Dedicaste a vida a produzir cor. De uma forma ávida distribuir beleza. E num repente partiste. E agora o universo inteiro parece uma tempestade infinita de beleza. Beleza em dor. Que nenhum sentido literário ou estético é capaz de dissimular. Sei que queres alegria e celebração. Queres vida a brotar pela ponta dos dedos. Queres alegria a jorrar pelos olhos. Mas eu. Eu nem sequer sei como sorrir agora. Os meus dedos estão fechados sobre as mãos. Não têm forma de produção. Os meus olhos estão fechados para qualquer cor. E tudo o que sinto é esta escuridão. Dentro. Funda. Que me absorve. Que me anula.
Como sentir este momento agora?
Que sentido fazem as palavras quando nem a elas se bastam. Impossíveis de entender. E este medo que cresce. Que não pára. Porque é noite. Porque foi o absurdo que tomou o lugar. E tudo então parou. E o amanhã parece um lugar demasiado distante. Por sem ti. E eu só procuro um sentido. Uma ponta de luz por dentro do peito. Cada vez mais cansado. Do teu não respirar.
Aporto o meu barco.
O universo inteiro é agora uma tempestade infinita de beleza.
E nele tu.
A estrela maior.