sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Tu e o meu bolo de chocolate


Quero começar por te dizer que não gosto de bolo de chocolate. É daquelas coisas que pelo excesso me causam arrepios. Não me convencem. E para mim, um verdadeiro bolo de chocolate, tem de pecar em muito pelo excesso. Pelo absurdo até! Ou então, não será merecedor dessa designação.

O bolo de chocolate, tem de encher, preencher, transbordar todas as medidas.
Tem de ser provocador ao olhar.
Tem de despertar todos os nossos sentidos e (até) a nossa libido, pelo desejo (selvagem) de simplesmente: o DE-VO-RAR. De uma só dentada. De uma só vez. Por inteiro. Sem ses nem porquês.

E depois… demorá-lo na boca.
Acariciá-lo com a língua num bailado de puro deleite. Sentir-lhe todos aromas, todos os pequenos pormenores, todos os seus compostos até a partícula mais ínfima do adoçante que o compõe.

E no final: fechar-nos os olhos e rasgar-nos um enorme e descomprometido sorriso nos lábios!

Eu não gosto de bolo de chocolate.

Amo-te!

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Porta


Cheguei e já não estavas.
Faz tempo, muito tempo, que te foste embora durante a minha ausência.

Até hoje, não sei por que porta saíste.
Fechaste-as todas.

E eu,
Não o sabendo,
Não sei por onde te arrancar de mim.

terça-feira, fevereiro 09, 2010

minha palavra Saudade


Gostava de te conseguir mostrar,
A real dimensão da minha palavra saudade.

O tempo que ela encerra
para lá do que leva a proferir as suas três sílabas
mesmo que em todas elas se espacem pausas.

Os sentires que ela contém
muito além das suas sete letras
por entre todos os espaços que nelas se aninham.

Gostava de te conseguir mostrar,
A real dimensão da minha palavra saudade.

O quanto do encher do peito, só por te pensar,
O quanto do calor do arrepio, só por (não) te saber,
O quanto da dor do silêncio, pela tua não presença…

O teu prato (sempre) vazio e inerte na mesa,
Os grãos de pó que não se levantam por ti,
O soalho que não range pela força da tua passagem.

Gostava de te conseguir mostrar,
A real dimensão da minha palavra saudade.

Este acelerar
nesta calmaria doente,

Este estagnar
nesta correria demente,

Esta alegria
nesta tristeza premente,

Este simples q u e r e r
do teu sorriso…
…à minha frente.

Gostava de te conseguir mostrar,
A real dimensão da minha palavra saudade.

Mas não consigo.

terça-feira, fevereiro 02, 2010

Retorceste o momento


Retorceste o momento
Enrolando-o nos dedos
Girando-os em movimentos circulares
Como se a circularidade concêntrica do gesto,
Fosse capaz de reter no seu centro (que eras tu)
A magnitude do tempo. Dos segundos infinitos, em que fora de ti
todos os momentos ocorriam e tudo te pertencia,
mesmo que de ti, fosse coisa nenhuma.

Retorceste o momento
Enrolando-o nos dedos,
prendeste-o em ti e encurralaste-o no tempo.
Não para que o tempo parasse, mas para que o seu avanço
não desfizesse a magia do sentir.
Não o escreveste nas páginas, porque o querias só teu,
e as páginas são efémeras, mas o sentimento não.

Retorceste o momento e escreveste-o em ti,
Mas foi em mim que o selaste, com o lacre quente de um sorriso.