Procura-me. (e por favor) Encontra-me. Estou naquele lugar que toda a gente conhece, mas ninguém sabe onde fica. Tu sabes onde eu estou. Eu não. Habita os meus dias. Aqueles. Que acontecem totalmente em mim. Apenas por dentro. Em garfos. Sob os cascos do tropel de mil cavalos.
Olha bem para mim.
Não sejas como o espelho que se enfastia. As suas imagens têm travo a carne seca. A ideias gastas. Desilusão de vida. Língua que mordo. Portas que batem sem se abrir. Sentimentos espalhados pela rua, que a chuva leva.
Se soubesses…
Não são os dias que são sombrios. Não são os sons que são tristes. Não são as flores que murcham nem as palavras que me prendem. SOU EU! Eu é que existo a ferros. Sou todo espinhos. Peso. Noite. Em tempestade(s). Gastas.
Hoje quero-te.
Hoje quero chamar-te meu. Mas eu sei que nunca serás meu. Serás apenas tu, de passagem em mim. E quando a tua estação terminar, ficarei novamente e uma vez mais apenas eu. Vida só. Sem rede. Ser pasmado. Mas não incrédulo. Porque a minha existência não é de ilusão. É terra. É pedra. Dureza de existir. Dor de acontecer.
Procura-me. (e por favor) Encontra-me. Mas não me fales. Dá-te com um sorriso apenas.
Só assim será mais fácil. Quando o mar apagar o teu nome, que eternizarei na areia molhada.
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