quinta-feira, agosto 30, 2007

Quero VIDA!


Quero Viver a minha vida!
Recuso-me a ser espectador de mim próprio!
Nela, eu sou escritor, argumentista, realizador e actor!

Mas não a quero de qualquer forma…

Quero uma vida com sentimentos e sentidos!
Quero uma vida sem marcações,
Quero uma vida com emoções,
Assim: de repente, de surpresa, de surdina e até de soslaio.

Não quero sentimentos mornos,
Quero emoções fortes!
Quero um Amor quente,
Assim: sentido, incontido, impreciso e por vezes até indevido.

Quero o arrepio no olhar,
Quero o calor no toque,
O apressar do respirar,
A surpresa no ocorrer,
O fazer acontecer,

A ânsia na espera,
A pressa no chegar,
A expectativa no começar,
O saborear devagar,
Viver como uma quimera,
Onde tudo é possível e se espera,
Sabendo sempre conseguir alcançar.

Quero mais que a conta,
Quero-me a transbordar,
Quero sempre poder falar,
Dos gritos sussurrados,
Dos corpos suados,
Dos sentimentos extremados,
Do brilho no olhar,
Do entusiasmo de gritar,
Como quem fala a declamar.

Estás a ouvir VIDA?

Não te adianta tentares alterar este meu querer,
Pois tudo sempre eu vou fazer,
Para que tudo o que quero venha a acontecer,
E será sempre assim… até morrer.

Porque eu quero certezas para mim,
Eu quero saber que tudo tentei e fiz.
Não quero arrependimentos ou incertezas pela inacção,
Quero viver Tudo, Sempre, Assim: com Paixão!

Porque em tudo coloco, o Todo de mim,
Em tudo o que faço, quero e sou assim,
E por vezes, nem interessam os porquês,
Ignoro-os propositadamente ao invés.

Pois nada é mais forte que a veia com batida,
Nada me faz sentir Maior nem com mais Vida,
Que o pulsar forte do coração,
Por saber que tenho o controle na minha mão,
E que para mim serás sempre assim: VIVIDA!

terça-feira, agosto 28, 2007

Rescaldo


No rescaldo de ti,
Das linhas do teu corpo,
Dos braços do teu abraço,
Das tuas mãos nas minhas,
Dos dedos entrelaçados,
O carinho.

No rescaldo de ti,
Da dádiva do teu beijo,
Do desejo da tua boca,
Da dança das línguas,
Do deleite dos lábios,
O teu sabor.

No rescaldo de ti,
Do despique dos corpos,
Do sentir da pele na pele,
Dos braços, das pernas, dos troncos,
Do orvalho dos dois,
O teu cheiro.

No rescaldo de ti,
Das palavras em surdina,
Dos sussurros libertados,
Dos gemidos incontidos,
Dos sentires consentidos,
O sorriso.

No rescaldo de ti,
Dos teus olhos nos meus,
Dos teus olhos fechados,
Das tuas mãos em mim,
Dos teus afagos,
Dos suspiros,
Das almas,
O Amor.

No rescaldo de ti,
O tudo...
...de Nós!

quarta-feira, agosto 01, 2007

Férias...

O tempo de férias está aí, e eu não sou diferente dos restantes e necessito igualmente delas.
Por isso, não vou (até mesmo porque não quero) resistir ao apelo do calor, do sol e principalmente do mar!

Assim, irei ausentar-me desta luz cintilante que caracteriza o monitor do computador, e por consequência das ondas da net, até aproximadamente final do mês de Agosto.

Para vós, todos os que me honram com a vossa visita, deixo-vos as palavras de alguém, que não sendo já um desconhecido neste espaço, me delicia com os seus escritos.
Para vós, deixo-vos estas palavras tão CHEIAS de José Luis Peixoto.

(leiam até ao fim, porque... vale mesmo a pena!)

Palavra Amor

Às vezes, penso que é impossível que entendas completamente aquilo que sinto.
A culpa não é tua. Não existe culpa. As palavras que tenho são muito insuficientes, são muito imperfeitas.

E se, num momento, vejo a minha mão deslizar sobre a pele do teu rosto, ou sobre a pele do teu pescoço, ou sobre a pele da tua voz olhar presença, sou atingido por um raio e tenho de dizer palavras, tenho de tentar dizer-te aquilo que sinto.

Esses são os momentos em que digo a palavra amor. Palavra insuficiente e imperfeita que não sei o que te diz.

Esses são os momentos em que sinto que qualquer coisa grande como o mundo me atravessa; a primavera inteira atravessa-me; as vozes e os sorrisos de todas as crianças atravessam-me; a lua, nós conhecemos a lua, a sua luz tão lenta no céu da noite, e a noite iluminada por luz, luz estendida sobre o rio onde se estende o nosso olhar imenso, cheio qualquer coisa grande como o mundo, a lua, a noite e a luz atravessam-me.

E digo a palavra amor como se dissesse tudo isto. E, quando me dizes a palavra amor, acredito que partilhamos palavras. E podemos dizer essa palavra dentro de um beijo. Os nossos lábios juntos a fazerem os mesmos movimentos, a fazerem as formas dessa palavra: a m o r. Juntos.

E há outra palavra que não sabemos como dizer: felicidade. Dizemos felicidade e, dentro do instante dessa palavra, sentimos alguma coisa que chamamos por esse nome. É também grande como o mundo.

Quando estamos juntos, de mãos dadas, quando nos abraçamos e os nossos corpos se tocam mais do que se estivessem apenas a tocar-se, quando as nossas vozes são a mesma, quando as nossas palavras, sentimos muitas coisas grandes como o mundo. O mundo é tantas vezes infinito.

No entanto, quando estou sozinho por um momento, quando o teu rosto é apenas tocado pela minha memória, penso que é impossível que entendas completamente aquilo que sinto.

A culpa não é minha. Não existe culpa. Daquilo que sinto, dessas palavras, amor, felicidade, sei apenas que são grandes como o mundo quando o mundo é infinito. Posso estar na rua, posso estar no meu quarto, posso ter acabado de acordar e o meu corpo fica rodeado pelas folhas do Outono que o vento agita, fica rodeado de pássaros e a claridade é a pureza singela, como os teus olhos, como os teus lábios, como os teus dedos, como a tua pele. É tão grande. Tão grande.

E é por isso que penso que é impossível que entendas, mas depois penso que nós, a palavra amor, isto, tão grande, nós somos feitos de tantas coisas impossíveis, tantas coisas de que duvidamos, tantas coisas que verdadeiramente acreditámos impossíveis, com todas as certezas, com todas as dúvidas. Nós somos impossíveis e, no entanto, no entanto, no entanto, estamos aqui, dizemos essa palavra impossível, amor, e vemos significados na voz, na pele, no olhar e dentro de nós.

Tu sabes que existe o medo. Gostava de poder dizer-te para não teres medo, mas eu também sei que existe o medo. Na vertigem, de repente, esse momento. Penso que é impossível. E é quando gostava que me desses a mão.

Tu sabes que é assim. Existe tudo dentro dessa palavra, amor, essa palavra que dizemos e que nos soterra. Estamos debaixo dela como se estivéssemos debaixo de montanhas, como se existíssemos no centro do céu sem nuvens. E imaginamos que todos podem ver-nos, e imaginamos que ninguém nos vê. Possível e impossível.

Quando digo amor, apenas esta palavra, amor, gostava de dizer-te que por trás do meu rosto estão todos os gestos que poderão amparar-te quando precisares, todos precisamos de gestos e de palavras às vezes, eu tenho e terei esses gestos e essas palavras para ti; gostava de dizer-te que o sangue começou já a correr pelas ruas do futuro, e o sangue tem essa pureza singela da claridade, gostava de falar-te do mar, mas tu sabes mais do que eu sobre o mar, um infinito de coisas simples; gostava de dizer-te que por trás do meu rosto existe de novo o meu rosto e existe o teu rosto e existe a esperança, a rua da esperança. Estamos aqui. Juntos.

Posso estar na rua, posso estar no meu quarto, e sei, sinto que estamos de mãos dadas, abraçamo-nos e os nossos corpos tocam-se mais do que se estivessem apenas a tocar-se, as nossas vozes são a mesma. É tão grande. Tão grande. Possível e impossível.

E poderia continuar a dizer palavras, tudo, mundo, sempre, e todas essas palavras seriam insuficientes e tão imperfeitas.

A culpa não é tua, não é minha. Não existe culpa. Existe o contrário da culpa, qualquer coisa boa e absoluta.

Estendo a minha mão dentro dessa névoa luminosa. Sinto essa claridade na minha pele. Sou atingido por um raio e sei que poderia continuar a dizer palavras, mas agora olho-te nos olhos, atravesso-os e sou atravessado por eles, o teu rosto está à distância da minha respiração, os teus dedos e os meus dedos, a nossa pele, e sei que poderia continuar a dizer palavras, mas agora olho-te nos olhos e basta-me a verdade desta palavra, amor, e basta-me a verdade do teu nome.

(José Luís Peixoto)


Até à minha volta…