quinta-feira, maio 23, 2013

Palavras de ausência

Há palavras.
Várias palavras.
As palavras que nos dissemos
e aquelas que não fizemos nossas em boca
por tanto as sentirmos.

Há palavras.
Muitas palavras, tuas, espalhadas pela casa.
E há o meu nome,
proferido em duas pela tua boca
que não mais irei ouvir.

Há palavras.
Todas as palavras.
E há todo este silêncio, a escorrer pelas paredes
na direcção da tua imagem, emoldurada.



(no dia do meu aniversário, as minhas palavras para ti mãe)

quinta-feira, janeiro 24, 2013

Pai


Diz-me outra vez.
Diz-me onde fica o início de todas as coisas.

Diz-me onde começa o sorriso e como nasce uma flor.
Diz-me onde começa um abraço e como nasce uma cor.
Diz-me onde começa o amor e como nasce uma canção.

Diz-me pai.
Diz-me onde começa a voz e como nascem as palavras.
Diz-me onde começa um olhar e como nascem as certezas.
Diz-me onde começa a ausência e como nascem as tristezas.

Diz-me pai.
Diz-me onde eu começo e tu acabas.
Diz-me onde o meu nome é mais, senão
no momento em que nasce o teu.
Diz-me onde és apenas tu, e não um todo eu.

Diz-me pai.
Diz-me outra vez.
Que eu quero de novo ser menino,
- em casa e outra vez pequenino -
aconchegado nos braços do meu herói.