Percorro os
pontos, todos, porque os cardeais não são os teus.
Norte. Sul.
Apenas indicações em placas que não te descrevem.
Nunca foste
de direções absolutas.
Tal como a
bala que no fim da trajetória vai para onde o vento a leva,
também tu segues
por caminhos que à partida desconheces
apenas com a
única certeza de não saberes onde irás chegar.
Num caminho
se que faz absolutamente teu, por sem mim.
Sem o meu
sussurro no teu ouvido. Sem o meu arrepio na ponta dos teus dedos.
Sem o meu
calor no teu ventre.
Quis saber
do teu trajeto, porque me queria em ti. Leme dos teus (possíveis) caminhos. Mas
o vento.
Partes.
Vais. Segues.
Não sabes
onde.
Não sabes
como.
Não
interessa.
Vais.
Chegas.
E eu
estremeço todas as vezes.
Por não
saber.
Se sou ponto
de partida.
Ou de
chegada.
Num "mundo de loucos", em que as relações interpessoais muitas vezes nos "passam ao lado", vamos, com base nas nossas vivências e alguma imaginação à mistura, fazer deste cantinho um centro de reflexão e de diversão.
sábado, março 25, 2023
COORDENADAS
sábado, março 18, 2023
O FOGO
Aquele foi o momento. Deu por si no meio da casa a arder. Aquela que era a sua. Em formato de vida. Tendo de escolher sobre o que salvar, escolheu o fogo. O que mais se assemelhava a ela. Por querer preservar-se. Manter-se viva. Sobreviver ao desaire. No culminar da surpresa.
Depois disso, foi cinza. Fénix. Renascimento. Nova vida. Porque novas
possibilidades. Novas razões. E então quis saber do mundo. Quis saber do que (já)
não era. Quis saber de tudo do agora. E, porque (ainda) as mesmas vontades, quis
saber dele.
Foi ainda sentindo o ardor do fogo na pele bem como no
interior de si mesma, que ao fim de todos aqueles anos que os separavam, num
rasgo de (difícil) coragem, lhe falou. Como se fala a um novo velho conhecido.
Porque assim eram. Em perto. Em íntimo. Contínuo. Mas há tanto tempo.
Quis dizer-lhe dos quereres. Quis dizer-lhe dos todos e quis dizer-lhe dos
nadas. Mas no momento não o sabia. Como ele não a sabia a ela. E foi a medo,
mas com todas as vontades. Foi a medo, mas com todas as palavras. Acumuladas. De
todos aqueles anos. De todas as ausências. De todas as urgências. Abafadas. Até
de si. Não sabendo o que esperar. Que premiu o botão.
Dividida entre o (profundo) querer e a (falsa) esperança que
não. Entre o querer, mas não saber o que esperar. O acreditar na resposta, mas
(até) chegando a duvidar da mesma. Que ficou a olhar o monitor. Algumas poucas (longas)
horas. Em espera infinita. Tempo em excesso. Até que o brilho. Até que o
retorno. Sem reservas. Sem limites. Em continuidade de tudo o que (até então)
não tinha sido. Como um hiato temporal anulado instantaneamente por um
acontecimento de vida. Mas com (muito mais) vontades. Com (muito mais)
intensidade. Com (ainda mais) vida. A que era dele. E (agora) também dela.
Porque há fogos que nos consomem, mas que por isso nos
renascem.
E por isso, os chegar a desejar. E por isso o neles mergulhar.
Do qual só lemos o fim.
E nada mais interessa.
sábado, março 11, 2023
É CURTO ESTE ESPAÇO
É curto este espaço entre nós.
Uma mão que se estende. Um caminho que se percorre.
E uma eternidade até que as nossas vozes se fundam.
Tens o meu rosto que te espera. Que sorri para os teus olhos.
Eu tenho esta tua luz. Que carregas no teu sorriso.
E que quando me atinge ilumina toda a minha pele. Em arrepio. (sempre
em arrepio)
Porque a minha pele não existe sem a tua.
E ambas são tempo. Em espera.
Espera que se esvai neste Amor profundo. No qual eu só existo por ti.
Solto pelas horas dos dias.
Preso pela ânsia do teu olhar ancorado no meu. Numa conversa única. Sem
palavras.
Em que num só momento, todos os instantes.
Num só momento, a vida inteira.
Hoje, já não somos tempo.
Tempo que leva os instantes em que não estamos.
Hoje, somos apenas presente. Este.
Em que tu me olhas.
Em que o teu sorriso me ilumina através das tuas pálpebras fechadas.
Em que o sangue ferve sob a pele – E todas as urgências.
Em que me enches os poros de um odor único. Só teu.
No qual eu caibo inteiro. Sem nunca me saber. Nem o querer.
E que se transforma neste tempo.
E que é só nosso.
sábado, março 04, 2023
QUERO-TE
Sabes Amor, há coisas que não te sei explicar.
O sorriso que me provoca um raio de sol num fio do teu
cabelo. O arrepio que me percorre quando me invades com o olhar. A poesia que
sempre encontro espalhada no teu ventre. E até a razão que existe entre a
distância dos teus lábios e a ponta dos meus dedos. Em carinho. Em Amor. Até ao
fim do toque. Para o beijo. Em braços. Em corpos.
São vários os mistérios para os quais não tenho resposta.
Sei que no alto do meu desejo, te quero sem medida. Que
estás no final de todos os meus sonhos. Que encontro sinais de ti até onde não
estás. Sem surpresa. Mas (sempre) em encantamento. Sei que é no teu beijo que melhor
me encontro. Na tua pele que mais existo. E que é na tua voz, em profundo, em
sussurro, em delírio, que mais gosto de ouvir a palavra que me nomeia. No final
dos meus dias, todos, em que durante os seus momentos, formulo loucuras com as
sílabas do teu nome. Porque todo este esplendor. Que não passa. Porque todo
este vislumbre. Que não cessa. Porque todo este ardor. Que não termina. Nunca.
Em calor. Contínuo.
Por isso, Meu Amor, não me peças explicações para Ti.
Porque nós não somos explicáveis. Nós existimos(-nos). Não
somos justificáveis. Nós somos(-nos). Temos(-nos). Sem necessidade de explicações.
Sem necessidade de justificações. E tudo ocorre em normal anormalidade. Porque
assim é. Porque assim tem de ser.
Até ao limite, do todo, de cada um de nós.