terça-feira, julho 31, 2007

Obrigado!


O post anterior, é um desabafo.
O post anterior, são palavras, pensamentos, sentimentos presos, num sentir sem tempo, num sentimento profundo de algo que não tem retorno.

No post anterior, obtive comentários vários, alguns de pessoas que pela primeira vez visitavam (ou comentavam) o meu espaço.

No post anterior, obtive comentários, reacções, que roçando a sensibilidade e sinceridade de cada um, me deram alento e me deixaram reconfortado naquilo que é uma ausência sentida.

Eu, não tenho por costume desde há algum tempo comentar os comentários que obtenho.
No entanto, desta vez, vou abrir uma excepção.

Como eu sempre costumo dizer: “A Amizade é algo que não se agradece. Vive-se e Retribui-se Vivendo-a!”
No entanto, desta vez, vou abrir uma excepção.

Porque foi um post para mim muito sentido, difícil de escrever, que saiu como um grito…
Porque foi um post que foi comentado com base em pensamentos e sentimentos de cada um, eu quero aqui, a cada um de vós, individualmente, deixar o meu:
Sincero e Profundo MUITO OBRIGADO!

E espero, no futuro, estar à altura do vosso carinho!

Brain.

sexta-feira, julho 27, 2007

12 de Novembro de 2006, 22:15



- Pai, vai chamar o enfermeiro…
- Hã ?!?!?!
- Vai chamar o enfermeiro…
- O que é que foi?
- A Mãe… já está…
- Já está o quê?
- A Mãe, Pai… já não respira… A Mãe, Pai… já partiu…

E ele sai do quarto e eu permaneço, ali, a olhar-te…
No corredor, ao fundo ouço:

- …é que parece que ela não está a respirar…

Pai, ainda não acreditas, não é? Ainda te custa…
Pois… eu sei… aquela esperança… aquele não querer interior que seja verdade…
Pois… eu sei Pai… eu sei…

E eu permaneço, ali, a olhar-te…
O teu corpo imóvel… tão quieto… tão parado… o teu corpo… a tua boca… já não respira…

Sabes Mãe, quando cheguei de jantar e te olhei, imediatamente soube.
Imediatamente soube que estavas na caminhada final.
Não sei como, nunca tinha assistido antes a ninguém a fazer essa travessia, mas…
O que é facto é que mal te vi… mal te vi soube-o!

E logo que me sentei ao teu lado vi… vi o teu esforço para cada expiração e senti…
Senti esse esforço a rapidamente se suavizar, quando te comecei a acariciar o braço Mãe…
Enquanto com o pensamento te dizia:
- Descansa Mãe… descansa… deixa-te ir… descansa…

Será que sabias que era eu?
Nunca abriste os olhos desde que cheguei…
Será que sabias que era eu?

Sabias que te acompanhara todo o dia, esse longo domingo, que começou às 7:30, com a nossa chamada para o INEM, seguida da tua ida para o hospital na ambulância - e eu a conduzir como um louco atrás da ambulância… e a espera por noticias… e o Pai sozinho lá dentro (não contigo como pensava – soube-o depois) e o Pai passado tanto tempo… a sair… e a frase… a frase atrapalhada, com as palavras embrulhadas na revolta dos sentimentos que o nó na garganta agarrava:

- Dizem que não podem fazer nada. Dizem que já está em processo de falecimento. Dizem para decidir se quero que fique aqui ou se vai para casa.

E os olhos Pai… os olhos que albergavam toda a angústia do mundo…
os olhos num apelo surdo perguntando-me: “O que faço? O que fazemos?”

E aquele peso… o peso do mundo inteiro em cima de ti…
O peso de toda a vossa vida a dois, sempre juntos, sempre íntimos, unidos, cúmplices, concentrado naquele momento, nas tuas mãos, na tua necessária e obrigatória decisão…

E aquele peso, que com o teu apelo mudo… te ajudei a carregar…
Que tomei sobre mim como se fosse meu… porque era mesmo meu…
Aquele peso… que ainda hoje sinto parte…
Aquele peso… que como chumbo saiu agarrado às minhas palavras…
Aquelas, as únicas que olhando-te nos olhos te consegui dizer:
- Deixa Pai… deixa que eu trato disto!

E eu a entrar naquela urgência Mãe… e com um aceno de cabeça e um sorriso que tu também, a muito custo, de máscara posta, me retornaste… no teu último olhar nos meus olhos…

Nem uma palavra!
Nesse dia, no teu último dia de vida Mãe, nem uma palavra tua ouvi!
Nesse dia, no teu último dia de vida Mãe, nem uma palavra minha, directamente, para ti, tu ouviste de mim…
De mim… homem de tantas palavras…
Nesse dia Mãe… nesse dia só o pensamento falava…
Só o pensamento falava Mãe, o que os sentimentos transbordavam em torrentes de não quereres…

( - - - )

E são tantas as vezes…
São tantas as vezes em que estas memórias do teu último dia me assolam Mãe…
Não outras, não mais, apenas estas…

No dobrar de uma esquina do tempo,
No fim de uma qualquer palavra,
No início de uma viagem de carro,
Numa imagem solta,
Num silêncio momentâneo que inadvertidamente se instala,
Na noite,
No dia,
Num desejo,
Num querer inexplicável,
Num sorriso da tua neta,
Lá estão elas,
Como que à espera por mim,
Como uma inevitabilidade incontornável,

E um nó…

Um nó que aperta,
Cada vez mais fraco,
Mas que sempre aperta,
E as lágrimas sobressaem,
E o pensamento voa,
Assente num fio invisível,
Entre Ti e o Pai,
Esse homem,
Referência de Ser,
Que sempre te soube,
Que sempre te acompanhou,
Que sempre te complementou…

O Pai Mãe,
Com quem agora almoço frequentemente,
Com quem troco agora mais palavras,
Com quem agora sou mais filho,
Mais do que alguma vez fui,
E isso…
Isso a custo da tua partida Mãe,
Da tua partida física,
Porque hoje Mãe,
Hoje,
Sinto-te mais do que nunca!

Beijo para Ti…

segunda-feira, julho 23, 2007

Curtas 10 – Palavras de um Amor adiado



Foi com tristeza que te vi cruzar a ombreira da porta, sem ter provado o sabor de um beijo teu.

Eras tu quem partia e o sabor da visão das tuas costas, ficou pendurado no céu da minha boca, como o amargo de um dia mal passado, pela ideia constantemente presente de que hoje, não te teria em meus braços.

E até as palavras, essas que em qualquer outro dia me encheriam quase por completo, até mesmo essas tiveram um sabor a pouco.
Um sabor a tão pouco, como uma pintura multicolor, de cores vivas e brilhantes, transposta para uma mera escala de cinzentos.

E foste tu que partiste e eu que fiquei. Eu que fiquei sentado nesta cadeira, no tempo suspenso, com as mãos sobre as teclas, parado, vazio de ti.

E a ideia que a seguir me assolou foi simplesmente aterradora: "E se por um qualquer motivo fosse esta a última vez que eu te vira?"

Não são as tuas costas que eu quero lembrar,
Não é este sentimento de vazio que eu quero sentir,
Não é o amargo de boca que eu quero que fique sobreposto ao sempre doce sabor dos nossos beijos,
Não é a tristeza imensa, que neste momento me povoa, que eu quero que fique,
No final de nós,
No final de um qualquer dia.

Nós somos a loucura saudável,
Nós somos a irresponsabilidade responsável,
Nós somos o doce derramado sobre o fel,
Nós somos as palavras que nunca sobram e sempre faltam,
Nós somos a alegria do e pelo existir,
Nós somos escritos, sons, imagens e sentires,
Nós somos êxtase,
Nós somos carne, pele, sentidos,
Nós somos sonho, ilusão,
Nós somos realidade vivida com alma e ardor,
Nós somos tudo! Mesmo não sendo nada...

E tu,
Furacão de mim,
Noite da minha insónia,
Desvario da minha razão,
Desvio da minha rota vida,
Paixão consentida, vivida e sentida,
Tu,
Carregas neste momento contigo,
A minha alegria,
A minha luz interior,
Todos os meus desejos e vontades,
Todo o meu querer de um amanhã por vir,
A energia que faz o sangue correr nas veias,
E deixaste ficar em mim,
Aqui,
Assim,
Apenas,
O desalento,
De um dia ter passado,
E eu,
Não te ter condignamente,
Feito sentir,
O quanto te amo!

E se a certeza do teu amanhã,
For a inexistência do meu ser,
Eu quero que saibas,
Eu quero que sintas,
Que tu pulsas em mim,
(Oh, Quanto tu pulsas em mim,)
E que és TU,
A última imagem,
Pensamento,
Fôlego,
Pulsar,
Respiro,
Que em mim ocorre,
Diariamente.
Invariavelmente!

E o futuro,
Que teimo em não querer pensar,
Que teimo em adiar,
Que teimo em fazer por não me influenciar,
Esse,
Que com verdade te digo,
Dificilmente o vejo em pleno ao teu lado,
Com a mesma verdade te digo,
Dificilmente o equaciono sem ti.
E esta verdade,
Que neste momento vivo,
Que sendo a maior contradição de mim,
É a que sinto como mais verdadeira da minha existência.

E com a mesma força que
Te desejo,
Te sinto,
Te tomo nos braços,
Te acaricio,
Te beijo,
Com essa mesma força,
Eu te digo que te Amo,
E te/me pergunto:
"O que vou eu fazer de nós?"

E o futuro não "me importa",
Os condicionalismos do presente,
Não me interessam,
Desde que…
Desde que,
Eu te possa ter para mim,
Sempre,
Diariamente,
Pelo menos,
Sob a forma de um beijo.

Isto,
É claro…
Enquanto…
Enquanto tu me quiseres também!

segunda-feira, julho 16, 2007

Hoje não vou falar de ti


Hoje não vou falar de ti.

Hoje,
Vou falar do depois de ti,
Do sem ti.

Hoje,
Não te vou falar nas noites que contigo passo,
Naquelas que não querem acabar,
Naquelas em que não durmo
Só para poder estar mais tempo contigo,
Naquelas em que juntos,
Abraçados, de dedos entrelaçados,
Vemos as cores do novo dia a nascer.

Hoje,
Vou-te falar das madrugadas,
Que as ausências de ti,
Me ensinaram a conhecer,
Da falta de posição na cama,
Da falta de sono,
Das coisas que me ocorrem,
Das memórias que embrulham a saudade,
Dos gritos contidos no peito,
Do nome que proferido em surdina,
Ecoa nas profundezas do meu ser.

Hoje,
Não te vou falar das músicas que juntos ouvimos,
Dos versos que te canto em sussurro,
Dos ritmos que com a boca trauteio,
Ou dos ritmos com que balanceio o corpo.

Hoje,
Vou-te falar das melodias que me povoam a mente,
Em memórias contínuas de ti,
Em memórias contínuas de nós,
Que me inundam o corpo,
E me fazem sentir as vibrações,
Vindas do interior de mim.

Hoje,
Não te vou falar do incontrolado batimento,
Que quando estamos juntos,
Se torna impossível de segurar.

Hoje,
Vou-te falar de como bate apressadamente o coração,
Na ânsia incontrolada de contigo estar,
Quando para o local onde estás me dirijo,
Em que cada centímetro se faz metro,
Em que cada segundo se faz minuto,
Em que cada auto-estrada, se faz caminho.

Hoje,
Não te vou falar dos teus braços e abraços,
Dos teus lábios e beijos,
Das tuas mãos,
Dos teus seios,
Da tua pele,
Nem do teu cheiro.

Hoje,
Vou-te falar da lua,
De como gosto de a olhar,
Sentindo que estarás a fazer o mesmo,
E num pensamento,
Um beijo na brisa te enviar,
E saber-te a recebê-lo,
No mesmo momento.

Hoje,
Não te vou falar do quanto gosto de contigo estar,
Do sempre querer estar ao teu lado,
Dos teus carinhos e carícias,
Do passear das tuas mãos pelas minhas costas e braços,
Das tuas unhas cravadas na minha pele,
Do teu corpo colado ao meu suplicando um pelo outro,
Dos cotovelos queimados pelos teus lençóis,
Nem dos músculos doridos da jornada.

Hoje,
Vou-te falar das ruas desertas de ti,
Das horas vazias do teu ser,
Das páginas em branco dos livros que leio,
Das músicas sem notas que ouço,
Das palavras sem sílabas que profiro,
Das palavras sem letras que escrevo,
De tudo aquilo que não existe,
Simplesmente,
Porque tu,
Não estás!

Hoje,
Não te vou falar nem escrever,
Não te vou chamar nem dizer,
Não te vou tudo querer mostrar nem explicar.

Hoje,
Vou-te simplesmente enviar um beijo na brisa,
Com o sabor do vento que me varre a face,
Com a textura do mar que me gela as pernas,
Com o som das páginas de um livro por escrever,
Com o aroma das memórias que tenho de ti.

E Tu,
Recebe este beijo,
Este beijo meu,
Daqueles que só nós conhecemos,
Daqueles que apenas em nós acontecem,
Daqueles que nos excitam por dentro e por fora,
Daqueles que nos percorrem o corpo desde os lábios,
Daqueles que em cada papila se tocam e trocam,
Daqueles que de uma forma única nos dizem:

Eu sou Tu, e estou aqui,
Tu és Eu, e aqui estás!

Beijo...

sexta-feira, julho 13, 2007

Nas tuas mãos


Nas tuas mãos,
Pouco ou nada gosto de decidir.

Nas tuas mãos,
Entrego-me em deleite supremo,
Numa esperança de ser e de sentires,
Em que anseio pelo que já tarda,
Pois de ti eu nada temo,
E mesmo sem o definires,
Desejo tudo o que me aguarda.

Nas tuas mãos,
Onde todo eu ardo e me consumo,
Onde todo eu me perco e me deslumbro,
É nessas mãos que eu me resumo,
Ao ser que apenas por ti existe. Eu assumo!

Nas tuas mãos,
Essas que com as minhas alinho,
Num desalinho feroz de sentir,
As tuas pelas minhas a pedir,
No teu corpo pelo meu a subir,
Tentação na qual desejo cair,
Seguindo com elas o caminho,
E sentindo todos os chãos.

Nas tuas mãos,
Eu entrego o meu corpo,
Eu entrego a minha alma,
Eu entrego todo o meu eu,
Tudo o que de mim possa existir,
Pois nelas quero sentir,
O passado que ainda está por vir,
O futuro que agora estou a sentir,
Todo o tempo que possa existir.

Nas tuas mãos,
Onde se concentra tudo o de ti.
Nelas leva,
Tudo o de mim.

segunda-feira, julho 09, 2007

Quando começa o Amor?


De tudo se conhece o início.
De uma conversa que se enceta,
De um texto que se escreve,
De uma obra que se realiza,
De um qualquer trabalho,
De tudo se conhece o início…
Menos do Amor.

Quando começa o Amor?

Quando o relógio ganha duas velocidades,
Uma muito lenta, quando estás longe,
Outra muito rápida, quando estou contigo?

Quando o dia assume as suas 24 horas,
E a noite passa a ser apenas, o dia sem a luz do sol?

Quando o azul do céu se torna brilhante,
E as nuvens são imagens de ti,
Que te mostram constantemente aos meus olhos,
E me fazem contigo sonhar em acto contínuo?

Quando o pensamento se torna autónomo,
E voa em movimento constante até ti,
Trazendo-me a imagem da tua voz,
O som do teu olhar,
O gosto do teu sentir,
Ou o cheiro das tuas palavras?

Quando se tornam,
Secas, as gotas da chuva?
Numa suave brisa amena, as rajadas do vento agreste e frio?
Numa sinfonia harmoniosa, o buzinar dos carros?
Em virtudes, todos os mais evidentes defeitos?
Em pormenores secundários, todas as mais evidentes imperfeições?

Quando começa o Amor?

Não sei a resposta.
Retrocedo o pensamento,
E não sei dizer.
Não sei dizer do quando da hora,
Do dia,
Sequer do mês.

Mas tenho para mim,
Que não sabendo o quando,
Talvez saiba o onde e até…
O como!

Tenho para mim,
Que o Amor começa nos lábios!

O Amor,
O verdadeiro Amor,
Começa na fina linha dos lábios,
Que forma um arco ascendente,
Involuntário,
De cada vez,
Que te vejo,
De cada vez,
Que para ti me dirijo,
De cada vez,
Que simplesmente,
Te penso!

E para mim,
O Amor começa assim:
Entre actos involuntários,
Cometidos em contínuo,
Sem que de muitos deles nos apercebamos,
Mas que acontecem,
Invariavelmente,
Apenas,
Simplesmente apenas,
Pela existência do outro,
Na nossa vida!

Eu não sei quando o Amor começa,
Mas sei,
Que ele existe,
Que ele é real,
Que ele faz tanto parte de mim como de ti,
E por isso,
Hoje…

A minha vida,
Tem sentido!





quinta-feira, julho 05, 2007

Uma noite destas


Uma noite destas... rapto-te!

Levo-te para um "qualquer lugar",
Onde te possa ter só para mim,
Onde possa calmamente beber de ti,
Explorar poro a poro a tua pele,
Assimilar um por um todos os teus odores,
Gravar em mim todos os sons que fores capaz de emitir,
Passear os meus lábios por todas as curvas do teu corpo,
Levar-te numa viagem a um lugar exclusivo,
Em que a música, sejamos nós,
Em que a cadência, seja a feita por nós,
Em que a dança seja, a que os nossos corpos,
E apenas eles, conheçam e comandem!

E no rescaldo,
Do cansaço,
Da febre,
Do orvalho de nós,
Espalhado pela nossa pele,
Murmurar-te-ei ao ouvido,
Palavras de um idioma único nosso,
E embalar-te-ei para um sono calmo,
Enquanto passeio a ponta dos meus dedos,
Pela textura única da tua pele,
Depositando assim no teu sentir,
Todos os meus desejos e quereres,
Quereres que gritarão,
O não querer que a noite termine.

E depois,
Depois de ter tudo o de ti, em mim,
Depois de ter tudo o de mim, em ti,
Depois do tudo,
Devolvo-te ao mundo.
E antes do nada,
Da tua ausência no novo dia,
Parto de mim,
Para um lugar,
Longe daqui,
Longe de mim,
Onde o estranho seja o denominador,
E cuja morada,
Apenas seja conhecida,
De mim,
E de um bilhete,
Que cuidadosamente,
Colocarei,
Num bolso,
Da tua Alma!

E então,
Lá longe,
Por ti,
Esperarei,
Até que um dos dias,
Te traga,
De forma plena,
E definitiva,
Para as minhas noites!

Por isso...
Por isso fica atento,
Prepara o teu corpo,
Prepara o teu coração,
Prepara o teu ser,
Que uma noite destas,
Uma noite destas...
...Rapto-te!

segunda-feira, julho 02, 2007

De Olhos Fechados



Hoje,
Escrevo de olhos fechados.
De olhos emocionalmente cerrados.

Faço-o,
Por ser desta forma,
Que se vivem as emoções mais intensas.

É de olhos fechados,
Que o melhor beijo ocorre;

É de olhos fechados,
Que as lágrimas mais salgadas correm;

É de olhos fechados,
Que melhor sinto o odor da tua pele;

É de olhos fechados,
Que me arrepio ao teu toque;

É de olhos fechados,
Que o orgasmo explode;

E porque hoje,
Quero sentir o crescer de cada letra,
Quero sentir o fluir de cada palavra,
Quero sentir pulsar de cada vírgula,
A cadência de cada ponto,
Hoje,
Escrevo assim,
De olhos emocionalmente cerrados.

Porque os meus sentires hoje vagueiam por outros mares,
Porque as imagens evocam pensamentos,
Lembranças de sentimentos envoltos em sentidos,
E não havendo imagem que me conduza,
Escrevo no escuro da luz,
No brilho do teu abrigo de ser,
No colo do teu olhar,
Que ainda há pouco me pegou pela mão,
E me carrega ainda agora,
Preso à última imagem que tenho de te ver,
Preso à primeira imagem que tenho de te sentir.

Porque as imagens são lembranças,
E eu hoje…
Eu hoje não te quero lembrar,
Eu hoje quero-te VIVER!

Quero-te sentir em todos os meus sentidos,
Quero-te sentir com todos os meus poros,
Quero ter em mim tudo o que o teu corpo tem de ti,
Quero ter para mim tudo o que tiveres no teu querer,
Quero ser capaz de te dar tudo para além do que puder ser,
Quero ser capaz de tudo fazer acontecer,
E quero tudo isto,
Assim:
Vislumbrado com os olhos dos sentidos!

E por isso,
Hoje,
Escrevo assim,
De olhos emocionalmente cerrados.

Porque o meu corpo,
Pede-me mais do que memórias,

Porque as minhas mãos,
Pedem-me mais do que memórias,

Porque o meu olfacto,
Pede-me mais do que memórias,

Porque os meus ouvidos,
Pedem-me mais do que memórias,

Eu hoje,
Quero sentir-te por tudo o que há de mim,
Quero acariciar-te por tudo o que há de ti,
Quero sentir todos os odores que tens de ti,
Quero ouvir todos os sons que sei de ti,
E por isso…

Por isso hoje,
Escrevo assim,
De olhos emocionalmente cerrados.

E eu escrevo,
E eu vou escrevendo,
E eu vou deixando o texto fluir,
Solto,
Livre,
No curso do meu sentir,
Porque eu sei,
Que quando por fim abrir os meus olhos,
Perante mim,
Todas as palavras,
Todas as letras,
Todas as vírgulas e até pontos finais,
Formarão o mais belo escrito que alguma vez
Serei capaz de escrever,
Pois todo ele,
Será,
Tão somente e apenas:

Um esboço de TI!