sábado, junho 11, 2016

QUASE

Olho-te no soslaio de uma certeza de quase te ter tido em completo, apenas para mim.
Na incerteza de um acidente que quase não aconteceu, ficou a certeza do choque que as tuas mãos provocaram no meu corpo.

Para mim, serás a eterna dúvida que o teu odor me dá. Como uma certeza.

Nas noites em que juntos quase dormimos, elevamo-nos a um estádio maior, nos lugares onde as mãos aconteceram. E na emoção das memórias quase diariamente revividas, surges como o todo de um sentir que, quase foi nosso.

E o mundo, que quase se vergou a nós e à explosão do que fomos, quase ficou deserto no grito que se soltou, quando tu te despediste de mim.

Eu, que quase morri no momento em que me apercebi que tu apenas quase ficaste, abandonei-me em prostração ao desvario dos meus pensamentos, em todos os momentos que, no mais fundo da tua ausência, quase te conseguia sentir.

E quase consegui ficar no mesmo lugar.
Mas a ausência dos teus sítios em mim, deixaram-me vazio ao ponto de quase não conseguir respirar o ar, daquele lugar que quase foi nosso.

E quase consegui continuar a fazer as mesmas coisas.
Mas os teus gestos impregnados em mim, quase me transmitiam a tua omnipresença, não me permitindo avançar.

E… quase consegui continuar a ser eu.
Mas eu quase não existia sem ti. Sem o calor do teu olhar. Sem o toque da tua pele. Sem o som do teu sorrir.

E foi então que me apercebi. Apercebi-me que não fazia sentido continuar apenas a quase viver.
Tu tinhas fugido para longe de mim. Levaras o teu corpo. O teu odor. O teu olhar. As tuas palavras. Todos os meus sentires e quase a minha sanidade, em todos os momentos que pensava:
… quase fomos “nós”!

E agora, que apenas em pensamentos existo, quase vivo em ti. Dentro de ti. Por ter sido esse o lugar onde me guardaste, quando soubeste que eu partira. Eu. Por não ter sabido viver. Sabendo que apenas quase te tinha tido!

E ironicamente, com isso, agora posso dizer que, finalmente:
… quase somos “nós”!

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