quarta-feira, dezembro 19, 2007

Curtas (12) – A Mensagem

E numa fracção de segundo, um arrepio quente, inebriando nos sentidos um odor de ti.
E logo a seguir, aquela sensação de um crescer por dentro, de um quase não caber no peito, com um bater ritmado forte, montado pela ânsia que assim nele galopava.
Tu… estavas por ali!

E nas mãos, o formigueiro que bamboleava os meus dedos, numa pressa espelhada nos olhos, que freneticamente rebuscavam todos os recantos à tua procura.
Tu estavas na sala, eu sabia-o, não te encontrava, mas sabia-o.

Eu não te via, mas o meu corpo dizia-me que estavas presente.

A multidão que enchia aquela pequena sala, era um excessivo excesso num pequeno tanto.

Foi então que as minhas pernas, decidiram calcorrear todos os possíveis metros daquele espaço, em busca de ti. Procurava-te em todos os espaços, cantos e recantos, portas e bares. Mas não te encontrava.

Eu não te via, mas o meu corpo dizia-me que estavas presente.

Subi até um ponto alto, e com o olhar perscrutei a sala em busca da imagem de ti. Mas os jogos de luzes, a escuridão e até a própria batida da música, não me deixavam concentrar e não te consegui encontrar.

Mas tu estavas ali, eu não te via, mas o meu corpo dizia-me que estavas presente.

O passar do tempo provocava em mim um calor, um sobreaquecimento que não conseguia controlar.
E era o desejo por ti a dominar-me, a tomar conta de mim, quase até à irracionalidade.

O tempo passou…
E eu não te encontrava.

Comecei a arrefecer,
O bater acalmou,
O teu odor perdeu-se.

Talvez não tenha passado de um querer de ti feito.
Talvez estivesse enganado e o odor, fora o que eu teria querido sentir, ou de outro alguém que não tu.
Talvez…
Talvez não fosses tu.

As horas avançaram noite dentro, com o mesmo ritmo de sempre, segundo após segundo, minuto após minuto, hora após hora.

Fui-me embora sem te ver.
Fui-me embora sem ter estado contigo.
Fui-me embora, mas “estranhamente” sentindo-te em mim.

Ontem foi assim.

Hoje quando acordei, tinha uma mensagem tua no telemóvel, esquecido no móvel da entrada:
“Olá, vou estar logo no bar. Se puderes aparece!”

A mensagem, via-a hoje.
A mensagem, era de ontem à tarde.

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Como?


Como dizer-te,
Deste sentimento que me inundou,
Desta sombra permanente em mim,
Deste escuro em que permaneço,
Que me toma os pensamentos,
Os sentimentos e as noites.

Como dizer-te,
Fazer-te compreender o tanto que de mim levas,
Fazer-te compreender o tanto que para mim és,
E que a tua indiferença,
Fere mais que as agressões de outros.

Como dizer-te,
Mostrar-te que o mundo era outro antes de ti,
Mostrar-te que a razão ganhou outros argumentos,
E que o sentido das coisas,
É agora outro, e fica perdido sem ti.

Como dizer-te,
Fazer-te sentir que eu,
Eu não quero saber de porquês ou explicações,
Quero é saber-te aí para mim,
Quero é saber-te aí por mim,
Quero é saber que também tu,
Me queres a mim,
Desta mesma forma, assim.

Como dizer-te,
Que por vezes o silêncio magoa mais que as palavras,
Que por vezes as palavras se tornam banais,
Que tudo faz sentido até ao limite de nós,
E que a partir daí,
Já nada importa.

Como dizer-te,
Que os jogos me cansam e me desgastam,
Que a incerteza de cada dia me rasga,
Que o que eu quero é simplesmente,
Poder ser eu para ti, e tu para mim,
De forma simples, clara e límpida,
Sem deveres nem obrigações,
Sem culpas nem desculpas,
Apenas pelo Real prazer de o sermos.

Como dizer-te,
Que saber-te bem é tudo,
Que saber-te por mim é tanto,
Que não saber-te...
É vazio.

Como dizer-te?
Como mostrar-te?

Como fazer-te...
... S e n t i r ?

domingo, dezembro 02, 2007

Livro - Datas Lançamento


É com enorme satisfação que informo que ambas as datas para o lançamento do meu livro, quer no Porto, quer em Lisboa, estão já devidamente marcadas e confirmadas.

Lisboa:
Dia 15 de Dezembro de 2007 (Sábado) no "Santiago Alquimista" (situado na Rua de Santiago nº19 1100-493 Lisboa), pelas 22h30m.

Porto:
Dia 21 de Dezembro de 2007 (Sexta Feira) no bar Real Feytoria (situado na Rua Infante D. Henrique 20) na Ribeira do Porto, pelas 22h30m.

A todos quantos puderem estar presentes, será com todo o prazer que lá estarei para os receber.

A todos quantos gostariam de estar presentes mas que não têm possibilidade de o fazer, a minha sincera compreensão.

A todos ainda, o meu beijo e/ou abraço, conforme o caso.

quarta-feira, novembro 28, 2007

Livro

Já todos conhecem a trilogia “Plantar uma árvore, ter um filho, escrever um livro”.

Pois bem, a árvore, plantei-a no ciclo preparatório e deve residir num qualquer monte deste nosso pais (se entretanto não tiver já ardido) pelo que considero este marco atingido;

O filho, acabei agora de ter a segunda, pelo que já “pequei por excesso” neste ponto;

Quanto ao livro…

Como vocês sabem sempre tive o gosto pela escrita. E neste contexto, fui desafiado pela minha esposa no ano passado a escrever um livro para entrar num concurso de jovens autores. Nesse ano por motivos diversos não o terminei, o que me impossibilitou de entrar no dito concurso, mas no início deste ano ficou concluído.

E se fui “maluco” o suficiente para aceitar este desafio e posteriormente o enviar para editoras, houve alguém tão ou mais maluco da parte de uma editora, que após ler o manuscrito, decidiu apostar nele e prontificou-se a publicá-lo.

Ao contrário do que vem acontecendo com alguns blogs, este não se trata de um livro que resulta da passagem dos textos publicados on-line, para o papel.
É um romance, em prosa, do qual já publiquei alguns trechos aqui no blog.

E é isto que eu vos venho comunicar e simultaneamente convidar.

No próximo dia 15 de Dezembro de 2007 (Sábado) será a sessão de apresentação em Lisboa, no "Santiago Alquimista" (situado na Rua de Santiago nº19 1100-493 Lisboa), pelas 22h30m.


Não sendo uma convencional sessão de lançamento de um único livro, esta ocorrerá em conjunto com o lançamento de outros, no meio de um espectáculo que decorrerá em simultâneo, com actuação de algumas bandas e DJ’s, pelo que será sempre um acontecimento agradável de se assistir e do qual, deixo a seguir o cartaz.


No Porto, irá decorrer uma sessão com cariz idêntico, em data que anunciarei em breve.

Convido-os a todos a estarem presentes, ficando extremamente contente com a vossa presença, neste que é o culminar de um sonho, com a concretização de um objectivo importante para mim.

Beijo e/ou Abraço, conforme o caso.

terça-feira, novembro 13, 2007

Ainda


Ainda guardo na memória da pele,
O calor dos teus dedos,
Percorrendo o meu corpo,
Num misto de exploração
E carinho extremo,
Únicos,
Até hoje.

Ainda guardo na memória do sabor,
A avidez na entrega plena dos teus beijos,
Esse mais querer de mim,
Que empregavas em todos eles,
E que me faziam sentir mais,
Muito mais e melhor,
Que eu próprio,
Em mim próprio.

Ainda guardo na memória das mãos,
As formas do teu corpo,
Que em perfeitas dádivas de ser,
Com o meu comungava na entrega,
Nos silêncios que a paixão irrompia,
Ecoando na noite sons de nós,
Tão de nós,
Só de nós.

Ainda guardo na memória do ouvir,
As brisas do teu respirar,
Que nos meus ouvidos,
Em turbilhões,
Alimentavam emoções,
Quereres maiores de nós,
Quereres maiores de ti,
De ti,
Em mim.

Ainda guardo na memória do tronco,
O aperto dos teus braços,
Naqueles sentidos abraços,
De união única e perfeita,
Plena de viver e sentir,
Sempre ansiando o porvir,
E sempre esse querer contigo estar,
Nos meus braços para sempre ficar,
Numa demonstração única de amar,
Numa forma muito própria de sentir.

E…
Ainda te sinto!
Em cada espaço entre as palavras,
Em cada pausa após a vírgula,
Em cada fracção de silêncio do olhar,
Em cada reflexo da lua na noite,
Em cada tudo…
Em cada nada…

Ainda,
O tudo…

Ainda,
O tanto…

De ti…
Em mim!

quinta-feira, novembro 08, 2007

Nunca me digas Adeus


Nem que de costas voltadas,
Passes a porta,
E por cima do ombro,
Olhes para trás,
Pela última vez…

Não me digas Adeus!

Nem que me apertes os dedos,
Entrelaçados nos teus,
Com as minhas mãos nas tuas,
Como só nós o sabemos,
Como só nós o fazemos,
Pela última vez…

Não me digas Adeus!

Nem que me abraces,
Com a força de um sismo interior,
Que me eleva e me revolve no ar,
Me beijes com a intensidade e força
Só de quem sabe o que é amar,
Me faças sentir parte de ti,
(Em ti, sempre em ti,)
Como tu de mim,
Pela última vez…

Não me digas Adeus!

Nem que cruzando
Os teus olhos com os meus,
Com eles me digas,
Que estás a sair,
Que vais partir,
Que me estás a olhar assim,
Profundo em mim,
Pela última vez…

Não me digas Adeus!

Não me digas Adeus,
Pois no teu lugar vai ficar o vazio,
O espaço de ti,
Que para sempre ficará assim,
Em mim,
A aguardar pela possibilidade,
De um dia, seres de novo realidade.

Não me digas Adeus,
Pois tu ficarás para sempre em mim,
Como a esperança do futuro,
Como o objectivo a alcançar,
Como o mote que me fará avançar,
Como o segredo mais bem guardado,
Como o desejo mais profundo e apetecido,
Como o tudo que tenho de mais querido,

Como as memórias do meu futuro,
Como as saudades do que ainda não senti,
Como as lembranças do que ainda não vivi,
Com tudo aquilo que profundamente desejo,
Ainda viver,
Contigo,
E em ti.

Por isso…
Por isso Meu Amor te peço,

Que nunca…
Nunca me digas Adeus…

Pois tu para mim,
Nunca farás parte do meu passado,

Mas sim,

Eternamente,

Do meu futuro!


(Até… Sempre...)

sexta-feira, outubro 26, 2007

Chamamentos


Há chamamentos de nós,
A que não conseguimos fugir.

Há palavras de outros,
Que não nos deixam partir.

Há assim, um partir,
Que não é mais do que um ficar.

É deixar o corpo ir,
Deixar o tempo fluir,
Até por fim sentir,
O imperativo desejo de resgatar,
A alma que por aqui,
Ficou a pairar.

Não tens de me chamar.

Apenas...
...saber esperar!

segunda-feira, outubro 22, 2007

Pertenças Minhas



Hoje,
As minhas pertenças são parcas.

Hoje,
Eu não sei ao que atribuir a propriedade de meu.

Talvez por isso,
Hoje,
Eu ainda não tenha acordado.

O meu abrir de olhos de hoje,
Foi apenas o tomar contacto com a luz do dia,
Porque o meu íntimo,
Continua mergulhado,
No meu silêncio.

No meu silêncio que te sonha,
Que a cada batida do ponteiro dos segundos,
Te invoca,
A ti,
Aos teus odores,
Aos teus sons,
Aos teus gestos e olhares,
Nas noites que inventamos,
Que partilhamos os nossos corpos,
Que nos damos um ao outro,
E que ficamos em cada um de nós,
Com um pouco,
De um,
No outro.

Nessas noites,
Em que o meu silêncio fala tanto por mim,
Em que o meu olhar troca palavras com o teu,
Em que em surdina clamo o meu Amor por ti,
Em que do fundo do silêncio,
Arranco a mais absoluta ausência de som,
Para com ela,
Te dar a conhecer,
De forma clara, inequívoca e sem ruído,
A enormidade gritante deste meu sentir,
Que dentro de mim já não cabe,
Que as paredes de mim já não comportam,
Que a velocidade do meu pulsar,
Não consegue acompanhar.

Por isso,
Hoje,
As minhas pertenças são parcas,
Pois de mim,
Já pouco controlo,
De nada tenho propriedade,
Porque para ti tudo cedi,
Nos meandros dos momentos,
Vividos nessas noites,
Essas noites,
Essas mesmas noites,
Que juntos invocamos,
E as clamamos como nossas!

E porque quando contigo não estou,
Não te posso efectivamente ouvir,
Quando contigo não estou,
Não te posso alcançar o olhar,
Quando contigo não estou,
Não te posso realmente tocar,
Quando contigo não estou,
Não te posso sentir o odor,
Eu limito-me,
A assim,
Na pequenez das horas desperdiçadas pela tua ausência,
Nos espaços das letras,
Nas entrelinhas dos sentidos,
No tudo que se revela um nada de ti,
Ficar por aqui,
De olhos fechados,
A simplesmente,

S-e-n-t-i-r T-e!

sexta-feira, outubro 19, 2007

Dor de Alma




Nas dobras do teu corpo,
Guardas marcas de memórias,
De momentos que ainda não viveste.

Nos recantos de ti,
(verdadeiro baú de ser)
Proteges a tua identidade.

Única certeza de ti,
Que te mantém viva,
Desperta para vida.

E enquanto deambulas pelo tempo,
De braços cruzados sobre ti,
(única maneira de te protegeres e sentires intacta)
Carregas contigo as tuas únicas certezas:
De que este tempo não é o teu,
De que o espaço que ocupas,
Não é aquele a que pertences.

E tudo está no seu lugar.
Tudo tem,
O seu sítio definido para estar,
Hora definida para ocorrer,
Duração estipulada,
Resultado esperado,
Ganho garantido,

Menos tu!

Menos tu,
Que em nada te encontras,
Em nada te reconheces,
Em nada te encontras reflectida,
Quer seja na lírica da música,
Na batida da melodia,
Ou no simples reflexo,
Que um qualquer espelho te devolve.

E num impulso contínuo,
De inúmeros momentos feito,
Expeles todo o peso do teu corpo
Sobre as costas da cadeira…
Olhas o céu…
Abres os braços…
E de olhos cerrados,
Sentes a alma elevar-se,
Sentes o espírito voar,
Fundes-te com a brisa,
Saboreias o ar,
Delicias-te com as melodias simples,
Com que os cantos dos pássaros,
Te inundam os ouvidos,
E sentes…

E sentes-te…

E pensando em ti,
Não consegues deixar
De te recriminar,
Por todo o tempo,
Que não te permites a ti mesma voar…
Por todo o tempo,
Em que amarras corpo e espírito…
Por todo o tempo,
Em que não te permites sentires-te…

Pois em cada momento que te sentes,
Em cada momento que verdadeiramente,
Sentes cada partícula do corpo,
Cada poro da pele,
Cada inspiração e expiração,
Cada batida do coração,
Cada movimento dos dedos,
Sobre eles,
Sobre ti,
Tu descobres…

Descobres,
Que entre o sentir…
E o pensar…
Não é a alma que te dói,
Mas sim…

A memória dos dias…

Em que não voaste!

segunda-feira, outubro 15, 2007

Underwater Love

Na continuidade de um intercâmbio de desafios entre mim e a Lya, surgiu este,
em que ela deu as imagens e eu construi o texto.
Eu, que demorei algum tempo a fazê-lo, pois não estou habituado a "produzir à medida", gostei do resultado final.
Partilho-o agora com todos. Espero que gostem igualmente.
E a ti, Lya, o meu obrigado por mais este teu carinho.

As horas descompassadas dos dias,
Arrastam-se pelos limites do relógio,
Com o pulsar dos segundos num peito,
Que de tão apertado já não cabe em mim.

Já não me conheço,
Não sei quem sou.

Vivo num presente,
Composto por memórias do passado,


Com os sons das suas lembranças,
A resultarem no silêncio dos meus dias.


Procuro-me noutros locais,
Revejo-me noutros ambientes,

Onde o silêncio é mais profundo,
E me embrenho nos pensamentos.

À minha volta,
Tudo é calma e tranquilidade,
E o som do meu respirar,
É tudo o que consigo escutar,
Fazendo esta a única verdade,
No reinado dos sentidos.

Elevam-se os seres do silêncio,
Habitantes únicos das profundezas.

Profundezas deste mundo,
De uma paz sem igual,
Profundezas de mim,
Onde secretamente de ti,
Aguardo por um sinal.


Tu não és minha pertença!
Nunca o foste!
Sei-o bem…


E agora que partiste,
Agora que por ti,
Apenas me resta aguardar,
Invoco as forças de um Deus Maior,
Para conseguir num relance,
O que não está ao alcance,
Deste meu ser menor:

Que até mim de novo te traga,
E com a força de uma vaga,
Me venhas deste mundo resgatar,
Para comigo, para sempre ficar.

E é tal este meu querer,
Tem tanta força este meu sentir,
Que chego até por vezes a ouvir,
A melodia dessa corrente singular,
Provocada por esse movimento único,
Que é o teu belo serpentear.


E se tu viesses…

E se neste mundo comigo,
Quisesses para sempre ficar…

Nele intentaríamos danças sem fim,
Dia após dia bailaríamos assim,

Numa dádiva de dois seres a comungar,
Num jogo de almas um pleno e contínuo amar,
Em que tudo quereríamos,

Um ao outro,
Ofertar.


Mas a realidade é algo duro,
Por vezes,
Muito difícil de suportar,
E por isso eu já ficaria feliz,
Se permitisses a ti própria,
Aquilo que eu sempre quis:
Tão somente e apenas,

A "veleidade" de tentar.

Como sempre e em tudo,
Sozinha não irias ficar,
Estaria a teu lado sempre,
Para te acompanhar,
E se de algo tu,
Viesses a necessitar,
Saberias que terias:

Os meus braços
Para te amparar,
O meu corpo
Para te embrulhar,
Os meus olhos
Para por ti ver,
O meu ar
Para por ti respirar,
Todo o meu ser,
Para o teu amar.


Mas tu…
Nunca vieste.

Tu…
Nunca voltaste a me procurar.

E em todos os elementos,
Terra, água, fogo e ar,
Eu continuo em todos os momentos,
A por um sinal teu procurar.

E mesmo que em nenhum deles,
Eu te consiga encontrar,
Isso não impede que em ti,
Eu dê por mim continuamente a pensar,
E continuamente também a desejar,
O retorno à vivência do realizar,
De todos os nossos intentos,
Ter de volta aqueles nossos momentos,
Em que implodíamos de tanto amar.

E eu…
Eu já não me conheço,
Eu já não sei quem sou.

Vivo num presente,
Composto por memórias do passado,
Com os sons das suas lembranças,
A resultarem no silêncio dos meus dias.

E por isso,
Cada vez me embrenho mais neste mundo,
Onde o silêncio é mais profundo,
Tudo é calma e tranquilidade,
E o som do meu respirar,
É tudo o que consigo escutar,
Nas profundezas de mim.


E quem sabe se um dia,
Não acabarei por cá ficar,
Para sempre,
Definitivamente a repousar,
Qual ser petrificado,
Neste mundo eternizado,
A com um raio de luz eterno,
Ser permanentemente iluminado.


Mas se isso ocorrer,
Se algum dia acontecer,
Podes ficar com a certeza,
Que tu para mim,
Foste de todas, a maior beleza!

E de que sempre o horizonte,
Eu irei continuamente perscrutar,
Na esperança eterna,
De alcançar a felicidade plena,
De um dia poder vislumbrar,

O teu belo,

Serpentear!


sexta-feira, outubro 12, 2007

. sabor .

Hoje

Acordei



Com o sabor

do

... s i l ê n c i o ...

Na boca...

quarta-feira, outubro 10, 2007

Jogo

…e agora, que aqui chegamos, o que nos resta?

O que mais posso eu esperar de ti, vida?

Que tipo de caminhos posso seguir?
Que opções me são permitidas tomar?
Seguir em frente, sem olhar para trás?
Levar-te comigo? Ou deixar-me levar por ti?

E o passado?
Deixo-o ficar ou… levo-o comigo?
E levo-o todo? Ou apenas parte dele?

Ou então… esqueço-o…
Ou então… esqueço-me…



O jogo está na mesa…
Aposto? Arrisco?
E o que ganhei até agora?

O jogo está em curso…
O jogo é aos pares.
Os pares estão definidos.
As vitórias e as derrotas, pertencem aos pares.

Mas…
Os sinais…
Esses…
Por vezes ocorrem “trocados”.

E…
Por baixo da mesa,
O jogo é outro!

E os pares…
Esses por vezes “baralham-se”.

Não são as pernas,
Não são os pés.
Não são as cartas,
Sequer os trunfos.

É a cinta!
É um jogo de cintura!

Sabes jogá-lo?
Não?
Dizes isso porque não fazes ideia…
Não tens a noção…

O jogo é duro,
E o resultado…
Uma incógnita!
Sim.
O resultado não está combinado!
É incerto!

O jogo está confuso…
As regras estão alteradas…
As regras já não valem.
Mudam com o desenrolar do jogo.

E o que tenho em mão?
Será esta…
Uma boa mão?
Depende do que tem o meu parceiro…
Mas…
Qual deles?
Tenho de saber qual deles é
Verdadeiramente o meu parceiro.

O jogo está confuso…
Muito confuso…
Demasiado confuso…

Mas é debaixo da mesa!
Sim.
Definitivamente.
É aí que decorre o verdadeiro jogo.
Esse,
O de cintura!

E tu?
Sabes jogá-lo?
Não?

Não fazes ideia…
Não tens a noção…

(E eu… eu nem contar os pontos sei!)

quinta-feira, setembro 27, 2007

Despedida


Hora a hora,
Minuto a minuto,
Segundo a segundo,
Despeço-me de um pouco de mim.

Despeço-me das palavras já ditas,
Que largadas no ar,
Não voltam mais para mim.

(como as que te falo em surdina…)

Despeço-me dos olhares,
Que não se voltam a repetir,
Nem mesmo com toda a força de um querer sentido,
Pois sequer a luz,
Terá a mesma tonalidade ou intensidade,
Nem os olhos o mesmo brilho.

(como os com te olho, fundo em ti…)

Despeço-me dos pensares,
Seres indomáveis
Que em mim habitam,
Se deleitam com o seu deambular livre,
Não me dando qualquer opção,
Sequer a de retorno.

(como os que me levam a ti. Continuamente a ti. Sempre para ti.)

Despeço-me dos gestos,
Cuja força e intensidade nunca têm igual,
Onde sequer o calor da pele,
Ou os arrepios sentidos,
Se repetem.

(como os abraços e os afagos que na tua pele deixo…)

Despeço-me dos sentires,
Que com o tempo evoluem,
Em constante mutação,
Transformando-se a cada ocorrência,
Sentidos sempre,
De maneira diferente.

(como os sentimentos que por ti moram em mim…)

Despeço-me dos sabores,
Com paladares sempre distintos,
Com gostos sempre renovados,
Ao sabor dos condimentos,
Que os condicionam.

(como os sabores dos nossos beijos…)

Despeço-me das letras,
Que vou conjugando em palavras,
Sempre com pontuações a mudar-lhe a entoação,
Produzindo coisas novas de cada vez que são usadas,
Fazendo-se sempre diferentes,
Ao gosto dos pensamentos.

(como as que sempre te escrevi…)

Despeço-me dos cheiros,
Esses que me chegam dos mares e das marés,
Dos rios e da terra,
Da chuva e do sol quente,
Do negro do céu rasgado pelo brilho da lua,
Pois até o tempo já não é o mesmo,
E muda a cada ano que passa.

(como os odores que da tua pele emanam…)

Aos poucos,
Aos poucos e poucos,
Vou-me despedindo de mim,
Pois tudo muda e se transforma,
Nada é estático e imutável,
E o meu eu de hoje,
Nunca é igual ao de amanhã.

(como Tu e o teu Eu…)

Lentamente,
Aos poucos e poucos,
Vou-me despedindo de mim…

(Da mesma forma,)
(Intensidade,)
(E medida,)
(Que sinto,)

(Lentamente…)

(Aos poucos e poucos…)

(Tu…)

(A despedires-te…)

(…De mim!)

segunda-feira, setembro 24, 2007

Se Tu soubesses...


Se tu soubesses,
Da resposta cá dentro,
Que encobre a pergunta...

Se tu soubesses,
Do silêncio cá dentro,
Que prende o grito...

Se tu soubesses,
Do desânimo cá dentro,
Que seca as lágrimas...

Se tu soubesses,
Da dor cá dentro,
Que desmancha o sorriso...

Se tu soubesses,
Das tuas raízes cá dentro,
Que se espalharam por mim...

Se tu soubesses...
Do tanto de mim cá dentro,
Que pede por ti...

Se Tu soubesses...

quarta-feira, setembro 19, 2007

Eu? Eu provavelmente falava-te...


Eu?
Eu provavelmente falava-te,
Do calor tépido que de mim emana,
Que em mim está sempre presente,
Por te saber aí,
Por te saber assim,
Por te ter,
Tão completamente,
Absorvida em mim.

Esse mesmo calor,
Que ao toque dos teus dedos inflama,
Que só de olhar-te aumenta a chama,
Deixando-me em tão completo ardor,
Que me chega a fazer questionar,
O porquê deste tanto amar,
Qual a sede de todo este Amor?

Eu provavelmente falava-te,
Que as necessidades físicas
Quase não existem,
Quando nos alimentamos de um sentir,
Tão forte,
Tão pleno,
Que nos tira por completo a fome,
Nos ilumina o ser,
Nos mostra o caminho,
Nos faz rir dos medos,
Nos enche de alegria
Provocando-nos um sorriso contínuo,
Nos enche os ouvidos com os sons do mundo,
Que até então sequer eram sentidos.

Eu provavelmente falava-te,
Deste sentimento,
Que nos faz esquecer toda e qualquer dor,
E nos preenche as saudades,
Pois é tão pleno,
Tão absorvente de energias,
Que não deixa lugar para outros,
Que por serem menos "nobres",
Não têm lugar em nós.

Eu provavelmente falava-te,
Da minha aprendizagem,
De que no Amor,
As razões pouco interessam,
Que as vontades são Maiores,
Que as coisas simples, são as mais complexas,
Que o impossível se torna possível,
Que o Nós é bem Mais do que o Eu,
E que eu não preciso de te tentar compreender,
Pois Tu...

Tu és parte de mim,
Estás-me no sangue,
És-me intrínseca,
E que por isso...

Por isso eu não estou sempre a teu lado,
Mas sempre, sempre em Ti,
Como Tu, igualmente, sempre em mim!

E eu...
Eu não preciso de te dizer,
Eu não preciso de te falar,
Eu não preciso de me fazer notar,
Perante ti,
Com bens, gestos ou palavras,
Porque tu estás,
No início dos meus pensamentos,
No fim do meu olhar,
E é lá,
Sempre lá,
Que tu me aconteces,
Naquele fio de tempo,
Em que olhos nos olhos,
As nossas almas,
Conversando em surdina
Uma com a outra,
Silenciosamente
Se fundem,
E renascem conjuntamente,
Dia após dia,
Num acto único,
A duas mãos,
Que unidas,
Podem calcorrear todos os caminhos,
Alcançar todos os objectivos,
Ser em tudo a unidade,
Que faz,
Que consegue,
Que acontece,
De uma forma,
Simples,
Mas completa.

Eu?
Eu provavelmente falava-te de tudo isto...

Simplesmente,
Se tu me dissesses,
Tudo isso!

sexta-feira, setembro 07, 2007

Se eu te dissesse...




Se eu te dissesse, que tinha frio,
Cobrias-me com teus braços,
Ou corrias a tentar parar o vento?

Se eu te dissesse, que tinha calor,
Abrias a janela,
Ou tentavas apagar o sol?

Se eu te dissesse, que tinha fome,
Repartias o teu pequeno pão comigo,
Ou saías para comprar comida?

Se eu te dissesse, que tinha sede,
Davas-me um beijo molhado,
Ou ias à fonte buscar a água mais fresca?

Se eu te dissesse, que estava escuro,
Iluminavas-me com os teus olhos,
Ou ias comprar candeeiros?

Se eu te dissesse, que não conseguia ver,
Ficarias a meu lado para me guiar,
Ou oferecer-me-ias uma bengala?

Se eu te dissesse, do medo que mora em mim,
Davas-me as mãos,
Ou ias espantar fantasmas?

Se eu te dissesse, da solidão que me invade,
Abraçavas-me em silêncio,
Ou telefonavas a todos para virem?

Se eu te dissesse, da tristeza que me assola,
Acariciavas-me a face,
Ou contratavas um palhaço?

Se eu te dissesse, da vontade de chorar,
Choravas comigo,
Ou contavas piadas?

Se eu te dissesse, do silêncio que trago em mim,
Sentavas-te ao meu lado compartilhando-o,
Ou ias por música a tocar?

Se eu te dissesse, da dor que tenho no peito,
Procurarias saber da razão,
Ou chamarias um médico?

Se eu te dissesse, da saudade dos que partiram,
Davas-me a tua companhia,
Ou tentarias substituí-los?

Se eu te dissesse, do amor que sinto,
Retribuirias na mesma forma,
Ou ficavas de peito cheio?

Se eu te dissesse, das minhas razões,
Tentarias compreender-me,
Ou contraporias com as tuas?

Se eu te dissesse, da minha vontade de partir,
Irias fazer as malas para me acompanhar,
Ou tentarias convencer-me a ficar?

Se eu te dissesse, o tudo de mim,
Dir-me-ias o tudo de ti,
Ou ficarias apenas a ouvir?

Se eu te dissesse,
Que não quero bens,
Apenas quem me acompanhe…

Se eu te dissesse,
Que não quero impossíveis,
Apenas gestos simples…

Se eu te dissesse,
Que não quero razão,
Apenas compreensão…

Se eu te dissesse,
Que não quero palavras,
Se tiver um olhar…

Se eu te dissesse,
Tudo isto...
...O que me dirias tu?

segunda-feira, setembro 03, 2007

Curtas 11 – Impossíveis


( ... )

- “Diz-me: se somos impossíveis, porquê continuar assim, como estamos?”


Impossíveis? Nós somos impossíveis?
Sabes o que te digo?

Impossível, é ser estúpido ao ponto de não (querer) viver este amor;
Impossível, é tentar descrever o que sinto por ti;
Impossível, é conter-me quando estou junto a ti;
Impossível, é pensar em ti e não sorrir;
Impossível, é pensar em ti e não sentir a respiração a acelerar;
Impossível, é não olhar o céu sempre que estou fora;
Impossível, é estar muito tempo sem te procurar na lua;
Impossível, é não estar constantemente a pensar em ti e em nós;
Impossível, é segurar este sentimento que só cresce, cresce e cresce e CRESCE em mim;
Impossíveis?

Nós não somos impossíveis.
Nós tornamos o impossível possível.
Nós fazemos o escuro brilhar,
Nós fazemos as trevas luminosas,
Nós somos muito mais que aquilo que imaginamos.

E eu, que para nós desejei uma história bonita,
Tenho a certeza que ela assim será,
Porque eu sei,
Eu sinto,
Eu vivo,
Eu sou,
A vontade de te ter,
A vontade de contigo estar,
A vontade de te abraçar,
Com gestos, com beijos, com palavras,
A vontade de seguir,
A vontade de fazer,
Sempre,
Cada vez mais,
Sob todas as formas e sentidos.

Eu,
Que te quero levar comigo,
Que te quero mostrar lugares,
Que te quero dar sensações, sentires,
Experiências até à data sem igual,
Também eu vivo a diferença,
Pois ao teu lado,
Ao teu lado tudo é diferente,
A luz tem outra intensidade,
A cor tem outros tons,
O som é mais límpido e nítido,
Os cheiros são mais puros,
E o cheiro da tua pele,
O cheiro de ti,
Em mim,
Espalhado sobre mim,
No olfacto,
Na roupa,
No corpo,
Na alma,
Eleva-me,
Faz-me querer ser sempre mais,
Faz-me querer ter sempre mais de ti,
Faz-me ser Maior,
Maior do que eu próprio,
Maior do nós dois juntos,
Maior do que a nossa longevidade ou mesmo a eternidade.

E Tu,
Diva inspiradora de mim,
Diva dos meus sentires,
Das minhas palavras rabiscadas,
Dos meus desejos mais profundos,
Dos meus pensamentos mais arrojados,
Tu,
Tu comandas as minhas mãos, os meus dedos,
Quando pousam no teclado,
E numa torrente de batidas,
Despejo de uma assentada,
As palavras que arranco de dentro de mim,
Que se atropelam, se espezinham, se sobrepõem,
Na luta pela primazia do existir,
Tal é o rol, a quantidade de conteúdos,
O turbilhão de sentimentos em sentidos,
Que despoletas em mim,
Que me injectas nas artérias,
Deixando prostrado,
Com o corpo fragilizado, tremente,
Rogando descanso,
Qual anjo alado,
Na senda da cura de todos os males,
Qual guerreiro único de uma causa,
Na conquista de um império,
Qual simples mortal que me revelo e sou,
Na vivência deste nosso amor.

Por isso te digo:
Impossíveis? Nós somos impossíveis?
Não…

Impossível é o mundo,
O mundo das pessoas,
Que nele habitam,
Sem conhecer um sentimento como este,
Que nos transcende,
Nos espicaça em contínuo,
Nos arranca pelas raízes,
E nos leva para lá das nuvens,
Onde ficamos a pairar.

E eu acredito que assim é,
Pois sempre que te quero ter,
Elevo os meus olhos,
E mesmo que em imagem ficcionada,
És tu que reflectes no fundo da minha retina,
És tu que ecoas nos meus sentires,
És tu,
Quem me preenche por inteiro,
Poro a poro,
Célula a célula,
Gota a gota,
De mim,
Que se encontra,
Tanto,
E sempre,
Em ti.

Por isso Meu Amor,
Por isso não digas que nós somos impossíveis,
Porque impossível,
É eu não te ter,
Sempre,
Assim,
Aqui,
Bem dentro de mim,
Preenchendo-me,
Por inteiro,
Fazendo-me sentir,
Sempre,
E cada vez mais,
TEU!

quinta-feira, agosto 30, 2007

Quero VIDA!


Quero Viver a minha vida!
Recuso-me a ser espectador de mim próprio!
Nela, eu sou escritor, argumentista, realizador e actor!

Mas não a quero de qualquer forma…

Quero uma vida com sentimentos e sentidos!
Quero uma vida sem marcações,
Quero uma vida com emoções,
Assim: de repente, de surpresa, de surdina e até de soslaio.

Não quero sentimentos mornos,
Quero emoções fortes!
Quero um Amor quente,
Assim: sentido, incontido, impreciso e por vezes até indevido.

Quero o arrepio no olhar,
Quero o calor no toque,
O apressar do respirar,
A surpresa no ocorrer,
O fazer acontecer,

A ânsia na espera,
A pressa no chegar,
A expectativa no começar,
O saborear devagar,
Viver como uma quimera,
Onde tudo é possível e se espera,
Sabendo sempre conseguir alcançar.

Quero mais que a conta,
Quero-me a transbordar,
Quero sempre poder falar,
Dos gritos sussurrados,
Dos corpos suados,
Dos sentimentos extremados,
Do brilho no olhar,
Do entusiasmo de gritar,
Como quem fala a declamar.

Estás a ouvir VIDA?

Não te adianta tentares alterar este meu querer,
Pois tudo sempre eu vou fazer,
Para que tudo o que quero venha a acontecer,
E será sempre assim… até morrer.

Porque eu quero certezas para mim,
Eu quero saber que tudo tentei e fiz.
Não quero arrependimentos ou incertezas pela inacção,
Quero viver Tudo, Sempre, Assim: com Paixão!

Porque em tudo coloco, o Todo de mim,
Em tudo o que faço, quero e sou assim,
E por vezes, nem interessam os porquês,
Ignoro-os propositadamente ao invés.

Pois nada é mais forte que a veia com batida,
Nada me faz sentir Maior nem com mais Vida,
Que o pulsar forte do coração,
Por saber que tenho o controle na minha mão,
E que para mim serás sempre assim: VIVIDA!

terça-feira, agosto 28, 2007

Rescaldo


No rescaldo de ti,
Das linhas do teu corpo,
Dos braços do teu abraço,
Das tuas mãos nas minhas,
Dos dedos entrelaçados,
O carinho.

No rescaldo de ti,
Da dádiva do teu beijo,
Do desejo da tua boca,
Da dança das línguas,
Do deleite dos lábios,
O teu sabor.

No rescaldo de ti,
Do despique dos corpos,
Do sentir da pele na pele,
Dos braços, das pernas, dos troncos,
Do orvalho dos dois,
O teu cheiro.

No rescaldo de ti,
Das palavras em surdina,
Dos sussurros libertados,
Dos gemidos incontidos,
Dos sentires consentidos,
O sorriso.

No rescaldo de ti,
Dos teus olhos nos meus,
Dos teus olhos fechados,
Das tuas mãos em mim,
Dos teus afagos,
Dos suspiros,
Das almas,
O Amor.

No rescaldo de ti,
O tudo...
...de Nós!

quarta-feira, agosto 01, 2007

Férias...

O tempo de férias está aí, e eu não sou diferente dos restantes e necessito igualmente delas.
Por isso, não vou (até mesmo porque não quero) resistir ao apelo do calor, do sol e principalmente do mar!

Assim, irei ausentar-me desta luz cintilante que caracteriza o monitor do computador, e por consequência das ondas da net, até aproximadamente final do mês de Agosto.

Para vós, todos os que me honram com a vossa visita, deixo-vos as palavras de alguém, que não sendo já um desconhecido neste espaço, me delicia com os seus escritos.
Para vós, deixo-vos estas palavras tão CHEIAS de José Luis Peixoto.

(leiam até ao fim, porque... vale mesmo a pena!)

Palavra Amor

Às vezes, penso que é impossível que entendas completamente aquilo que sinto.
A culpa não é tua. Não existe culpa. As palavras que tenho são muito insuficientes, são muito imperfeitas.

E se, num momento, vejo a minha mão deslizar sobre a pele do teu rosto, ou sobre a pele do teu pescoço, ou sobre a pele da tua voz olhar presença, sou atingido por um raio e tenho de dizer palavras, tenho de tentar dizer-te aquilo que sinto.

Esses são os momentos em que digo a palavra amor. Palavra insuficiente e imperfeita que não sei o que te diz.

Esses são os momentos em que sinto que qualquer coisa grande como o mundo me atravessa; a primavera inteira atravessa-me; as vozes e os sorrisos de todas as crianças atravessam-me; a lua, nós conhecemos a lua, a sua luz tão lenta no céu da noite, e a noite iluminada por luz, luz estendida sobre o rio onde se estende o nosso olhar imenso, cheio qualquer coisa grande como o mundo, a lua, a noite e a luz atravessam-me.

E digo a palavra amor como se dissesse tudo isto. E, quando me dizes a palavra amor, acredito que partilhamos palavras. E podemos dizer essa palavra dentro de um beijo. Os nossos lábios juntos a fazerem os mesmos movimentos, a fazerem as formas dessa palavra: a m o r. Juntos.

E há outra palavra que não sabemos como dizer: felicidade. Dizemos felicidade e, dentro do instante dessa palavra, sentimos alguma coisa que chamamos por esse nome. É também grande como o mundo.

Quando estamos juntos, de mãos dadas, quando nos abraçamos e os nossos corpos se tocam mais do que se estivessem apenas a tocar-se, quando as nossas vozes são a mesma, quando as nossas palavras, sentimos muitas coisas grandes como o mundo. O mundo é tantas vezes infinito.

No entanto, quando estou sozinho por um momento, quando o teu rosto é apenas tocado pela minha memória, penso que é impossível que entendas completamente aquilo que sinto.

A culpa não é minha. Não existe culpa. Daquilo que sinto, dessas palavras, amor, felicidade, sei apenas que são grandes como o mundo quando o mundo é infinito. Posso estar na rua, posso estar no meu quarto, posso ter acabado de acordar e o meu corpo fica rodeado pelas folhas do Outono que o vento agita, fica rodeado de pássaros e a claridade é a pureza singela, como os teus olhos, como os teus lábios, como os teus dedos, como a tua pele. É tão grande. Tão grande.

E é por isso que penso que é impossível que entendas, mas depois penso que nós, a palavra amor, isto, tão grande, nós somos feitos de tantas coisas impossíveis, tantas coisas de que duvidamos, tantas coisas que verdadeiramente acreditámos impossíveis, com todas as certezas, com todas as dúvidas. Nós somos impossíveis e, no entanto, no entanto, no entanto, estamos aqui, dizemos essa palavra impossível, amor, e vemos significados na voz, na pele, no olhar e dentro de nós.

Tu sabes que existe o medo. Gostava de poder dizer-te para não teres medo, mas eu também sei que existe o medo. Na vertigem, de repente, esse momento. Penso que é impossível. E é quando gostava que me desses a mão.

Tu sabes que é assim. Existe tudo dentro dessa palavra, amor, essa palavra que dizemos e que nos soterra. Estamos debaixo dela como se estivéssemos debaixo de montanhas, como se existíssemos no centro do céu sem nuvens. E imaginamos que todos podem ver-nos, e imaginamos que ninguém nos vê. Possível e impossível.

Quando digo amor, apenas esta palavra, amor, gostava de dizer-te que por trás do meu rosto estão todos os gestos que poderão amparar-te quando precisares, todos precisamos de gestos e de palavras às vezes, eu tenho e terei esses gestos e essas palavras para ti; gostava de dizer-te que o sangue começou já a correr pelas ruas do futuro, e o sangue tem essa pureza singela da claridade, gostava de falar-te do mar, mas tu sabes mais do que eu sobre o mar, um infinito de coisas simples; gostava de dizer-te que por trás do meu rosto existe de novo o meu rosto e existe o teu rosto e existe a esperança, a rua da esperança. Estamos aqui. Juntos.

Posso estar na rua, posso estar no meu quarto, e sei, sinto que estamos de mãos dadas, abraçamo-nos e os nossos corpos tocam-se mais do que se estivessem apenas a tocar-se, as nossas vozes são a mesma. É tão grande. Tão grande. Possível e impossível.

E poderia continuar a dizer palavras, tudo, mundo, sempre, e todas essas palavras seriam insuficientes e tão imperfeitas.

A culpa não é tua, não é minha. Não existe culpa. Existe o contrário da culpa, qualquer coisa boa e absoluta.

Estendo a minha mão dentro dessa névoa luminosa. Sinto essa claridade na minha pele. Sou atingido por um raio e sei que poderia continuar a dizer palavras, mas agora olho-te nos olhos, atravesso-os e sou atravessado por eles, o teu rosto está à distância da minha respiração, os teus dedos e os meus dedos, a nossa pele, e sei que poderia continuar a dizer palavras, mas agora olho-te nos olhos e basta-me a verdade desta palavra, amor, e basta-me a verdade do teu nome.

(José Luís Peixoto)


Até à minha volta…

terça-feira, julho 31, 2007

Obrigado!


O post anterior, é um desabafo.
O post anterior, são palavras, pensamentos, sentimentos presos, num sentir sem tempo, num sentimento profundo de algo que não tem retorno.

No post anterior, obtive comentários vários, alguns de pessoas que pela primeira vez visitavam (ou comentavam) o meu espaço.

No post anterior, obtive comentários, reacções, que roçando a sensibilidade e sinceridade de cada um, me deram alento e me deixaram reconfortado naquilo que é uma ausência sentida.

Eu, não tenho por costume desde há algum tempo comentar os comentários que obtenho.
No entanto, desta vez, vou abrir uma excepção.

Como eu sempre costumo dizer: “A Amizade é algo que não se agradece. Vive-se e Retribui-se Vivendo-a!”
No entanto, desta vez, vou abrir uma excepção.

Porque foi um post para mim muito sentido, difícil de escrever, que saiu como um grito…
Porque foi um post que foi comentado com base em pensamentos e sentimentos de cada um, eu quero aqui, a cada um de vós, individualmente, deixar o meu:
Sincero e Profundo MUITO OBRIGADO!

E espero, no futuro, estar à altura do vosso carinho!

Brain.

sexta-feira, julho 27, 2007

12 de Novembro de 2006, 22:15



- Pai, vai chamar o enfermeiro…
- Hã ?!?!?!
- Vai chamar o enfermeiro…
- O que é que foi?
- A Mãe… já está…
- Já está o quê?
- A Mãe, Pai… já não respira… A Mãe, Pai… já partiu…

E ele sai do quarto e eu permaneço, ali, a olhar-te…
No corredor, ao fundo ouço:

- …é que parece que ela não está a respirar…

Pai, ainda não acreditas, não é? Ainda te custa…
Pois… eu sei… aquela esperança… aquele não querer interior que seja verdade…
Pois… eu sei Pai… eu sei…

E eu permaneço, ali, a olhar-te…
O teu corpo imóvel… tão quieto… tão parado… o teu corpo… a tua boca… já não respira…

Sabes Mãe, quando cheguei de jantar e te olhei, imediatamente soube.
Imediatamente soube que estavas na caminhada final.
Não sei como, nunca tinha assistido antes a ninguém a fazer essa travessia, mas…
O que é facto é que mal te vi… mal te vi soube-o!

E logo que me sentei ao teu lado vi… vi o teu esforço para cada expiração e senti…
Senti esse esforço a rapidamente se suavizar, quando te comecei a acariciar o braço Mãe…
Enquanto com o pensamento te dizia:
- Descansa Mãe… descansa… deixa-te ir… descansa…

Será que sabias que era eu?
Nunca abriste os olhos desde que cheguei…
Será que sabias que era eu?

Sabias que te acompanhara todo o dia, esse longo domingo, que começou às 7:30, com a nossa chamada para o INEM, seguida da tua ida para o hospital na ambulância - e eu a conduzir como um louco atrás da ambulância… e a espera por noticias… e o Pai sozinho lá dentro (não contigo como pensava – soube-o depois) e o Pai passado tanto tempo… a sair… e a frase… a frase atrapalhada, com as palavras embrulhadas na revolta dos sentimentos que o nó na garganta agarrava:

- Dizem que não podem fazer nada. Dizem que já está em processo de falecimento. Dizem para decidir se quero que fique aqui ou se vai para casa.

E os olhos Pai… os olhos que albergavam toda a angústia do mundo…
os olhos num apelo surdo perguntando-me: “O que faço? O que fazemos?”

E aquele peso… o peso do mundo inteiro em cima de ti…
O peso de toda a vossa vida a dois, sempre juntos, sempre íntimos, unidos, cúmplices, concentrado naquele momento, nas tuas mãos, na tua necessária e obrigatória decisão…

E aquele peso, que com o teu apelo mudo… te ajudei a carregar…
Que tomei sobre mim como se fosse meu… porque era mesmo meu…
Aquele peso… que ainda hoje sinto parte…
Aquele peso… que como chumbo saiu agarrado às minhas palavras…
Aquelas, as únicas que olhando-te nos olhos te consegui dizer:
- Deixa Pai… deixa que eu trato disto!

E eu a entrar naquela urgência Mãe… e com um aceno de cabeça e um sorriso que tu também, a muito custo, de máscara posta, me retornaste… no teu último olhar nos meus olhos…

Nem uma palavra!
Nesse dia, no teu último dia de vida Mãe, nem uma palavra tua ouvi!
Nesse dia, no teu último dia de vida Mãe, nem uma palavra minha, directamente, para ti, tu ouviste de mim…
De mim… homem de tantas palavras…
Nesse dia Mãe… nesse dia só o pensamento falava…
Só o pensamento falava Mãe, o que os sentimentos transbordavam em torrentes de não quereres…

( - - - )

E são tantas as vezes…
São tantas as vezes em que estas memórias do teu último dia me assolam Mãe…
Não outras, não mais, apenas estas…

No dobrar de uma esquina do tempo,
No fim de uma qualquer palavra,
No início de uma viagem de carro,
Numa imagem solta,
Num silêncio momentâneo que inadvertidamente se instala,
Na noite,
No dia,
Num desejo,
Num querer inexplicável,
Num sorriso da tua neta,
Lá estão elas,
Como que à espera por mim,
Como uma inevitabilidade incontornável,

E um nó…

Um nó que aperta,
Cada vez mais fraco,
Mas que sempre aperta,
E as lágrimas sobressaem,
E o pensamento voa,
Assente num fio invisível,
Entre Ti e o Pai,
Esse homem,
Referência de Ser,
Que sempre te soube,
Que sempre te acompanhou,
Que sempre te complementou…

O Pai Mãe,
Com quem agora almoço frequentemente,
Com quem troco agora mais palavras,
Com quem agora sou mais filho,
Mais do que alguma vez fui,
E isso…
Isso a custo da tua partida Mãe,
Da tua partida física,
Porque hoje Mãe,
Hoje,
Sinto-te mais do que nunca!

Beijo para Ti…

segunda-feira, julho 23, 2007

Curtas 10 – Palavras de um Amor adiado



Foi com tristeza que te vi cruzar a ombreira da porta, sem ter provado o sabor de um beijo teu.

Eras tu quem partia e o sabor da visão das tuas costas, ficou pendurado no céu da minha boca, como o amargo de um dia mal passado, pela ideia constantemente presente de que hoje, não te teria em meus braços.

E até as palavras, essas que em qualquer outro dia me encheriam quase por completo, até mesmo essas tiveram um sabor a pouco.
Um sabor a tão pouco, como uma pintura multicolor, de cores vivas e brilhantes, transposta para uma mera escala de cinzentos.

E foste tu que partiste e eu que fiquei. Eu que fiquei sentado nesta cadeira, no tempo suspenso, com as mãos sobre as teclas, parado, vazio de ti.

E a ideia que a seguir me assolou foi simplesmente aterradora: "E se por um qualquer motivo fosse esta a última vez que eu te vira?"

Não são as tuas costas que eu quero lembrar,
Não é este sentimento de vazio que eu quero sentir,
Não é o amargo de boca que eu quero que fique sobreposto ao sempre doce sabor dos nossos beijos,
Não é a tristeza imensa, que neste momento me povoa, que eu quero que fique,
No final de nós,
No final de um qualquer dia.

Nós somos a loucura saudável,
Nós somos a irresponsabilidade responsável,
Nós somos o doce derramado sobre o fel,
Nós somos as palavras que nunca sobram e sempre faltam,
Nós somos a alegria do e pelo existir,
Nós somos escritos, sons, imagens e sentires,
Nós somos êxtase,
Nós somos carne, pele, sentidos,
Nós somos sonho, ilusão,
Nós somos realidade vivida com alma e ardor,
Nós somos tudo! Mesmo não sendo nada...

E tu,
Furacão de mim,
Noite da minha insónia,
Desvario da minha razão,
Desvio da minha rota vida,
Paixão consentida, vivida e sentida,
Tu,
Carregas neste momento contigo,
A minha alegria,
A minha luz interior,
Todos os meus desejos e vontades,
Todo o meu querer de um amanhã por vir,
A energia que faz o sangue correr nas veias,
E deixaste ficar em mim,
Aqui,
Assim,
Apenas,
O desalento,
De um dia ter passado,
E eu,
Não te ter condignamente,
Feito sentir,
O quanto te amo!

E se a certeza do teu amanhã,
For a inexistência do meu ser,
Eu quero que saibas,
Eu quero que sintas,
Que tu pulsas em mim,
(Oh, Quanto tu pulsas em mim,)
E que és TU,
A última imagem,
Pensamento,
Fôlego,
Pulsar,
Respiro,
Que em mim ocorre,
Diariamente.
Invariavelmente!

E o futuro,
Que teimo em não querer pensar,
Que teimo em adiar,
Que teimo em fazer por não me influenciar,
Esse,
Que com verdade te digo,
Dificilmente o vejo em pleno ao teu lado,
Com a mesma verdade te digo,
Dificilmente o equaciono sem ti.
E esta verdade,
Que neste momento vivo,
Que sendo a maior contradição de mim,
É a que sinto como mais verdadeira da minha existência.

E com a mesma força que
Te desejo,
Te sinto,
Te tomo nos braços,
Te acaricio,
Te beijo,
Com essa mesma força,
Eu te digo que te Amo,
E te/me pergunto:
"O que vou eu fazer de nós?"

E o futuro não "me importa",
Os condicionalismos do presente,
Não me interessam,
Desde que…
Desde que,
Eu te possa ter para mim,
Sempre,
Diariamente,
Pelo menos,
Sob a forma de um beijo.

Isto,
É claro…
Enquanto…
Enquanto tu me quiseres também!

segunda-feira, julho 16, 2007

Hoje não vou falar de ti


Hoje não vou falar de ti.

Hoje,
Vou falar do depois de ti,
Do sem ti.

Hoje,
Não te vou falar nas noites que contigo passo,
Naquelas que não querem acabar,
Naquelas em que não durmo
Só para poder estar mais tempo contigo,
Naquelas em que juntos,
Abraçados, de dedos entrelaçados,
Vemos as cores do novo dia a nascer.

Hoje,
Vou-te falar das madrugadas,
Que as ausências de ti,
Me ensinaram a conhecer,
Da falta de posição na cama,
Da falta de sono,
Das coisas que me ocorrem,
Das memórias que embrulham a saudade,
Dos gritos contidos no peito,
Do nome que proferido em surdina,
Ecoa nas profundezas do meu ser.

Hoje,
Não te vou falar das músicas que juntos ouvimos,
Dos versos que te canto em sussurro,
Dos ritmos que com a boca trauteio,
Ou dos ritmos com que balanceio o corpo.

Hoje,
Vou-te falar das melodias que me povoam a mente,
Em memórias contínuas de ti,
Em memórias contínuas de nós,
Que me inundam o corpo,
E me fazem sentir as vibrações,
Vindas do interior de mim.

Hoje,
Não te vou falar do incontrolado batimento,
Que quando estamos juntos,
Se torna impossível de segurar.

Hoje,
Vou-te falar de como bate apressadamente o coração,
Na ânsia incontrolada de contigo estar,
Quando para o local onde estás me dirijo,
Em que cada centímetro se faz metro,
Em que cada segundo se faz minuto,
Em que cada auto-estrada, se faz caminho.

Hoje,
Não te vou falar dos teus braços e abraços,
Dos teus lábios e beijos,
Das tuas mãos,
Dos teus seios,
Da tua pele,
Nem do teu cheiro.

Hoje,
Vou-te falar da lua,
De como gosto de a olhar,
Sentindo que estarás a fazer o mesmo,
E num pensamento,
Um beijo na brisa te enviar,
E saber-te a recebê-lo,
No mesmo momento.

Hoje,
Não te vou falar do quanto gosto de contigo estar,
Do sempre querer estar ao teu lado,
Dos teus carinhos e carícias,
Do passear das tuas mãos pelas minhas costas e braços,
Das tuas unhas cravadas na minha pele,
Do teu corpo colado ao meu suplicando um pelo outro,
Dos cotovelos queimados pelos teus lençóis,
Nem dos músculos doridos da jornada.

Hoje,
Vou-te falar das ruas desertas de ti,
Das horas vazias do teu ser,
Das páginas em branco dos livros que leio,
Das músicas sem notas que ouço,
Das palavras sem sílabas que profiro,
Das palavras sem letras que escrevo,
De tudo aquilo que não existe,
Simplesmente,
Porque tu,
Não estás!

Hoje,
Não te vou falar nem escrever,
Não te vou chamar nem dizer,
Não te vou tudo querer mostrar nem explicar.

Hoje,
Vou-te simplesmente enviar um beijo na brisa,
Com o sabor do vento que me varre a face,
Com a textura do mar que me gela as pernas,
Com o som das páginas de um livro por escrever,
Com o aroma das memórias que tenho de ti.

E Tu,
Recebe este beijo,
Este beijo meu,
Daqueles que só nós conhecemos,
Daqueles que apenas em nós acontecem,
Daqueles que nos excitam por dentro e por fora,
Daqueles que nos percorrem o corpo desde os lábios,
Daqueles que em cada papila se tocam e trocam,
Daqueles que de uma forma única nos dizem:

Eu sou Tu, e estou aqui,
Tu és Eu, e aqui estás!

Beijo...

sexta-feira, julho 13, 2007

Nas tuas mãos


Nas tuas mãos,
Pouco ou nada gosto de decidir.

Nas tuas mãos,
Entrego-me em deleite supremo,
Numa esperança de ser e de sentires,
Em que anseio pelo que já tarda,
Pois de ti eu nada temo,
E mesmo sem o definires,
Desejo tudo o que me aguarda.

Nas tuas mãos,
Onde todo eu ardo e me consumo,
Onde todo eu me perco e me deslumbro,
É nessas mãos que eu me resumo,
Ao ser que apenas por ti existe. Eu assumo!

Nas tuas mãos,
Essas que com as minhas alinho,
Num desalinho feroz de sentir,
As tuas pelas minhas a pedir,
No teu corpo pelo meu a subir,
Tentação na qual desejo cair,
Seguindo com elas o caminho,
E sentindo todos os chãos.

Nas tuas mãos,
Eu entrego o meu corpo,
Eu entrego a minha alma,
Eu entrego todo o meu eu,
Tudo o que de mim possa existir,
Pois nelas quero sentir,
O passado que ainda está por vir,
O futuro que agora estou a sentir,
Todo o tempo que possa existir.

Nas tuas mãos,
Onde se concentra tudo o de ti.
Nelas leva,
Tudo o de mim.

segunda-feira, julho 09, 2007

Quando começa o Amor?


De tudo se conhece o início.
De uma conversa que se enceta,
De um texto que se escreve,
De uma obra que se realiza,
De um qualquer trabalho,
De tudo se conhece o início…
Menos do Amor.

Quando começa o Amor?

Quando o relógio ganha duas velocidades,
Uma muito lenta, quando estás longe,
Outra muito rápida, quando estou contigo?

Quando o dia assume as suas 24 horas,
E a noite passa a ser apenas, o dia sem a luz do sol?

Quando o azul do céu se torna brilhante,
E as nuvens são imagens de ti,
Que te mostram constantemente aos meus olhos,
E me fazem contigo sonhar em acto contínuo?

Quando o pensamento se torna autónomo,
E voa em movimento constante até ti,
Trazendo-me a imagem da tua voz,
O som do teu olhar,
O gosto do teu sentir,
Ou o cheiro das tuas palavras?

Quando se tornam,
Secas, as gotas da chuva?
Numa suave brisa amena, as rajadas do vento agreste e frio?
Numa sinfonia harmoniosa, o buzinar dos carros?
Em virtudes, todos os mais evidentes defeitos?
Em pormenores secundários, todas as mais evidentes imperfeições?

Quando começa o Amor?

Não sei a resposta.
Retrocedo o pensamento,
E não sei dizer.
Não sei dizer do quando da hora,
Do dia,
Sequer do mês.

Mas tenho para mim,
Que não sabendo o quando,
Talvez saiba o onde e até…
O como!

Tenho para mim,
Que o Amor começa nos lábios!

O Amor,
O verdadeiro Amor,
Começa na fina linha dos lábios,
Que forma um arco ascendente,
Involuntário,
De cada vez,
Que te vejo,
De cada vez,
Que para ti me dirijo,
De cada vez,
Que simplesmente,
Te penso!

E para mim,
O Amor começa assim:
Entre actos involuntários,
Cometidos em contínuo,
Sem que de muitos deles nos apercebamos,
Mas que acontecem,
Invariavelmente,
Apenas,
Simplesmente apenas,
Pela existência do outro,
Na nossa vida!

Eu não sei quando o Amor começa,
Mas sei,
Que ele existe,
Que ele é real,
Que ele faz tanto parte de mim como de ti,
E por isso,
Hoje…

A minha vida,
Tem sentido!





quinta-feira, julho 05, 2007

Uma noite destas


Uma noite destas... rapto-te!

Levo-te para um "qualquer lugar",
Onde te possa ter só para mim,
Onde possa calmamente beber de ti,
Explorar poro a poro a tua pele,
Assimilar um por um todos os teus odores,
Gravar em mim todos os sons que fores capaz de emitir,
Passear os meus lábios por todas as curvas do teu corpo,
Levar-te numa viagem a um lugar exclusivo,
Em que a música, sejamos nós,
Em que a cadência, seja a feita por nós,
Em que a dança seja, a que os nossos corpos,
E apenas eles, conheçam e comandem!

E no rescaldo,
Do cansaço,
Da febre,
Do orvalho de nós,
Espalhado pela nossa pele,
Murmurar-te-ei ao ouvido,
Palavras de um idioma único nosso,
E embalar-te-ei para um sono calmo,
Enquanto passeio a ponta dos meus dedos,
Pela textura única da tua pele,
Depositando assim no teu sentir,
Todos os meus desejos e quereres,
Quereres que gritarão,
O não querer que a noite termine.

E depois,
Depois de ter tudo o de ti, em mim,
Depois de ter tudo o de mim, em ti,
Depois do tudo,
Devolvo-te ao mundo.
E antes do nada,
Da tua ausência no novo dia,
Parto de mim,
Para um lugar,
Longe daqui,
Longe de mim,
Onde o estranho seja o denominador,
E cuja morada,
Apenas seja conhecida,
De mim,
E de um bilhete,
Que cuidadosamente,
Colocarei,
Num bolso,
Da tua Alma!

E então,
Lá longe,
Por ti,
Esperarei,
Até que um dos dias,
Te traga,
De forma plena,
E definitiva,
Para as minhas noites!

Por isso...
Por isso fica atento,
Prepara o teu corpo,
Prepara o teu coração,
Prepara o teu ser,
Que uma noite destas,
Uma noite destas...
...Rapto-te!

segunda-feira, julho 02, 2007

De Olhos Fechados



Hoje,
Escrevo de olhos fechados.
De olhos emocionalmente cerrados.

Faço-o,
Por ser desta forma,
Que se vivem as emoções mais intensas.

É de olhos fechados,
Que o melhor beijo ocorre;

É de olhos fechados,
Que as lágrimas mais salgadas correm;

É de olhos fechados,
Que melhor sinto o odor da tua pele;

É de olhos fechados,
Que me arrepio ao teu toque;

É de olhos fechados,
Que o orgasmo explode;

E porque hoje,
Quero sentir o crescer de cada letra,
Quero sentir o fluir de cada palavra,
Quero sentir pulsar de cada vírgula,
A cadência de cada ponto,
Hoje,
Escrevo assim,
De olhos emocionalmente cerrados.

Porque os meus sentires hoje vagueiam por outros mares,
Porque as imagens evocam pensamentos,
Lembranças de sentimentos envoltos em sentidos,
E não havendo imagem que me conduza,
Escrevo no escuro da luz,
No brilho do teu abrigo de ser,
No colo do teu olhar,
Que ainda há pouco me pegou pela mão,
E me carrega ainda agora,
Preso à última imagem que tenho de te ver,
Preso à primeira imagem que tenho de te sentir.

Porque as imagens são lembranças,
E eu hoje…
Eu hoje não te quero lembrar,
Eu hoje quero-te VIVER!

Quero-te sentir em todos os meus sentidos,
Quero-te sentir com todos os meus poros,
Quero ter em mim tudo o que o teu corpo tem de ti,
Quero ter para mim tudo o que tiveres no teu querer,
Quero ser capaz de te dar tudo para além do que puder ser,
Quero ser capaz de tudo fazer acontecer,
E quero tudo isto,
Assim:
Vislumbrado com os olhos dos sentidos!

E por isso,
Hoje,
Escrevo assim,
De olhos emocionalmente cerrados.

Porque o meu corpo,
Pede-me mais do que memórias,

Porque as minhas mãos,
Pedem-me mais do que memórias,

Porque o meu olfacto,
Pede-me mais do que memórias,

Porque os meus ouvidos,
Pedem-me mais do que memórias,

Eu hoje,
Quero sentir-te por tudo o que há de mim,
Quero acariciar-te por tudo o que há de ti,
Quero sentir todos os odores que tens de ti,
Quero ouvir todos os sons que sei de ti,
E por isso…

Por isso hoje,
Escrevo assim,
De olhos emocionalmente cerrados.

E eu escrevo,
E eu vou escrevendo,
E eu vou deixando o texto fluir,
Solto,
Livre,
No curso do meu sentir,
Porque eu sei,
Que quando por fim abrir os meus olhos,
Perante mim,
Todas as palavras,
Todas as letras,
Todas as vírgulas e até pontos finais,
Formarão o mais belo escrito que alguma vez
Serei capaz de escrever,
Pois todo ele,
Será,
Tão somente e apenas:

Um esboço de TI!

quarta-feira, junho 27, 2007

Sorriso

Respondendo a uma proposta da Lya, do Blog De veludo e Sangue, elaborei um texto, para que ela o "vestisse".
O extraordinário resultado final foi o que a seguir podem ver!
Espero que gostem tanto dele como eu.
Espero que o apreciem tanto quanto eu.
A ti Lya, o meu sincero e profundo MUITO OBRIGADO por este teu carinho!

"...We're too young to reason
Too grown up to dream
Now spring is turning
Your face to mine
I can hear your laughter
I can see your smile
No I can't escape
I'm a slave to love"

Não são apenas as tuas MãOs,
Essas MãOs,
Que sempre que estamos a sós,
Se estendem para mim,
Procurando as minhas,
Para me puxarem para ti.


Essas MãOs,
As mesmas que se entrelaçam nas minhas,
As mesmas que me pressionam de encontro a ti,
As mesmas que me cravam as unhas na pele,
As mesmas que me percorrem em actos
De carícias feitos.



Não são apenas os teus BrAçOs,
Esses BrAçOs,
Que se enrolam à volta do meu pescoço,
Que me abraçam de forma exploradora,
Que me afagam o corpo com intensidade,
Que me sentem como um todo,
De uma forma única.




Não é apenas a tua BoCa,
Essa BoCa,
De lábios finos e delineados,
Que quando pousa sobre a minha,
Se abre para um encontro de danças mil,
De beijos sôfregos e sorventes,
Tentativas frustradas de
Saciar uma enorme sede do outro,
Que à medida que ocorrem,
Falham por completo no seu intento,
Pois a sede,
Essa sede latente e premente,
Nunca diminui, apenas aumenta,
Deixando sempre crescente,
O Desejo por mais.





Não são apenas os teus OlHoS,
Esses OlHoS,
Tímidos espelhos de ti,
Que no silêncio falam com os meus,
Através de finos fios de conversa silenciosa,
Dando-me conta dos teus pensamentos,
Dos teus desejos inconfessados,
De momentos a dois, ao tempo resgatados.





Esses OlHoS,
Que quando em alinhamento perfeito com os meus,
Me conduzem ao mais interior de ti,
Ao centro do teu corpo,
Perscrutando-te a alma e os sentires,
Nos quais encontro palavras de mim,
Tantas palavras de mim,
Que me levam a perder-me em ti.





Não é apenas o teu CoRpO,
Esse teu CoRpO,
Miríade dos meus desejos,
Imensidão de pele que me embriaga os sentidos,
Mar de curvas em que me delicio e perco,
Que se abre para mim,
Numa entrega única e plena de seres,
Numa cumplicidade de quereres,
Numa confiança de gostares,
Que em conjunto com o meu,
Encena ritmos de sensualidade,
Ritmos de uma dança de amor única,
Em que cada um de nós,
Se torna simultaneamente dançarino e música.




Não é tanto tudo isto,
Tudo o que descrevi até agora.


É acima de tudo...

...O teu Sorriso!


É acima de tudo o teu Sorriso,
Esse teu Sorriso,
Aberto e radioso,
Que involuntariamente se te desenha nos lábios
Sempre que me olhas,
Que não consegues evitar
Sempre que me pensas,
Que te transporta assim,
Por entre a névoa dos dias,
Numa alegria intrínseca de ser,
Com a leveza de um sentir,
Que constitui para mim,
O que melhor define,
O que na realidade somos um para o outro,
O que de facto sentimos um pelo outro,
Tudo o que no fundo,
Em ti...
...Transportas de mim!



E nesse teu Sorriso,
Que de todos os gestos é o primeiro,
Nesse teu Sorriso,
Em que eu caibo por inteiro,
É nesse teu Sorriso,
Que quando o dia findar,
Eu quero por fim,
Ficar a repousar!






Escrito Por Brain


Composto por Lya