segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Saudades


Tenho saudades de tudo,
O que poderemos viver no futuro.

A vontade do passado,
Não me larga o peito,
Que bate por ti,
Irradiando para a pele,
A sensação de ainda te ter nos meus braços,
Respirando o meu calor,
Sentindo o teu odor,
O pulsar do teu corpo,
E querendo-te cada vez mais.

Na suavidade da eternização do momento,
Sinto-te em mim,
Como o expoente máximo,
Do desejo de futuro.

E relembrando o passado,
Cresce em mim,
A cada compasso do tempo,
Com a força da batida da onda,
Com a impetuosidade do vento,
Com a vontade de um grito,

A saudade de tudo,
O que poderemos viver no futuro.

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Vem


Vem,
Entra em mim com tudo de ti,
Não peças licença que já és da casa,

Vem,
Trás tudo o que tiveres de ti,
Tenho muitos espaços vazios para poderes ocupar,

Vem,
Deixa lá fora o que não quiseres,
Faz de mim o refúgio do teu existir,

Vem,
Que há muito te espero,
E tu já tardas,
Tanto...

VEM!

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

Palavras


Com as cores das palavras,
Que rasgando ecos,
Atiras contra o meu peito,
Pinto as paredes do meu ser,
Que embora sendo estreito,
Insiste em todas acolher.

E com uma força capaz,
De arrancar pedras tumulares,
Absorvo-as de forma voraz,
Antes mesmo de te escapares,
Para mais tarde sem sequer as ouvires,
Teres a audácia e a vontade,
De na sua integral totalidade,
Simplesmente mas repetires.

E é de peito aberto,
Que recebo esse jorro,
De palavras que sussurrando me gritas,
Tão junto a mim, tão de perto,
Que só de as ouvir sinto que morro,
Deixando as próprias paredes aflitas.

Paredes de múltiplas cores,
Paredes de múltiplos tons,
Paredes não uniformes, disformes,
Paredes de mim e de ti,
Paredes cujo início nunca conheci,
Paredes cujo fim, nunca antevi.

E tu pintas e repintas,
Essas paredes que existem de mim,
E tu passas e repassas,
As palavras com as cores de ti,
E por entre graças e desgraças,
Vais deixando manchas tuas,
Por vezes feitas apenas de mãos nuas,
Umas aqui. Outras ali.

Um dia se calhar fecho o peito,
E não mais deixo as cores entrar.

Um dia se calhar intento o feito,
De com uma única cor as paredes pintar.

Um dia será o branco ou o preto,
A cor que irá ficar.

O Vermelho sangue, ou o Azul céu,
A que acabará por dominar.

Mas enquanto esse dia chega e não chega,
Enquanto esse dia se demora no vagar,

Eu vou ficando a receber,
De peito aberto todas as cores,

Que com as tuas palavras queiras pintar,
Todas as paredes deste meu ser,
Que por ti...
Em acto eterno e continuo,
Parece não se cansar,
De querer ficar a esperar!