quinta-feira, julho 27, 2006

Sombra

Aqui mesmo ao lado de mim,
Está uma sombra.

É uma sombra,
Que me acompanha,
Desde que tenho memória.

Muito escura,
Muito densa,
Muito absorvente.
Difícil de ver qualquer coisa lá dentro.

Embora a sinta ao meu lado,
Embora saiba que ela está ali,
Sempre,
Vigilante,
Raramente olho para ela,
Procuro,
Não me tentar a fazê-lo.

Por vezes,
Com o cair da luz,
Ela cresce,
E parece que só ela existe,
De tão grande que se torna,
Por se fundir com a noite.

Outras vezes,
Com todo o resplendor,
Que a luz é capaz de ter,
Ela fica pequenina,
Quase imperceptível,
Mas,
Não deixa de estar ali,
Não deixa de existir.

Qual planeta,
Ela tem uma força gravitacional,
Que com o cair da luz,
Também ela,
Ganha força.

Por vezes,
Não sei se é a sombra que cresce,
Ou o poder de atracção que aumenta.

Por vezes,
Não tenho vontade de olhar para o outro lado,
Não tenho vontade de lhe fugir,
Apetece-me até,
Nela entrar,
E deixar-me levar,
Até à maior das profundezas,
Que ela conseguir.

E eu sei,
Que ela é como um buraco negro,
Que absorve toda a luz,
E que uma vez lá dentro,
É muito difícil sair.

Do seu interior,
Dificilmente se avista,
O que se passa lá fora.
No seu interior,
Toda a nossa luz,
Toda a nossa vontade,
Todo o nosso querer,
É por ela consumido,
Chegando mesmo,
A tornar-nos fantoches,
Fazendo-nos agir,
E até pensar,
Ao gosto dos seus caprichos.

Essa sombra,
Que eu tão bem conheço,
Não é,
Nem nunca foi minha amiga,
Mas,
Qual amigo que se preze,
Está sempre lá,
Ao meu lado,
Não para me apoiar,
Mas para de mim,
Se aproveitar.

E é incrível,
Como somos capazes,
De,
Por palavras,
Actos,
Ou omissões,
Afastar de nós,
Até os nossos melhores amigos,
Mas a sombra…
A sombra, não!

De onde provém,
A força,
A perseverança,
Que a sombra tem,
Para connosco,
E que nós muitas vezes,
Não conseguimos ter,
Para com os outros?

Qual o segredo dela?
Qual o alimento,
Que permite a sua subsistência?

Eu penso que a resposta,
Está em nós próprios.
O motivo da sua existência,
Está no nosso interior,
Porque ela sabe,
Ela sabe tão bem,
Que mais cedo ou mais tarde,
Para ela vamos olhar,
Com vontade de nela entrar,
E muitas das vezes,
Dela não mais,
Querer sair.

E o que penso,
Constituir o seu verdadeiro alimento,
É a nossa fraqueza!
A fraqueza que todos nós,
Temos guardada no nosso íntimo,
E que de forma infalível,
Mais tarde ou mais cedo,
De uma forma ou de outra,
Por um motivo ou por outro,
Acaba por se elevar em nós,
Superando,
Todas as nossas vontades,
Todos os outros sentires,
E fazendo com que nós,
Não só olhemos para a sombra,
Mas desenvolvamos em nós,
Uma vontade crescente,
De nela entrar.

Porque é assim com a sombra,
E não o é com a luz?
Porque será ela tão mais forte?

Depois de algum pensar,
Concluo que o seu segredo,
Reside no facto de ser,
Muito mais fácil cair,
Do que levantar!

segunda-feira, julho 24, 2006

Tudo e Nada

Há um tudo e um nada,
Que nos deixa à deriva,
Por entre um mar de sentimentos,
Difusos,
Por vezes confusos,
Até contraditórios,
Mas para alguns,
Só para alguns,
Plenos.

Tão plenos,
Com um preenchimento de ser,
Que,
Não sendo tudo,
Também não deixa que seja o nada,
Completando-nos como ser vivo,
Pensante,
Que age,
Que sente,
Que tem quereres,
Que por vezes,
Vão muito além dos poderes,
Sendo que isso,
Constitui,
O tudo de um querer,
Mesmo sabendo,
Equivaler,
Muitas vezes,
A um nada de um poder.

E neste “jogo”,
Não poucas vezes,
Cruzamo-nos com outros,
Sendo que alguns,
Mesmo não sabendo,
São por nós,
Constituídos jogadores,
Ficando eles,
Equipa ou adversários,
Conforme,
A ala do campo
Em que se encontram.

E por vezes,
Este jogo torna-se perigoso,
Até mesmo agressivo,
E desgastante,
Chegando mesmo a ser,
Corrosivo do “Ser”.

E então,
Torna-se necessário,
Procurar quem arbitre,
Quem julgue em “causa alheia”,
Que nos imponha as regras,
Que por muito que delas,
Tenhamos conhecimento,
Por não poder,
Por não querer,
Teimamos em não obedecer.

E assim,
Com este recurso a “terceiros”,
Consegue-se como que
Um equilíbrio,
Que não sendo perfeito,
Por vezes ténue até,
Nos mostra,
Que não é possível,
O tudo,
Sem o nada.

Não é possível querer tudo,
Não dando nada,
Nem é possível,
Não querer nada,
Dando tudo.

E nesta dicotomia de “sentidos”,
Estabelecem-se fluxos de relações,
Com “deves” e “haveres”,
Que colocados numa balança de dois pratos,
Têm cada um deles,
O seu “peso relativo”.

Mas esse peso,
Esse peso é quase sempre viciado,
Quer pelo querer,
Quer pelo sentir,
E quando olhamos,
Do “nosso” lado da balança,
Raramente conseguimos ver,
Os verdadeiros pesos de cada prato,
Pois acrescentamos pesos extras,
Ao prato que,
Nos possibilita obter,
O objecto do nosso tudo querer.

E assim,
Gera-se o conflito,
Entre o querer ter,
E o querer dar,
Sendo que,
Não se tratando,
Do tudo
E do nada,
No final,
Muitas das vezes,
É nesta dicotomia,
Que uma vez mais,
Acabamos por cair.

E nesta posição,
Que uma vez estabelecida,
Torna-se difícil de contornar,
Tornamo-nos fracos,
Escravos de um querer,
Que pelo seu preenchimento do ser,
A outra parte não nos permite ver,
Fazendo com que,
Os pesos extras
Continuem a aumentar,
E com isto,
Os conflitos alimentar,
E no final,
A ruptura,
Inevitável se tornar.

Mas…

Quem são os outros jogadores?
Com que direito,
Os incluímos no “nosso jogo”,
Para no final,
Acabarmos por os lesionar?

Com que vontades,
Entraram eles no nosso jogo?

Ou será,
Que no final de contas,
Sem que de tal nos apercebêssemos,
Não estávamos a jogar o nosso jogo,
Mas sim o deles?

E sendo assim,
Com que direito,
Nos incluiu ele no seu jogo,
Para no final,
Tanto nos magoar?

E desta forma,
Deste “lado de cá”,
Consoante o prisma com que olhamos
Para um mesmo jogo,
Ele assume características
Completamente diferentes.

E no entanto,
O que eu penso ser,
Verdadeiramente importante,
É que cada um de nós,
Tenha a consciência de que,
No jogo da vida,
Cada um de nós,
É simultaneamente,
Caça e caçador,
Apenas derivando,
No plano,
Sobre o qual fazemos a análise.

E sabendo,
Que como caçadores,
Queremos tudo,
E como caça,
Queremos nada,
O que será mais válido?

O tudo do caçador,
Ou,
O nada da caça?

E o “estranho”,
No meio desta reflexão,
É que assumo a plena consciência,
Que a maioria do tempo,
Preferindo ser
E até agindo como caça,
Na maioria do tempo,
Sou caçador!

E sendo assim,
Mediante esta minha constatação,
A todas as minhas “vítimas”,
Deixo aqui o meu pedido de perdão,
E a todos os meus caçadores,
O desejo de boa sorte,
Porque no fundo,
Eu sei,
Que dela,
Bem vão necessitar!

quarta-feira, julho 19, 2006

A nossa "história"

Todos nós temos a “nossa história”.

Alguns com uns caminhos mais ardilosos do que outros,
Com mais passagens do que outros,
Mas todos a temos.

Essas histórias,
Têm em comum uma coisa:
Não são vividas sozinhas.
Existem sempre “mais personagens”.

Só que o papel que essas personagens (incluindo nós próprios) desempenham,
Não está pré-escrito.
É “livre”,
Tendo todos a hipótese de
Optar por quais os caminhos que quer seguir.

Por vezes,
Essa hipótese de opção,
Não está visivel a olho nú.

E por isso,
eu penso que dos maiores desafios de vida
Fazem parte:
- Vislumbrar as opções,
- Saber (com coragem) optar,
- Assumir de forma frontal as nossas opções!

sexta-feira, julho 14, 2006

Neste espaço...

Neste espaço,
Onde parte do meu ser coabita,
O tempo tem outra medida,
O espaço outra dimensão,
E eu expando-me…

Expando o meu ser,
Em forma de pensamento escrito,
E vou vagueando,
Ao sabor das palavras,
Deixando-me por elas levar,
Sabendo bem o começar,
Mas muitas das vezes,
Sem conhecer o acabar.

É uma ideia que se forma,
Que na base das palavras ganha corpo,
Com o correr da pena vai evoluindo,
Terminando na forma de uma reflexão,
Que para o mundo não tem “rosto”,
Mas na qual,
Parte do meu ser é assim “exposto”.

No processo,
Passo por corpos,
Mentes e conceitos,
Pensares e Sentires,
Que se complementam,
E juntos,
Acabam por formar,
Mais um produto
Do meu pensar.

Para que serve?
Com que propósito o faço?
O que com isto consigo?

(não poucas vezes mo questionaram)

Por vezes,
Uma plenitude de satisfação
Complementada com “outros pensares”;

Outras vezes,
Uma satisfação mais solitária,
Pelas interpretações difusas,
Que do meu escrever fazem,
Constituindo também isto em si,
Um interesse,
De observar
E constatar.

Como seres diferentes,
Interpretam de forma diferente,
Um mesmo pensar.

Como seres diferentes,
Incorporam de múltiplas formas,
Um mesmo sentir.

E desta diversidade,
Surge a satisfação de uma partilha,
Que pela sua multiplicidade,
Consegue criar um todo,
Pleno de ideias,
Pontos de vista,
Por vezes até díspares,
Mas que no fundo,
No fundo,
Têm uma mesma base,
Sedeada,
Num meu sentir,
Num meu pensar,
Num meu estar.

E grande parte das vezes,
Como que de uma plenitude tomado,
O “meu” torna-se “nosso”,
Por força da participação,
De todos quantos me queiram acompanhar,
De forma mais ou menos compassada,
Nesta imensa sinfonia,
Que resulta de um pensar.

E o pensar já não é mais “meu”,
E o sentir torna-se comum,
E este espaço,
Onde parte do meu ser coabita,
Transforma-se,
Num albergue de almas,
Que por gostarem de falar,
Pensar, Sentir, Reflectir,
Nele acabam por ficar,
E que com o seu “simples” comentar,
No deles também,
Acaba por se transformar.

Neste espaço,
Onde parte do meu ser coabita,
As palavras,
Deixam de “ser tudo”,
E no final,
Do escrever e do pensar,
É no fundo um sentir,
O que acaba por ficar!

E é por isso,
Talvez por isso,
Que parte do meu ser,
Neste espaço,
Tanto goste de estar,
E nele acabe,
Em si mesmo por ficar,
Neste pequeno canto,
A coabitar.

quarta-feira, julho 12, 2006

Uma noite destas

Uma noite destas,
Eu quero contigo,
Saborear o mundo!

Uma noite destas,
Eu quero contigo,
Inalar bem fundo,
Todos os odores da vida!

Uma noite destas,
Eu quero contigo,
Relaxar num banho quente,
Reconfortante de alma!

Uma noite destas,
Eu quero contigo,
Salpicar o nosso amor,
Com pétalas de rosa!

Uma noite destas,
Eu quero contigo,
Dançar ao ritmo,
Das chamas de 1000 velas!

Uma noite destas,
Eu quero contigo,
Sentir todo o calor,
Concentrado nos nossos corações!

Uma noite destas,
Eu quero contigo,
Libertar os nossos corpos,
Ao ritmo da dança,
Dos nossos desejos!

Uma noite destas,
Eu quero contigo,
Sentir tudo,
Ouvir tudo,
Inalar tudo,
Dar e receber tudo!

Uma noite destas,
Foi ontem!
E dela,
Guardo belas “imagens”,
Do nosso Amor!


























1 Amor, 20 Anos!
Que venham mais 20!

segunda-feira, julho 10, 2006

Passeio

Passeio pela minha vida,
Com vista sobre mim mesmo,
Tentando-me ver,
Como que através de um prisma,
Que separe,
Não as diferentes cores de uma luz
Que sobre mim incida,
Mas que sim,
As diferentes partes do meu ser,
Do meu pensar,
Do meu agir,
Do meu estar.

E com isto,
Tento com o mínimo de ruído possível,
Vislumbrar os porquês de mim,
Captar a essência do meu ser,
Que dão corpo e vida,
A este que sou eu,
Que passeia,
Assim,
Pela vida.

Nos caminhos da minha vida,
Já me deparei com diversos buracos,
Que não estando sinalizados,
Neles caí completamente desamparado,
Sendo que,
Uma vez lá em baixo,
Bem em baixo,
Tão em baixo,
As barreiras que se erguiam sobre mim,
Eram demasiado altas para as minhas capacidades,
Eram demasiado altas para as minhas forças.

Então,
Tive que desenvolver características
E habilidades,
Para que,
No imediato,
Fosse capaz de as transpor,
E num futuro,
Fosse capaz de,
Identificar os buracos desta vida,
Por forma a,
Se não conseguir evitar cair neles,
Pelo menos,
Não o fizesse de forma tão desamparada.

E então,
Descobri,
Que por vezes,
O que importa,
Não é o tamanho da queda,
Mas como se cai,
E principalmente,
De onde se cai.

A origem da queda,
Muitas vezes é tudo!
Sendo que esse tudo,
Pode tornar a queda,
A mesma queda,
Mais ou menos prolongada,
Mais ou menos penosa,
Mais ou menos grave.

Tenho para mim,
Que as quedas,
São como que um processo evolutivo,
Que nos dá ensinamentos de vida,
E que no fundo,
Proporciona-nos,
Por vezes durante o acto da queda em si mesma,
As ferramentas necessárias,
Para a recuperação,
Quer dessa,
Quer de outras quedas futuras.

E então,
Como que descobri,
Que o importante por vezes,
Não será tanto o evitar a queda,
Mas sim,
Saber cair,
Saber levantar,
E sobretudo,
Saber continuar,
Mesmo sabendo,
Que outras quedas virão,
Que outras nódoas negras surgirão,
Mas que nós,
Estaremos prontos para as enfrentar,
Com a consciência de que,
Estaremos sempre a deparar-nos,
Com novos tipos de capacidades,
Necessárias desenvolver,
A par com a convicção de,
Com as “ferramentas” certas,
Sermos capazes de as desenvolver,
E mantê-las em nós,
Guardadas na nossa “mala”,
Para quando delas voltarmos a precisar.

Hoje,
Continuo a passear pela vida,

Mas hoje,
Principalmente a partir de hoje,

Sem medo de,
Voltar a cair!

quinta-feira, julho 06, 2006

Deixa-me ficar...

Deixa-me ficar,
Nesse teu canto,
Só um momento…
Só por enquanto.

Deixa-me ficar,
Nesse teu canto,
Não procures razões,
Dá-me um pouco do teu encanto.

Deixa-me ficar,
Nesse teu canto,
Que neste momento a noite,
Cobre-me com o seu manto.

Deixa-me ficar,
Nesse teu canto,
Que a dor lá fora é muita,
E magoa-me tanto.

Deixa-me ficar,
Nesse teu canto,
Não to peço para sempre,
Só por enquanto!

...//...

Se é neste meu canto,
Que tu queres ficar,
Anda, entra,
Podes-te instalar.

Se é neste meu canto,
Que tu queres ficar,
Não perguntarei porquê,
Podes ficar.

Se é neste meu canto,
Que tu queres ficar,
Mantém-te nele,
Até o teu sol brilhar.

Se é neste meu canto,
Que tu queres ficar,
Nele fica confortável,
Até a dor passar.

Se é neste meu canto,
Que tu queres ficar,
És muito bem-vindo,
Se nele te apetecer
Ficar a morar!

quarta-feira, julho 05, 2006

Dias de Silêncio

Em dias de silêncio,
Fala-nos a alma!

Enceta connosco um diálogo surdo,
E leva-nos pela mão,
Pelo mundo dos sentimentos,
Das lembranças,
Das promessas perdidas,
Das emoções revividas,
Dos seres que mesmo ausentes
Estão (e estarão) sempre presentes,
Dos amores que nos preenchem
E nos tornam os dias mais azuis,
Dos dissabores de um passado
Já não sentido mas lembrado,
Do “nós” que fomos,
Do “nós” que gostaríamos de ter sido,
Dos projectos realizados
E dos que ficaram pelo caminho,
Da inocência e timidez da nossa infância,
Dos dias de glória da adolescência,
Das frustrações das ausências,
Das gratificações dos actos,
Do sentimento de tudo poder,
Da constatação das limitações,
Dos esforços excedidos,
Dos erros cometidos,
Dos testares dos limites,
Dos “rebentar da corda”,
Dos bons e dos maus com que cruzamos,
Da perseguição do óptimo
Quando já dispúnhamos do bom,
Do ficar insatisfeito com o razoável,
Do tanto querer e não poder,
Do poder e já não querer,
Das vontades de um acabar,
Das ânsias de um recomeçar,
Dos dias intermináveis,
Das noites infindáveis,
Dos calores de alguns abraços,
Da frieza de alguns olhares e falas,
Das opiniões obsoletas,
Da falta de vontade de ter opinião,
Das dúvidas da timidez,
Do querer que o tempo passe
E a vontade que um momento perdure,

Tempos de tudo,
Passado,

Vontades de nada,
Presente.

Em dias de silêncio!

terça-feira, julho 04, 2006

Pensar

Uma grande parte do meu tempo,
Dou comigo a pensar.
Grande parte do tempo,
Penso de uma forma consciente,
Mas,
Com a força do hábito do pensar,
De forma subconsciente também.

Consciente que estamos
Permanentemente focados no pormenor,
Reflicto sobre o “todo”.
Amplio os horizontes do pensamento
Até ao máximo que me é possível,
Abrangendo passado e presente,
E tentando levantar o véu do futuro.

E penso por mim,
Penso com o meu “eu”,
Mas penso também com outros “eus”
Com que me cruzo,
Que fazem parte dos meus dias.

Penso muito,
Penso sobre tudo,
Mas não repenso!

Repensar,
Magoa, corrói,
Tira-nos a cor dos dias,
O sabor dos ventos,
Os sons dos sentimentos.

Penso,
Analiso,
Tiro as minhas “conclusões”,
E arrumo os assuntos.

De uma forma lógica,
Os assuntos ficam resolvidos.
De uma forma sentimental,
O tempo,
Encarrega-se de os arrumar.

Só que por vezes,
Muitas vezes,
Demora tanto tempo…
E com isso,
Sofro tanto…

Mas sofro,
De forma consciente,
E sabendo que,
Tenho conhecimento,
Da realidade dos factos
E não uma ilusão egocêntrica,
Sobre a realidade.

A todos,
Dou o melhor de mim.

A todos,
Desejo o melhor que possam,
Da vida obter.

E assim,
Com este meu pensar e estar,
Consigo inclusive sentir,
Que faço alguma diferença.
E isso,
Complementa-me,
Alimenta-me o ego,
E cria em mim a vontade,
De dizer àqueles cujo sorriso fugiu,
Que estou aqui!
Com os braços, coração e alma abertos,
Para com sinceridade, honestidade e prazer,
Os ajudar,
Também a eles a pensar,
E se possível superar,
O momento cinzento,
Que paira no ar,
Que não os deixa o sol vislumbrar,
Que para baixo
Insiste em lhes desviar o olhar,
E até por vezes,
De si,
Deixar de gostar.

Penso…
E gosto de pensar…

Penso…
E assim…
Quero continuar!

segunda-feira, julho 03, 2006

Altruísmo

Podemos nós ser felizes
pela simples e humilde
dedicação ao nosso semelhante?

Podemos nós ser felizes quando,
nessa dedicação,
nos despimos do nosso próprio interesse
e mesmo do instinto de
pensarmos sempre primeiro na nossa pessoa?

Podemos nós ser felizes,
assim “rendidos” a outro,
canalizando todos os nossos esforços
no contributo à outra felicidade?

E onde fica o EU, então?

… talvez,
num olhar e num sorriso de alegria,
na contemplação do bem estar
daquele(s) que dão ao EU
o privilégio
de ser um ponto de referência,
de apoio,
de sustento.

A dádiva de dar sem esperar receber.

(Andarilhus)