quinta-feira, junho 05, 2008

Queria o Teu Silêncio


Queria o teu silêncio.

Queria sabê-lo.
Queria saber o sabor que ele tem para ti.
Queria saber de que cores ele se (te) reveste.
Queria saber que pensares ele te gera,
De como ele te despe,
De como ele te prende,
De como ele te engole.
Queria.

Saber por onde ele te leva na noite,
Por que sentires ele se passeia,
Quais os sentires que te nega,
Em que parte de ti ele te encerra.

Saberás do que ele te priva?
Saberás do que ele te afasta?
Saberás o que te trás, o que te dá?

Saberás que ele tem essa capacidade infinita de crescer?
Crescer, cresCER, CRESCER SEMPRE?
Até te absorver todas as palavras,
Encher todos os teus poros,
Privar-te de todos os sentidos,
Não deixando lugar para nada mais,
Que não apenas esse grande,
Absoluto e Imensurável,
S.I.L.Ê.N.C.I.O ?
Gostava que o soubesses.

Queria sabê-lo.

Queria saber da tua imagem,
Que vês reflectida no espelho,
Enquanto envolta no teu silêncio,
Vagueias alheada do mundo,
Com ele, apenas com ele,
Esse que te rouba de mim,
Que detém o controle sobre o teu ser,
Que não te deixa ver para alem de ti,
Que não te deixa ver-me a mim...

Queria saber do teu silêncio.
Da tua questão em mantê-lo,
Do teu querer alimentá-lo,
Do teu tudo fazeres para desenvolvê-lo,
Fazê-lo crescer,
E fazeres essa TÃO grande questão,
De o manteres,
Só para Ti.

Queria o teu silêncio.

Queira que ele me rasgasse o peito,
Como o fazem as tuas ausências.

Queria que me deixasse só,
Como o fazem as tuas ausências.

Queria que me calasse as palavras e os sentidos,
Como o fazem as tuas ausências.

Queria que ele me implodisse sobre mim,
Como em todos os dias,
Que lentamente vou morrendo no meu interior,
Pela força das tuas ausências.

Queira que me incluísses nele,
Que me afundasses em ti junto com ele,
Com o ecoar do vazio
Nas profundezas do teu corpo,
E me deixasses...
Simplesmente me permitisses...

Limpar-te dele,
Enchendo-te de palavras,
Enchendo-te de cheiros, sabores e saberes,
Enchendo-te de mim e desse tanto de Ti,
Que atiras borda fora,
Quando permites,
Que o silêncio te tome.

Queria saber do teu silêncio.
Mas tu simplesmente não me deixas.
E assim desenvolvo em mim o meu.

Eu,
Que queria tanto o teu silêncio,
Apenas porque,
Te quero assim tanto...
...a Ti!

20 comentários:

Raquel Branco (Putty Cat) disse...

Quando não há nada a dizer
Quando as palavras encravam na garganta
Quando as lágrimas não se soltam
Quando o grito se contém
Quando a vontade de fugir é adiada
Quando o espelho nos devolve apenas a solidão de um rosto
Quando tudo parece desencontrado
Quando o chão nos apela o olhar
E o céu se esquece de nós
Quando tudo parece estar perdido
Ou tudo está por descobrir
Ou tudo está ainda por viver.
Quando o silêncio nos devolve apenas…mais silêncio.


Quando as imagens nos retratam sem legendas


Quando te encontras contigo próprio
Quando consomes os teus demónios
E quando os anjos merecem morrer


É apenas isto.
Apenas isto.


Embrenho-me.

Trapezista disse...

Silêncio... que me envolve num tempo sem tempo, que te traz até mim no dorso do vento, no cheiro das memórias, no toque dos (meus)sentires...
Silêncio... onde sempre te encontro... onde sempre te perco...

Beijo meu

Anónimo disse...

Silêncio...
Como concha fechada,fico...
Na tentativa de sair,disperso...
Só e surda no revolto som de um "mar imenso".
Sonoridade nos vossos dizeres,um sair para depois recolher.
O silêncio é muitas vezes o caminho para um mundo introvertido.
E quando abafamos em nós, o nosso EU...então quebrá-lo seria prioritário!

bj

Walter disse...

Há silêncios de arestas cortantes...silêncios que são ausências e silêncios que sufocam...todos estes são silêncios de quem ama. Brain...não sei que magia é essa que tanto envolve quem te lê, mas com este poema senti-me um pc como a tua imagem, como se tu pudesses puxar todos os meus fios das emoções
Um abraço enorme

Walter

Ai e Tal... disse...

Mas que bela foto!!! :O

***MUAH*** bom fim de semana

Amor amor disse...

Que surpresa encontrar o som de 30 seconds to mars por aqui. Não sabia que vc gostava! Eu gosto demais!!!
Quanto ao teu poema, eu me identifiquei muito com ele: sentir-se excluida dos segredos de quem amamos é uma forma de nos afastar friamente. Já fizeram isso comigo, e, por coincidência, escutava "The Kill" todos os dias, porque eram as palavras que eu gostaria de gritar, mas já não tinha mais forças. O silêncio tomou conta de mim também...

Beijos doces cristalizados!!! :o*

Miriam disse...

A silêncios que
gritam por socorro...

Lindo...simplesmente lindo...

Bjuss de carinho

Unknown disse...

Neste momento tb queria saber do silêncio de alguém...
um abraço...
brisa de palavras

Farinho disse...

Fiquei sem palavras, esse querer é tão grande, será que a pessoa em questão sabe?...



Tenta dizer-lhe... ( não sei se já o fizes-te?


Beijocas

Maria disse...

Gostei deste teu silêncio!

Voltarei :-)

Bjinhos

Um Momento disse...

Silêncios...
Tantos...
sentidos...
escondidos...
Mordaça da alma...
Despedaça o coração...
Quando em silêncio não há a partilha , o brilho do olhar que nos alimenta a emoção ...

Belo Brain, intenso!

Grata Brain, por todas estas partilhas ao longo dos tempos!

Um beijo deveras agradecido sopro ao teu lindo coração cheinho de orgulho e vaidade de um dia me teres permitido chegar a ti e até mim tu também haveres chegado!

Abraço muito terno e com muito carinho!

Bem hajas!

(*)

Patrícia Mota disse...

Há pessoas que se embrulham em silencios, em mentiras caladas. Há pessoas que não aprederam a dizer aquelas palavras dificeis. Há silencios que nos matam. Mais do que duras palavras.

Nos que somos feitos de palavras, não sabemos lidar muito bem com o silencio [falo por mim].

Mas as vezes, só as vezes, há que saber virar para dentro e, fazer silencio. É lá que estamos. E as vezes como por magia é nesse silencio conjunto, onde as almas se encontram, e ficam por lá.

Que saibas gritar o teu amor
Que saibas calar, por um momento só, o teu corpo

Beijinhos

Azul disse...

Dear Brain,

Sei o que é “esse” silêncio.
Porque,
Tenho imensos momentos de silêncios MEUS.
E, também eu… por vezes, queria o silêncio de outro.

Os silêncios são importantes quando em conta, peso e medida.
Em excesso, tenho para mim, que acabam por fazer mais mal do que bem.
E podem, muitas vezes, magoar as pessoas de quem mais gostamos, as pessoas que nos são mais próximas, as que mais gostam de nós apenas porque mudamos as nossas atitudes - caímos em silêncio - sem explicar o porquê. E, para quem está “do outro lado”… fica a incerteza, a inquietude do que possa ser, quais as causas, os motivos que nos afastam - dos outros e até de nós próprios. Como se entrássemos numa outra dimensão que nos toma, nos absorve e de onde nem sempre conseguimos ou queremos sair. De onde nem todos nos sabem tirar.

E… quando o silêncio de um, leva ao silêncio do outro… Pelo meio, fica o vazio, a dor no peito, o pesar na alma e… uma invasão de perguntas sem respostas.

Mas o pior dos silêncios creio, que nem Não é o “meu”, não é o “teu”…
É o que se instala entre os dois e nenhum “ousa” quebrá-lo… quem sabe à espera que o outro o faça… E esse, é muitas vezes o mais difícil de ultrapassar…

Um beijo Meu
Azul

Twlwyth disse...

O silêncio desapropria-nos dos sentidos dos sentires.

O silêncio contagia a dúvida sombria das incertezas.

O silêncio é, às vezes, apenas uma travessia, outras uma secreta moradia.

Beijo

Helena disse...

Ás vezes o silêncio é o melhor que podemos receber...

Beijinho*

Anónimo disse...

Ás vezes é bom deixá-lo gritar, o silêncio, esse grito que se acumula dentro de nós e nos tira a vós!
Foi bom aqui chegar!

Kiss

Teetee

BF disse...

Eu por aqui ouvi gritos e não silêncios. Gritos de dor da ausência...

Beijos
BF

Claudia disse...

Porque pouca coisa diz tanto como o silêncio...

Beijo meu para ti

Estranha pessoa esta disse...

Esta imagem..
Estas linhas..
Esta música
...


Bjs

Martim disse...

lindo...a vida é feita de silencios, o que é a vida se dissesse-mos tudo o que ha a dzer???