quarta-feira, fevereiro 25, 2009

...excerto...

Porque o tempo para as palavras tem sido pouco...
Porque as palavras que me povoam a mente têm sido canalizadas para o meu 3º livro... (o 2º será lançado no próximo mês)
Em jeito de um "obrigado" pela continuidade, pelo acompanhamento, pelos chamamentos, aqui partilho com todos um pouco dele.

"...
E voltou a beijá-lo profundamente. A beijá-lo com a força de uma maré baixa que se fazia praia. A beijá-lo com a vontade de uma tempestade que crescia. A beijá-lo com um sentir de ser maior, que crescia para ele próprio, que se tornava nele próprio, que era ele próprio para além dele próprio. E o beijo acontecia e o beijo crescia e as mãos que se juntaram ao beijo fizeram-se desejo, reinventaram o respirar. Procuraram-se os corpos. Os corpos uniram-se num abraço. Exploraram-se. As mãos eram elas. As mãos sentiam-se. Um ao outro. As mãos, os lábios, o beijo, sempre o beijo a acontecer, sempre o beijo a crescer. E o beijo transbordou. E o beijo inundou o corpo dela. Passou-lhe para a pele (de que ele não conhecia o odor). O beijo falava-lhe ao ouvido. O beijo dizia-lhe dele. E ela era nele. E a pele descobria-se para o avançar dos lábios. Passou-lhe para o pescoço. O beijo percorria-lhe o ombro. E as mãos dela, queriam a pele dele. E a pele mostrava-se. E os olhos viam-se. O beijo continuava. Mais pele. Sobre a pele. Toda a pele. E tudo ficou pele. Todo ele era pele. Toda ela era pele. E a pele pedia mais pele. A pele exigia mais pele. E então… ele vestiu-a por completo com a pele dele. Ele foi a pele que a revestia. Foi a pele que interiormente a continha, não a conseguindo no entanto nunca conter.
A música que transitara do dia mais longo que ainda não acabara, continuava a tocar e parecia agora ter sido colocada para aquele momento. Os corpos que se encontraram dançavam agora. Dançavam ao ritmo da música que parecia ter sido escolhida para aquele momento. Dançavam ao ritmo do pulsar. Dançavam livres, desenfreados, ao sabor das batidas, mas já não da música. Das deles. Das batidas deles, que cada vez cresciam mais. Mais. Mais. Mais. MAIS! E os corpos abrandavam. Mas as batidas não acompanhavam. As batidas eram mais lentas na descendência. As batidas eram mais exigentes na mudança, porque exigente era também o momento e as mudanças que ele trazia. As batidas. O respirar. Em uníssono. Como um só. A decrescer. Lentamente.

De cara encostada ao peito dele, ela respirava profunda serenidade. E no reflexo que a claridade que chegava de fora provocava, ele viu. Ele viu que ela de novo sorria. Sorria como uma missão cumprida. Como um objectivo atingido. Como um mais querer finalmente satisfeito. Ela estava. Ela era. Sorriso. Mas um sorriso diferente. Um sorriso pleno. Um sorriso que nunca lhe vislumbrara antes e que lhe dava a conhecer, uma nova faceta da Rita. Uma faceta mais íntima. Uma faceta mais… verdadeira.
..."