terça-feira, novembro 09, 2010

Saudade


Saudades impossíveis de preencher
Sentires impossíveis de apaziguar

Parabéns
Mãe

quarta-feira, outubro 06, 2010

Quanto?


Quanto tempo dura a imensidão
de um dia inteiro de ti?

Quanto tempo pode viver em mim
uma única palavra vertida dos teus lábios?

Quanto tempo se pode prolongar
o sabor de um beijo teu na minha boca?



Uma vida inteira
é tão pouco tempo para te viver...

E no entanto...
É apenas isso que tenho disponível para ti.

terça-feira, julho 13, 2010

Atrás de ti, a tua sombra,
misturada com a penumbra do nosso quarto
após o teu bater da porta.

Não te seguiu.
Optou por ficar aqui.
Junto com o teu silêncio.

segunda-feira, julho 05, 2010

...

Há depois, claro, o silêncio.
Esse, que está no início e no fim de todas as coisas,
E que nos invade, com a força do mundo,
Esmagando-nos, contra nós próprios.

segunda-feira, abril 26, 2010

Um dia pela vida


Um dia acordas e descobres que o teu mundo mudou.
Um dia acordas e há uma voz que te diz,
Um número num papel que indica,
Que o diabo fez o ninho dentro de ti.

E num repente, tu já não és apenas tu,
E num repente, tu já não és senhor do teu destino,
Porque o diabo fez o ninho dentro de ti.

E tu sais para a rua,
Queres fugir de ti,
Queres arrancar-te por dentro,
Porque o diabo fez o ninho dentro de ti.

(…)

E agora…
Agora que sem chão, esbracejas líquido dentro de ti,
Agora que de repente te sentes perder até a tua sombra,
Agora que tu já não és mais apenas tu,

Ergues os olhos e pedes:
Um anjo da guarda que te abrace
E se guarde dentro de ti.

Ergues os olhos e esperas:
Um sorriso que te aqueça
E se guarde dentro de ti.

E em cada simples gesto teu,
Em cada sorriso teu,
Em cada olhar…
É apenas mais um dia que pedes.
Um dia após o outro.
Um dia de cada vez…

(…)

MAS TU NÃO ÉS APENAS UM AMANHÃ QUE PODE NÃO NASCER,
TU ÉS UM HOJE!
UM AQUI!
UM AGORA!

Mais que uma referência,
Que um número,
Que uma estatística,
Tu és um Ser!
Tens um nome!
Uma palavra agarrada a ti
Que te identifica
Que te diz
Que fala de ti
Que te faz presente!

NÃO DESISTAS DE TI!
NÃO DESISTAS DE TI!
NÃO DESISTAS DE TI!

SEMEIA CADA DIA!
SONHA CADA DIA!
VIVE CADA DIA!

E FAZ DE CADA DIA:

UM DIA PELA VIDA!!!

(texto escrito para abertura do "Espectáculo Poético" da Edita-Me, que teve lugar no Fórum Jovem da Maia, no âmbito do movimento "Um Dia pela Vida", a favor da Liga Portuguesa contra o cancro,)

sexta-feira, março 19, 2010

Posso eu ser?


Pode um rio nascer no meu peito,
E pela vida, correr sem leito,
Apenas para te encontrar,
E nessa foz que és tu, desaguar?

Pode uma flor brotar na minha pele,
Num desígnio de primavera sem fim?

Posso eu ser natureza, mar, margem ou vento,
Conter o sol nos meus olhos fechados,
Ou toda a lua no meu pensamento?

Posso eu ser um jardim por inventar?
Uma tela continuamente por pintar?
Palavra por falar?
Onda sem mar?

Posso eu ser poema para te cobrir,
Palavras para te vestir,
Ou simplesmente…
…poeta, para te sentir?

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Tu e o meu bolo de chocolate


Quero começar por te dizer que não gosto de bolo de chocolate. É daquelas coisas que pelo excesso me causam arrepios. Não me convencem. E para mim, um verdadeiro bolo de chocolate, tem de pecar em muito pelo excesso. Pelo absurdo até! Ou então, não será merecedor dessa designação.

O bolo de chocolate, tem de encher, preencher, transbordar todas as medidas.
Tem de ser provocador ao olhar.
Tem de despertar todos os nossos sentidos e (até) a nossa libido, pelo desejo (selvagem) de simplesmente: o DE-VO-RAR. De uma só dentada. De uma só vez. Por inteiro. Sem ses nem porquês.

E depois… demorá-lo na boca.
Acariciá-lo com a língua num bailado de puro deleite. Sentir-lhe todos aromas, todos os pequenos pormenores, todos os seus compostos até a partícula mais ínfima do adoçante que o compõe.

E no final: fechar-nos os olhos e rasgar-nos um enorme e descomprometido sorriso nos lábios!

Eu não gosto de bolo de chocolate.

Amo-te!

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Porta


Cheguei e já não estavas.
Faz tempo, muito tempo, que te foste embora durante a minha ausência.

Até hoje, não sei por que porta saíste.
Fechaste-as todas.

E eu,
Não o sabendo,
Não sei por onde te arrancar de mim.

terça-feira, fevereiro 09, 2010

minha palavra Saudade


Gostava de te conseguir mostrar,
A real dimensão da minha palavra saudade.

O tempo que ela encerra
para lá do que leva a proferir as suas três sílabas
mesmo que em todas elas se espacem pausas.

Os sentires que ela contém
muito além das suas sete letras
por entre todos os espaços que nelas se aninham.

Gostava de te conseguir mostrar,
A real dimensão da minha palavra saudade.

O quanto do encher do peito, só por te pensar,
O quanto do calor do arrepio, só por (não) te saber,
O quanto da dor do silêncio, pela tua não presença…

O teu prato (sempre) vazio e inerte na mesa,
Os grãos de pó que não se levantam por ti,
O soalho que não range pela força da tua passagem.

Gostava de te conseguir mostrar,
A real dimensão da minha palavra saudade.

Este acelerar
nesta calmaria doente,

Este estagnar
nesta correria demente,

Esta alegria
nesta tristeza premente,

Este simples q u e r e r
do teu sorriso…
…à minha frente.

Gostava de te conseguir mostrar,
A real dimensão da minha palavra saudade.

Mas não consigo.

terça-feira, fevereiro 02, 2010

Retorceste o momento


Retorceste o momento
Enrolando-o nos dedos
Girando-os em movimentos circulares
Como se a circularidade concêntrica do gesto,
Fosse capaz de reter no seu centro (que eras tu)
A magnitude do tempo. Dos segundos infinitos, em que fora de ti
todos os momentos ocorriam e tudo te pertencia,
mesmo que de ti, fosse coisa nenhuma.

Retorceste o momento
Enrolando-o nos dedos,
prendeste-o em ti e encurralaste-o no tempo.
Não para que o tempo parasse, mas para que o seu avanço
não desfizesse a magia do sentir.
Não o escreveste nas páginas, porque o querias só teu,
e as páginas são efémeras, mas o sentimento não.

Retorceste o momento e escreveste-o em ti,
Mas foi em mim que o selaste, com o lacre quente de um sorriso.