terça-feira, março 13, 2007

Para lá de Mim

O que existe para lá do que o meu olhar alcança?
O que existe para lá do que os meus dedos sentem?
O que existe para lá do que o meu olfacto absorve?
O que existe para lá do que o meu gosto saboreia?
O que existe para lá do que os ouvidos captam?
Eu não sei,
Mas…
Sinto falta de o saber…

Será que para lá do que o meu olhar alcança,
Existem pessoas que me esperam?
Me olham através de um qualquer tipo de olho mágico
E no segredo do seu íntimo, esperam pela minha presença?

Será que para lá do que os meus dedos sentem,
Existem milhares de sensações para sentir,
Para sentir na partilha com outros,
Cujas peles têm uma textura única,
Impossível de obter ao toque de qualquer outra coisa?

Será que para lá do que o meu olfacto absorve,
Existem mil e um aromas por experimentar,
Geradores de sensações desconhecidas,
Capazes até de mudar a minha concepção,
Do que é de facto bom e cheira bem?

Será que para lá do que o meu gosto saboreia,
Existe um mundo de outros sabores,
Agradáveis, viciantes,
Maus, repugnantes,
Mas diferentes, capazes até de mudar o meu gostar?

Será que para lá do que os meus ouvidos ouvem,
Existem outros sons, noutros tons noutras frequências,
Capazes de estabelecer um novo conceito
De composição sonora,
Capazes de estabelecer por si,
Um novo conceito de música?

Tudo isto,
Eu não sei,
Mas…
Sinto falta de o saber…

Porque eu não sei o que fica para lá do fim
Das imagens que os meus olhos vêm,

Porque eu não sei o que fica para lá do toque
Que os meus dedos conseguem fazer,

Porque eu não sei o que está para lá do que
Cheiro, saboreio e ouço,

Eu continuo…
Eu prossigo nesta demanda pelo conhecimento,
De tudo aquilo que não sei,
De tudo aquilo que não alcanço,
De tudo aquilo que fica,
Para lá de mim!

E porque nem sempre,
O que não alcançamos está longe,
Eu olho para cada um dos que comigo se cruzam,
Como um universo.
Um universo por explorar,
Com milhares de possibilidades,
Em que tudo pode ser novo,
Em que tudo pode ser gratificante,
Em que à partida,
Tudo pode valer a pena.

Muitos são os que não ficam
Tempo suficiente para que eu os “veja”.

Muitos são os que não querem
Que o seu mundo seja desvendado
E por isso não se abrem,
(ou pelo menos assim o pensam)
Para que eu possa lá entrar,
E vislumbrar o seu interior.

Mas,
Muitos também são aqueles que,
Mesmo sem o seu consentimento explícito,
Através da sua não recusa,
Dentro do seu silêncio,
Com o seu olhar,
Transmitem imagens, sons,
Melodias, sabores e texturas,
Que nunca pensei existirem,
Que nunca pensei receber,
De outro ser humano.

E com isto,
Com a revelação do eu de cada um de nós,
Faz-se a partilha,
Verdadeira dádiva ao próximo,
Daquilo que,
Na sua essência,
É o mais puro que podemos oferecer a alguém:
O nosso maior e melhor,
Sentimento de Amizade.

E por isso…
Eu continuo…
Eu prossigo nesta demanda pelo conhecimento,
De tudo aquilo que não sei,
De tudo aquilo que não alcanço,
De tudo aquilo que fica,
Para lá de mim!

5 comentários:

Raquel Branco (Putty Cat) disse...

O que não conheces enquanto concreto, poderás vir a descobrir enquanto abstracto.

Tenho essa curiosidade.
Até lá, vivamos com a "massa gorda" que nos limita os sentidos.

Anónimo disse...

Brain

Excelente post este.

Para além de mim, está tudo o resto. Aquilo que desejo conhecer, viver e sentir, mas também aquilo que tenho medo de descobrir.

Para além de mim existe o desconhecido, que pode ser bom ou mau. Será que todos estamos preparados para ir além de nós?

Não me parece. Para tal é necessário muita abertura de espirito, muita capacidade de nos colocarmos no lugar dos outros, pensar como eles, sentir como eles, agir como eles. E isto nos tempos que correm cada vez é mais dificil. Ninguém tem tempo, nem paciencia para fazer isso, por muita curiosidade que se possa ter em descobrir o que está para além de nós.

Tu Brain, talvez sim, talvez sejas dos poucos que tens essa capacidade. Mas isso será bom ou mau. Será que essa tua vontade de ir para além de ti te irá fazer feliz, ou pelo contrário te poderá trazer dissabores, desilusão e tristeza.

É um risco. Quem arrisca?

Beijos
TUA

Raquel Branco (Putty Cat) disse...

Existem poucas pessoas com capacidade e sobretudo vontade de se colocar nos sapatos de outrem, de tentar compreender outra pessoa. Não estamos a falar de nenhuma experiência cientifica. Estamos a falar de amor, de amizade na sua forma mais pura.

Ainda existem pessoas que se interessam. Poucas. E tu, és uma delas.

Se é um risco? talvez. Podemos ficar com algumas nódoas negras. Mas eu tenho orgulho em ter-te como grande amigo, Brain. E isso para ti, sei que é o bastante para te fazer sorrir e mais do que isso, de me fazeres sorrir quando o que eu quero é chorar.

A ti, um beijo orgulhoso do tamanho da nossa amizade.

Brain disse...

My Dear Wife:
Excelente comentário este teu. O que eu considero um "verdadeiro comentário". Na sua forma e essência .

Quanto ao conteúdo do teu comentário, eu digo-te que de facto, de facto é um risco, sinto isso quase todos os dias, mas em simultâneo, penso sempre também que vale a pena o risco e no limite... não ganhei uma nova amizade, mas aprendi sempre algo. Por isso... Eu Arrisco!

Beijo!

Putty:
Tens toda a razão. De facto, existem poucas pessoas que se interessem pelos outros. Porque vivemos numa sociedade egoísta que nos faz assim. Mas eu penso que não nos devemos escudar na sociedade, porque a sociedade somos todos nós. O que eu penso, é que devemos, cada um de nós, que disto tem consciência, não com isto se auto-justificar, MAS, fazer a diferença.

E conforme tu bem dizes, um sorriso é "recompensa" bastante para o esforço e entrega que possamos desenvolver por outro alguém.
Por isso, enquanto houver a capacidade de sorrir... eu lá estarei!
Pois como dizia uma dedicatória antiga que "no meu tempo" se utilizava muito:

Sorri!
Sorri, mesmo que o teu sorriso seja triste,
Porque mais triste,
Que o teu sorriso triste,
É a tristeza,
De não poder sorrir!


Beijo.

Anónimo disse...

Fala-se em nós nos colocarmos na situação de outra pessoa, de a sabermos compreender... É tudo muito bonito, mas Será que todos nós saberemos o que está para além de nós?!será k estamos preparados para "DAR" o k está no "para lá de mim!?
como o Brain disse e concordo plenamente "Porque vivemos numa sociedade egoísta que nos faz assim..." Infelizmente acho k muito pouca gente saberá o k está para lá de nós, precisamente porque vivemos numa sociedade de egoístas e com alguma hipocrisia!Gente que só vê no sentido "em frente" e não consegue alargar os seus horizontes...daí a dúvida, Será algum dia chegaremos a ter essa resposta?!!
Sininho.