sábado, abril 16, 2016

TEU NOME

Olho-te, e de ti nada sei.
Quem és. O teu nome. Os caminhos até aqui.
É melhor assim (penso). Passos anónimos. Página em branco.

Não digas nada.
Trarias dores. Cicatrizes. Mágoas a escorrer pelas paredes. Rostos emoldurados.
Palavras Cruas. Invernos e outras ausências.
Falarias de outros nomes em corpos que desconheço.
Braços em força, talvez. Ou sorrisos em ferida. Escuros.

Não me digas nada. Quero-te assim:
Vislumbre de primeiro olhar. Em infância. Corpo anónimo. Em segredo.

Se quiseres, conta-me mentiras enquanto te aconchegas nas minhas palavras.
Nelas tudo é real. Podes concretizar-te. Em desejos. Vontades. Em futuro.
No que não foste. No que queres ser. Noutra vida ou até mesmo na tua. Não sei.
Do teu passado apenas os teus olhos. Profundos. E as tuas mãos. Trémulas.
Que não falam. Dizem de ti. Noites.

Não. Não me digas nada. Deixa ficar assim.
Sem mordaças nem palavras impossíveis. Sem enganos. Sem tabus.
Deixa que o nós aconteça. Que os teus lábios falem os meus. Apenas.

Não quero o engano do teu nome. Em esquecimento.
Já basta o (frio) destino. Que nunca se esquece.
E nunca se engana no nosso nome.

Sem comentários: