domingo, dezembro 31, 2006

Omissões

Há feridas que se abrem,
Com palavras por dizer.

Há feridas que se aprofundam,
Com gestos por fazer.

Há noites
Em que o cerrar de pálpebras,
Não nos fecha os olhos,
E todos os longos minutos
Que preenchem as horas
São contados.

E os batimentos,
Que acelerados tentamos conter,
Batem no peito,
Alheados ao nosso querer,
Ecoando no pensamento,
Todos um por um,
Misturando passado e presente,
Numa mescla de sentidos e quereres,
Onde a dor se revela existir,
Até no mais simples dos prazeres.

E os olhos quedam-se secos,
Por não terem mais o que chorar,
Porque a tristeza permanente,
Torna-se difícil disfarçar,
Desvanecendo o sorrir,
Até do mais profundo pensar,
Que não sabendo para onde ir,
Na dor teima em ficar.

E mesmo não a querendo ter,
Mesmo não a querendo ouvir,
Ela faz questão de o ser,
De em nós se fazer sentir.

E por vezes era preciso tão pouco,
Para a fazer desaparecer,
Mas o silêncio não deixa,
Faz questão em permanecer.

Porque se há palavras,
Que por não serem ditas nos ferem,
Há gestos,
Que por não serem feitos,
Nos abatem.

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Novo LINK

Nestes tempos de "festejos",
em que tento controlar as minhas vontades de escrita,
decidi apresentar-vos,
(para quem ainda não conheça),
um blog,
onde se escreve muito bem,
e no qual,
a onda de temática,
é "similar" às por nós,
frequentados.

Espero que apreciem
os passeios por lá,
Como eu aprecio.

Seleccionem ao lado,
na secção dos links,
o novo link,
"A Magia das Palavras".

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Este Natal

Este natal,
Vai ser mais pobre que os anteriores.

Neste natal,
Não vão estar presentes
Duas figuras que faziam parte
Do presépio dos anos anteriores.

Este natal,
Vai ter duas novas componentes:
Uma saudade muito grande,
E um desejo impossível de realizar.

Por isso,
Este natal,
Eu vou apreciar ainda mais,
Todos os que me vão fazer companhia,
E todos que não estando presentes,
Me irão acompanhar,
Mesmo que apenas em pensamento,
Pois sendo-o,
Será também em sentimento.

Porque neste ano,
Perdi duas grandes figuras
Do meu presépio.

Mas este ano,
Ganhei novas personagens
No meu palco de vida,
E essas,
Que desde Março
Me foram acompanhando,
Estarão bem presentes,
No meu pensamento,
E no meu sentimento.

Por isso,
Para cada um,
Eu reservei uma prenda:
Um pensamento meu,
Acompanhado de carinho,
Que individualmente,
Vos percorrerá,
Um por um,
Na altura da “distribuição das prendas”.

Porque vocês,
Todos vós,
Um por um,
Me presentearam este ano,
E várias vezes ao longo do ano,
Com a vossa companhia,
Com a vossa participação,
No fundo,
Com o vosso contributo,
Para que este canto,
Este “Espaço onde parte do meu ser coabita”,
Florescesse,
Se desenvolvesse,
E crescesse,
Até ao ponto que conhecemos.

A todos,
O meu desejo de que,
Apreciem devidamente a companhia dos que têm,
Em prol,
Do lamento dos que não têm.

E igualmente a Todos,
Um grande e forte Abraço,
Com o desejo profundo e sincero,
De um Feliz Natal
E um Excelente 2007!

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Excerto (2)

"Os sentimentos, são em si, na sua essência e vida própria, algo muito interessante. Mas, hoje penso que todos eles são efémeros. Todos, excepto um.

O Amor, deverá ser porventura dos mais complexos. É vivido de forma intensa, exige todos os nossos recursos e tem um pico. Esse pico, quando atingido, é sempre um pico. Nunca é, numa perspectiva de tempo, um planalto, que se mantenha por muito tempo no auge. A partir do momento em que se atinge esse pico, começa uma descida, que pode ser mais ou menos acentuada e que pode terminar de duas formas: ou bem, sendo que nesse caso, encontra um planalto num nível mais abaixo do pico (bem mais abaixo) e que se vai mantendo nesse nível, com custo, com trabalho e esforço conjunto. Esforço, porque a vida se encarrega de desgastar esse sentimento, corroê-lo, pelo que se ele não for tratado, cai a pique terminando a queda habitualmente num nível bem mais inferior daquele onde começou, configurando assim a segunda possibilidade de término.

A Amizade, tem duas possibilidades. Se for a escrita desta forma, com letra maiúscula, o tempo é um aliado. Com ele, ela vai crescendo e desenvolvendo-se num crescendo lento mas contínuo, podendo durar toda uma vida. Ela tem no entanto um inimigo, que a pode tornar também ela efémera: A distância. Se os dois (ou mais elementos) se afastam, a necessidade da vivência da amizade, faz com que ela também em si, acabe por cair. Caso seja a amizade escrita toda ela com minúsculas, a própria vida (tal como ao amor) encarrega-se de a fazer perder significado, pois existirá sempre um qualquer factor que fará com que ela desvaneça.

A Alegria, tem também ela picos, mas ao contrário do Amor, esta pode ter vários. Surge por um motivo de peso, provoca em nós uma sensação de euforia, mas rapidamente desvanece, pois o motivo em si, também ele acaba por perder significado, o que deixa sem bases o sentimento de Alegria.

Mas, há um que não é efémero, que não é passageiro. Quando ocorre pela primeira vez, ele não passa por nós apenas, muda-se para dentro de nós, de malas feitas e com tudo para ficar até ao fim dos nossos dias: A Tristeza. A tristeza sentida, profunda, quando experimentada uma vez, fica cá dentro e não mais desaparece. E todos os dias, encetamos uma luta muda com ela, para que não permitamos que ela ganhe terreno sobre os outros sentimentos. Mas ela está cá. Ela está sempre cá. E de vez em quando mostra-se. Aparece e convida-nos para um almoço, um jantar, uma noite ou um simples café. E nós, que embora dela não gostemos, nem sempre temos capacidade para lhe resistir, acabando por algumas vezes, aceder ao seu convite letal. Ela não dorme, não se distrai. É paciente e astuta. Conhece-nos como nenhum outro sentimento e sabe o momento certo para nos falar, mesmo que nós próprios dele, não tenhamos conhecimento. E com isto, com esta forma de se relacionar connosco, por vezes conquista-nos acabando nós até, por acabar por nutrir por ela uma certa “simpatia”. Desta forma, ela consegue fazer do tempo um aliado e encontrar na vida a parceira perfeita, pois esta, tem inúmeras situações que lhe permitem brilhar. No meu caso, com a morte do meu amigo, ela instalou-se e com o teu gesto, deixou de habitar apenas aquele quarto escuro, escondido, sem janelas e passou a ocupar não só o quarto principal, como também a sala e a cozinha de mim."

terça-feira, dezembro 12, 2006

30 dias...

30 dias se passaram Mãe...

Parece que já foi à tanto tempo...

Parece que foi ontem!


Beijo.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Vem...

Vem,
Deixa que os meus braços te levem.

Vem,
Não procures destinos nem razões,
Não faças esforço,
Aninha-te no meu colo,
E deixa que os meus braços te levem.

Vem,
Conheço-te há pouco,
Mas sei-te desde sempre.

Vem,
Vou levar-te a um lugar único,
Que reservei só para nós.

Vem,
Esse lugar só tem coisas boas.
Fica numa praia imaginária,
E é marcado por uma pedra,
Bem polida,
Do tamanho necessário,
Para que nela,
Nos sentemos os dois.

Vem,
Dela se avista o mais bonito por do sol,
Que alguma vez viste e verás.
E está sempre assim!
Mandei o tempo parar nesse sítio,
Para que pudesses,
Sempre que queiras,
Vê-lo assim!

Vem,
Esse lugar é só nosso,
E nele poderás sempre encontrar-me,
Sempre que precises,
Sempre que o queiras,
Eu estarei lá,
Para contigo apreciar,
Aquele por do sol.

Vem,
Se quiseres dou-te a mão,
E saímos a caminhar pela praia.
Se preferires dou-te o meu braço,
Para que nele apoies as costas,
E alivies o cansaço da tua jornada.

Vem,
Trás contigo quem quiseres,
Mas, apenas quem o mereça.
O lugar é especial,
Não tragas quem te entristeça.

Vem,
Neste lugar único,
Quero ver-te sempre a sorrir,
Sentir-te leve,
Quase a voar,
Porque lá sentir-te-ás sempre bem,
Lá que é o teu lugar.

Vem.

Vem sempre que queiras,
Vem sempre que precises,
Vem por todos os motivos,
Vem sem razão nenhuma,
Vem porque sim,
Vem porque não,
Mas…
VEM!