A vida é tão pequena.
O vento viaja por todos os muros. O mar salga todas as praias. E a solidão é tão grande.
Vivo em permanência
por trás desta porta à qual passos nenhuns teus se dirigem. Deito-me em
escuridão nesta cama e penso palavras com os lábios. Pronunciam-te. De olhos fechados
pergunto-me por onde vagueia a tua sombra. E tenho medo, sabes? Medo de te saber
noutro lugar. Medo de te saber com outro alguém. Saber-te que não aqui, por tua
vontade.
A vida é tão pequena.
O vento viaja por todos os muros. E a estrada está a ficar demasiado longa.
Tenho a casa vazia.
Quero ir-me embora. Mas não me movo. Permaneço neste carrocel. Com medo que
venhas e não me encontres. Me percas por um segundo de vida. Chegues e eu não
esteja aqui. Onde as horas já são tantas. Onde me deito nesta escuridão. Os
meus lábios pensam palavras que te pronunciam. O teu nome é uma palavra
demasiado funda no meu corpo. E todos os teus beijos vão azedando, um por um, na
minha boca.
Nenhum espelho aqui
lembra já o teu reflexo.
Talvez te vá
encontrar noutro lugar.
Talvez te vá
encontrar com outro alguém.
E o teu silêncio vá
ser maior que o mundo.
E apenas consigas dizer
o meu nome com os teus dedos.
Quando tocarem a tua pele.
Em todos aqueles pontos onde já não os meus.
(há tanto tempo que já
não os meus)
E então, saberei.