Como uma carícia num manto de relva fofa, procurei as tuas mãos em pontas de dedos. Um ritual macio. Mecânico. Como hábito adquirido ao longo dos anos. Por vezes, era o bastante para que todos os sons se aquietassem. Havia apenas, aquele (pequeno) toque de pele. Sorrias. Por vezes olhavas-me. Outras, apenas inspiravas um pouco mais fundo. E eu sabia-te. Em comunicação muda. Em pele. E éramos brisa. Em tempo grande.
Depois vieram os pés. Sob os lençóis. Novo toque de pele. Pequeno. No silêncio. E éramos calor. Em tempo grande. Que pedia os braços. Que nos deixava em saber. Do outro. Mesmo na penumbra. Em escuro. E odores.
E entre nós as palavras. Sempre as palavras. As ditas. Em muitas horas. As que ficam por dizer - mas nunca por saber. E todas aquelas que não sendo nossas, nos dizem.
Somos matéria intemporal. Pele em doses pequenas. Em saberes. Em tempo grande.
Monólogos a dois. Em intimidade maior.
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