segunda-feira, maio 21, 2007

Penso-te (Domar o pensamento – Parte I)

Como um respirar,
Automático,
Autónomo,
Necessário à vida:
Hoje, eu penso-te.

Como uma brisa morna,
Que me aquece num dia de frio,

Como um raio de sol que me espreita,
Por entre nuvens densas de chuva,

Como o reflexo do luar espelhado no mar,
Que me brinda surpreendentemente,
No final de uma curva,

Como o destino a atingir,
No final da viagem que já vai longa,

Como a voz que quero ouvir,
Do outro lado do toque do telefone,

Como tudo aquilo,
Que me surpreende,

Como tudo aquilo,
Que me agrada,

Hoje,
Eu penso-te!

Penso-te,
E penso naquela noite.

Penso-te,
E penso nos teus beijos,
Que não me mataram a sede de ti,
Mas que a aumentaram à medida que ocorriam.

(E sinto a tua boca ainda na minha…)

Penso-te,
E penso na tua pele,
Onde cada passeio de lábios,
Incentivava mais uma viagem.

(E consigo sentir ainda o teu sabor…)

Penso-te,
E penso no teu pescoço,
Que em cada arquear se expunha,
Convidando a mais um saborear.

(E seu odor ainda me invade…)

Penso-te,
E penso nos teus lóbulos,
Transformados em centro de prazer,
Onde a minha língua se deliciou.

(E ainda ouço a tua voz a dizer para parar,
Num tom, revelador do desejo que continuasse…)


Penso-te,
E penso nas tuas palavras soltas,
Frases de desabafo e desejo,
Largadas em sussurro para a noite.

(E o meu peito ainda se enche,
Por saber o prazer que te proporcionava…)


Penso-te,
E penso nos teus olhos,
Que se cerravam para cada sentir,
De forma mais intensa e profunda fluir.

(E ainda vejo as pálpebras no seu caminho lento,
Uma de encontro à outra…)


Penso-te,
E penso no teu corpo,
Trémulo a cobrir o coração que palpitava,
Quando naquela noite, os dois fomos um.

(E só desejava poder abraçá-lo de novo…)

Penso-te,
E penso nas tuas mãos,
A percorreram-me para te sentir,
E a de forma leve e suave,
Me acariciarem para por fim dormir.

(E a minha pele arrepia-se no seu caminho imaginado…)

Penso-te,
E penso nos teus braços,
Entrelaçados nos meus,
Quando deitados, voltados para a janela,
Vislumbramos o céu pintado,
Com as cores do sol a nascer.

(E ainda hoje quando fecho os olhos,
É sempre essa, a última imagem do dia…)


Penso-te,
E penso naquela noite,
Que sendo só nossa,
Não queria acabar.

(E que por mim se repetiria diariamente,
Até à noite de hoje e para todo o sempre…)


Penso-te,
E quero-te pensar!

Lembro-te,
E quero-te lembrar!

Pois não te tendo,
Pensar-te,
É sentir-me vivo,
É sentir o sangue a correr-me nas veias,
É sentir o palpitar incontrolado no peito,
É sentir arrepio de pele,
É sentir odor de desejo,
É sentir tudo!

Mesmo não tendo nada!

26 comentários:

Raquel Branco (Putty Cat) disse...

Fantástico, Brain!

Pergunto: pq razão queremos nós domar o pensamento?

Eu prefiro-o assim, livre, selvagem, indomável.

Não quero o meu pensamento engaiolado, qual animal.

Quero arranhar, atacar e atiçar algumas mentes por aí!

Só assim vale a pena.
Só assim me reconheço.

(E tenho "unhas" para isso!!!)


Parabéns pelos posts. Bem dignos do seu autor.

Estranha pessoa esta disse...

Venho "Reclamar" daqui a pouco :P

Passei a 'voar'.
Volto noutro instante, sem o pensamento domado ....

Sha disse...

Tu tens esse dom: de nos domar o pensamento... fazendo-o voar e sentir livremente!

Ler-te é um prazer!!

Bjo muito fofo!

Anónimo disse...

Excelente!!!!!

Quando aquilo que pensamos, não nos faz sentir bem, não é bom para nós, o melhor é mesmo ter essa capacidade de domar o pensamento e no fim acabarmos com um sorriso.

Beijos
TUA

PS: precisava de domar melhor o meu pensamento para começar a pensar menos em ti, pois ocupas o espaço todo na minha mente (hi,hi,hi)

Pharaoh disse...

Magníficos os dois escritos.

Realmente uma escrita propícia a uma leitura atenta, tal como já antes lho tinha dito. Apraz-me muito que assim seja, porque também assim e como leitor eu o faço e gosto de o fazer.

Quanto ao domar o pensamento, muitas vezes tenho colocado essa questão a mim próprio. Não propriamente o pensamento, porque esse tal como o sonho, é imortal na liberdade com que se reveste e com que investe sobre realidade.

Talvez e aí sim, antes na forma de como expor esse mesmo pensamento sem que por tal, estejamos a incorrer no subterfúgio da máscara de um pretender transformado em pretendido, ou quem sabe até extrapolando a um extensível gesto que não se apresentando como tal, efectivamente ele o é. E tudo tão só na finalidade apenas de tapar os olhos aos mais incautos, na esperança de que a distracção seja invocada sempre que esta se justificar. Torna-se mais fácil e descartavél assim, o sentido e a profundidade dessa forma atribuídos às coisas.

Eu pessoalmente, se algum dia domei o meu pensamento ou a forma de o expor, nunca por tais motivos o foram, tiveram sim e sempre o cuidado da relevância que atribuo ao zelo que presto e prestarei sempre a todas as pessoas e coisas que muito prezo e muito me são queridas.

Quanto à reclamação quem poderia sequer congeminá-la perante estes magníficos textos assim tão sentidos e tão perfeitamente perceptíveis.

Aliás, se houver reclamação será sem duvida:

Queremos mais textos assim


Magnífico, espero é que me desculpe por estes papiros enormes que deixo nos meus comments [ainda por cima, sem saber se sou ou não, por si e aqui bem recebido, resta-me esperar que sim. Se tal não for esse o caso faça favor...]

Abraços e cumprimentos


CH2OH

Cris disse...

è na ausência, no nada que nos apercebemos de "tudo" que nos faz falta!

Texto fantástico!

C.

HNunes disse...

Continua com esse sentir e não pares de pensar.
Bjos
P.S- qdo puderes espreita o meu canto

Alex disse...

E eu que demorei este tempo todo a encontrar-te. Que força têm as tuas palavras. Que eco.
Atei as amarras. Não volto a largar barra fora.
Obrigada.

Pharaoh disse...

Obrigado pelas tuas palavras Brain.

Serás também e sempre bem vindo ao meu espaço :)

Quanto ao termo papiros e a escolha que assim deixei a teu critério, deveu-se como depreendeste certamente da extensão do meu comentário. Falta de prática ou capacidade de síntese pela minha parte, talvez...

mas fico satisfeito por assim não o entenderes e me o tenhas dito.

Mais uma vez,

Um Abraço e um tudo de bom


:)


CH2OH

Isabel disse...

Penso que o teu pensamento ainda que domado é indomável.
Dominas-te o teu próprio pensamento para que pensar não seja sofrer.
Pois aqui chegada com o meu também indomável pensamento faltou-me a força nos joelhos ao ler-te.
Faltou-me o ar no peito ao sentir-te.
É importante que assim seja que guardemos num espaço especial de nós aquilo que na vida tivemos de bom.
È importante criar um sitio belo, sem rancor, sem amargura , sem fantasmas para guardar as boas recordações.

Sabes Brain, nunca tive saudade desse tipo que falas.
Mas sei de saudade...
Da amiga que deixou de estar presente e sem ela me sinto só... e penso-a ... assim como tu.
Do irmão que era mais que irmão, era pai,era amigo, era companheiro, era cumplice, era ancora, era a mão na minha mão a caria nos meus cabelos... sem ele perto... um pedaço de mim anda perdido procurando por ele e um pedaço dele perdido procurando por mim... mas penso-o... assim como tu.

É lindo o que escreveste
Este e do teu texto anterior foram uma garra que entrou em mim e me agarrou o coração e me fez mais que pensar repensar a saudade.

Pensar é ter um pouco daquilo que nos falta.
Que reste pelo menos o pensamento... e estas leituras, estes momentos de prazer.

Ler-te hoje abriu-me o coração à saudade.

Isabel

PAH, nã sei! disse...

Algo indomável, tal pensamento....

Anónimo disse...

Pensar como sentido amplo de apreciação do sentimento nobre que se devota...o coração que dispende a energia ritmada para alhgo ou para alguém dando todo o sentido às palavras que rodopiam à nossa volta.
O fim atingido na própria sede de nunca se acabar, sensos e contra-sensos em catadupa.

Excelente...ode fortíssima.

Beijos em fio aqui da Teia.

sonhadora disse...

Boa noite.E sonha se faz favor!Um poema lindo!
Deixo-te beijinhos embrulhados em abraços

Som do Silêncio disse...

Brian!

Que te posso eu dizer que ainda não tenha sido dito?
Fico sem jeito...
Excelente o que li!

Beijo Silencioso

Lara disse...

SUBLIME!

fiquei arrepiada!

tu tens um dom... o da escrita... aproveita-o bem!

adorei!!!!

beijo

Anónimo disse...

Gostei, principalmente quando cheguei ao final.

Relembrar e manter sensações, emoções positivas que um dia vivemos, não de uma forma melancólica, mas sim como uma forma de energia para os dis futuros!

Eu posso dizer que tenho um património assim, cheio de boas recordações. Fazer delas fonte de energia é um desafio constante.

Não esperar vive-las de novo de igual modo, com a mesma pessoa, em iguais contextos (isso é impossivel), mas sim para lembrar que a vida tem muitas coisas boas que devemos aproveitar, viver, acreditar que é sempre possivel um belo amanhã.

Domar o pensamento... sim, relembrando e transformando as recordações em energia positiva!

Hannanur disse...

"Como o reflexo do luar espelhado no mar,
Que me brinda surpreendentemente,
No final de uma curva,"

Eu diria assim:

Como o reflexo da Lua espelhado no fundo do Mar,
Que me brinda surpreendemente,
No final de cada mergulho nocturno....

Gostei do que li aqui.

Kiss

sonhadora disse...

Hoje, regresso a mim e pernoito na magia do sonho.
Beijinhos embrulhados em abraços

Anónimo disse...

brain
estou sem palavras... ou melhor estou cheia delas
pois fiquei viciada em cada palavra que li
em cada linha que mesmo não querendo é como que uma droga, voltas para re-ler novamente
é maravilhoso, é amor
é piroso, lamechas, é verdadeiro
é como deve ser!!!!
obrigada pelo fio de pensamento
e claro mais uma vez, e agora com até uma % de razão, gostava que fosse só para mim

mas tudo o que obtive de expor as minhas palavras foram silêncios
grandes silêncios que sei que duram a vida toda.

bjs grandes e obrigada pelo prazer que tiver a ler os teus textos.

Anónimo disse...

Brain,

já me vens habituando a eu sair do teu blog arrepiado!

Belo texto.

Um abraço.

as velas ardem ate ao fim disse...

Só nos sentirmos vivos depois de deixarmos de querer domar seja quem ou o que for.

Belissimo post.

Fica bem.

Azul disse...

Olá Brain!

É a forma mais bonita e mais gratificante de domar o pensamento: Sorrir...

É optares por veres um dia como o de hoje cinzento como ele está ou conseguires vê-lo cheio de cor...

Parabéns pelo belo Post repleto de sentimento.

Beijo
Azul

nOgS disse...

Sim... Somos viciados na adrenalina que nos provocam.

por uma lágrima disse...

Acabei de ler tudo...
Não li... devorei...
E no silêncio, chorei.
Beijo

O'Sanji disse...

Brain

Antes de mais, muito obrigada pelo link ao plan(o)alto. :-)
Depois, dizer que este teu texto, e por isso mesmo o escolhi para te agradecer, é tão intenso e tão o que tantas vezes sentimos, que um dia destes te venho roubar um pedacinho, pode ser?
Beijo

Maria-treva-flor disse...

"Penso.te" que nada mais posso acrescentar, mas mesmo assim insisto no que "penso.te" estar perante um poeta, um pensador...que para além de pensar, faz-nos pensar. Num pensamento solto, veloz, em espiral...
deixando-me completamente domada à tua escrita..e não me importo!

Beijo*