim,
Apesar de não o ver,
Eu sempre soube,
Que bem lá no cimo,
Estava um céu azul, lindo,
Que embora eu não o visse,
Estava lá,
E o sorriso manteve-se!

E o meu dia foi assim,
Por entre trabalho,
Conversas,
Reuniões,
Telefonemas,
Lá me fugia o pensamento
Para a lembrança
Daquele céu,
Azul,
Lindo,
E o meu sorriso,
Devido a isso,
Não esmoreceu!

segunda-feira, maio 15, 2006

Curtas (3) - Cheguei

Eram 11:35 de um dia chuvoso, em que só o respirar me latejava os pulmões e ecoava na alma.
Eram horas de nada, quando soube que tu irias estar naquele local no final da tarde. Desde esse momento, o meu espírito ficou tomado por esse facto e tudo o demais perdeu importância.
Tu ias lá estar ao fim da tarde e eu tinha de lá estar, para te ver. Só para te ver.
Não podia almejar mais do que isso.
O que tive outrora, sabia ser impossível agora.

O toque das tuas mãos, o sentir do seu calor nas minhas, o teu olhar em exclusivo para mim, a tua atenção aos meus pormenores, as tuas palavras meigas, ternas que me apaziguavam o espírito e me reconfortavam de uma forma tão plena, tão completa, sabia-o que nunca mais teria, por isso, só por isso, o simples facto de te poder ver, estar de alguma forma perto de ti, era-me suficiente, tornara-se suficiente, tornara-se tudo!

Eram 11:35 de um dia chuvoso, e eu saía porta fora, para te encontrar.

Os 400 km´s de viagem, não eram obstáculo, nem desmotivadores.
A chuva que caía, não era obstáculo nem desmotivadora.
A quase inacessibilidade do local não era obstáculo nem desmotivadora.

Tu ias lá estar, e eu, tinha de te ver.

Fiz-me à estrada, com a ânsia de quem persegue um rasgo de luz que teima em se esconder por trás de uma qualquer nuvem negra e absorvente.
Percorri todos aqueles metros de estrada, um por um, sem uma única paragem, sem uma única pausa, porque, eu tinha de estar contigo, eu tinha de te ver.

Pelo caminho, vislumbrei outras vidas que por mim passavam e eu questionava-me se também elas, corriam para ver alguém, corriam para te ver, a ti, que já não eras só minha, que já não eras sequer minha.

Cheguei.

O local estava repleto de seguranças.
Pequenas barreiras que me impediam de te ver, de vislumbrar o teu simples olhar que sempre me confortou, sempre me animou, sempre me mostrou com a sua simplicidade, que na simplicidade das coisas, encontramos o todo de nós e o possível ânimo para uma vida.

Uma vida… essa que eu tinha contigo, de que tanto gostava e nunca me apercebi o quanto. De que tanto gostava e que não me apercebi, com o decorrer do tempo, que a ia perdendo, em prol de… nada.

Cheguei, mas não te vi.
Cheguei e com a pressa de chegar, esquecera-me de te trazer algo.
Algo que não apenas o meu olhar de saudade, o meu desejo de estar contigo, a minha busca pelo teu ser, de que o meu tanto gostava, de que o meu tanta falta sentia.

A tua falta, nunca a consegui colmatar.
Foram demasiados momentos de vida que passara contigo, foram demasiadas trocas de sentimentos a dois, para que o meu corpo me permitisse esquecer-te, ou sequer, de alguma forma, substituir-te.

Cheguei e tu ainda não estavas.
E com a espera, a expectativa aumentava e eu imaginava-te.

Será que ainda estarias na mesma, assim linda com esses teus cabelos longos que me preenchiam os meus sonhos, com os quais neles me aparecias com eles levemente levados por uma brisa quente, que esvoaçando ao vento, completavam a tua silhueta delgada, esguia, perfeita!

Será que ainda terias a mesma ternura no olhar, a mesma leveza no toque, a mesma suavidade de pele, o mesmo carinho na voz, o tudo que me fazia tanto gostar-te, tanto amar-te e que sem me aperceber, tinha perdido!

Cheguei, e tu… simplesmente… não vieste!

Marcas de Vida

Uma cicatriz algures,
Umas rugas na face,
Umas mãos mais ásperas,
Marcas de vida,
Marcadas na pele.

Um olhar mais profundo,
Uma reserva no contacto,
Uma serenidade no diálogo,
Marcas de vida,
Marcadas na forma de estar.

Uma data que ficou,
Um momento que não esquece,
Um dia diferente,
Marcas de vida,
Marcadas na memória.

Uma mágoa no lembrar,
Uma alegria no viver,
Um gostar de alguém,
Marcas de vida,
Marcadas no sentir.

São várias e de vários tipos,
As marcas,
Que a vida nos vai imprimindo.

Algumas,
Surgem de onde menos esperamos,
Em completa surpresa.

Outras,
Surgem de forma natural,
E fazem parte de um processo saudável.

Mas há outras…

Outras,
Que somos nós próprios,
Que as fazemos.

A nós,
Por passividade,
Por falta de capacidade,
Ou simplesmente,
Por não saber lidar com elas.

A outros,
Por vezes a quem mais gostamos,
E ficamos a desejar nunca o ter feito.
E ao fazê-las,
Ficamos com uma cópia delas,
Gravadas em nós próprios.
E nunca,
Por muito que nos esforcemos,
Conseguimos apagar,
Sendo que em nós,
Doem muito mais,
Do que neles.

A outros,
Porque simplesmente lhes estendemos a mão,
Porque simplesmente os ouvimos,
Porque simplesmente existimos,
E estamos ali,
Dispostos,
A ouvi-los,
A apoiá-los,
A fazê-los sentir,
Que não estão sozinhos,
E que a vida,
É mesmo algo,
Que vale a pena,
Ser vivido.

Eu gosto de pensar
Que marco de alguma forma alguém.

Eu gosto de pensar
Que essa marca,
Acompanhará esse alguém,
Ao longo da sua existência.

Eu gosto de pensar,
Que esse alguém,
Quando um dia se lembrar de mim,
Irá sentir,
Em si,
Uma marca de vida,
Marcada no sentir!

quinta-feira, maio 11, 2006

Mesmo que...

Para a minha querida esposa, que tem suportado as minhas ausências prolongadas nos últimos tempos

Mesmo que eu esteja longe,
O meu pensamento está contigo.

Mesmo que eu não to diga,
O meu amor por ti amadurece a cada dia.

Mesmo que eu não te abrace,
Os meus braços estão em teu redor.

Mesmo que as minhas mãos não toquem as tuas,
Os meus dedos estão entrelaçados nos teus.

Mesmo que eu não te beije,
Os meus lábios sentem os teus.

Porque este Amor,

Não há distância que o vença,
Não há palavras que o transmitam na plenitude,
Não há braços que o abarquem,
Não há mãos que o agarrem,
Não há lábios que o passem.

Porque este Amor,

É superior à separação,
É intransponível para palavras,
É maior que os meus braços,
É muito mais que o toque,
É mais quente que os beijos.

quarta-feira, maio 10, 2006

Amizade

Em resposta a um "desafio" aqui fica o meu "Amizade"

Uma mão que se estende,
Um “estou aqui” proferido em surdina.

Ouvidos que Ouvem,
Palavras que partilham,
Disponibilidade constante,
Cumplicidade permanente.

Momentos bons com risos em eco,
Momentos difíceis com choro conjunto.

Longe ou perto,
Tudo é assim: certo.

O apoio, uma segurança,
O gostar de estar, uma constante,
E o calor do afago,
Uma certeza.

Apoiar sem questionar,
Gostar sem porquês,
Afagar pelo afago,
Gostar pelo gosto,
Estar presente,
Porque muitos,
São os momentos de ausência.

Os amigos querem-se,
Os amigos cuidam-se,
Os amigos mimam-se,
Os amigos, simplesmente,
São-no.

quarta-feira, maio 03, 2006

Ao meu Amor

No barulho do silêncio,
No calor das noites frias,
Na imensidão dos pormenores,
Eu encontro-te!

E com o olhar nós falamos,
Com o toque nós sentimos,
Com o beijo dizemos,
Em silêncio,
O nosso Amor!

E o amor fluí,
Assim,
Entre nós.

O carinho torna-se a palavra,
O respirar o conversar,
O abraçar o gritar ao vento,
O caminhar, lado a lado,
A nossa forma de vida!

Sinto-te em mim,
Porque sei que me tens em ti!

Vivo-te assim,
Porque sei que me vives a mim!

E assim, os dois somos um,
E a vida,
O local onde exploramos,
Este nosso sentimento,
Tão lindo,
Tão belo,
Tão bom!

E é assim,
Desta a forma,
Que eu consigo,
Dizer “Amo-te”,
Ao meu Amor.

terça-feira, maio 02, 2006

Curtas (2) - O Farol

O calor suave de um raio de sol inundando-me a pele, forçou-me hoje o despertar. Intrigado e surpreso, pois o vendaval da noite anterior em nada fazia prever um amanhecer assim, levantei-me e fui até à janela abrindo as cortinas de par em par.
Foi quando vislumbrei, um céu lindo, limpo, de um azul vivo, que no horizonte se confundia com a linha do mar.
Abrindo a janela, Inspirei fundo e pude sentir o delicioso cheiro da maresia que invadia o ar com o seu odor característico, forte e simultaneamente fresco.
Apurando o ouvido, pude ouvir as ondas a afagarem a praia e as gaivotas ao longe, numa sinfonia única, uníssona entoando uma perfeita melodia sem pauta.

E então senti…
Senti a paz do momento, perfeito, único.

Por momentos, esqueci quem sou, pois isso perde toda a importância mediante um cenário como este.
Por momentos, senti-me parte do que via, senti o meu odor misturado com o da maresia, a minha voz a entoar o mesmo cântico das gaivotas e senti-me elevar.

Elevei-me para junto delas e de lá, pude observar num plano superior, abrangente, tudo o que me rodeava, inclusive a mim próprio.

E foi então que vi!
E foi então que me vi!

E vi-me ali, na janela daquele farol, isolado no meio do azul e não me reconheci.
Estava com um aspecto cansado, maltratado pelo tempo, e a minha pele… tinha pelo menos mais 10 anos do que me lembrava.
O que terá acontecido? O que se terá passado comigo para estar naquele estado?

Será que de facto, de facto eu não o sabia?
Penso que sim. Sabia-o e bem!
Só não me havia ainda apercebido que as marcas tinham sido tão profundas, tão… marcantes!
E foi então que me veio aquele sentimento, aquela nostalgia, aquela… saudade.

Tu partiras não havia muito tempo, com aquele teu ímpeto que te é tão característico.

Desde então, fiquei perdido à procura de me encontrar como me tinhas encontrado anos antes. Tolo. Já devia saber que isso era impossível.
Como não o consegui, nem tão pouco habituar-me à ideia de já não te ter por perto, continuei a procurar-te a ti.
Á noite, no lugar da cama que ficou vazio.
De dia, no teu lugar à mesa, que eu, num gesto mecânico, continuava a colocar e para o qual ficava por vezes, durante longos minutos a olhar, até que sentia aquele frio húmido de uma lágrima, e então…

Até hoje, não sei o que se passou connosco para que tenhamos chegado aqui. O que se passou, ou o que deixamos que não se passasse para ser possível… isto!

Mas a verdade é esta, e eu, por muita vontade que tenha, não tenho capacidade para a mudar.

Continuo aqui à tua espera.
Não saio com medo que possas voltar e não me encontrar.
Não saio com medo que eu possa voltar a não me encontrar.