"Os sentimentos, são em si, na sua essência e vida própria, algo muito interessante. Mas, hoje penso que todos eles são efémeros. Todos, excepto um.
O Amor, deverá ser porventura dos mais complexos. É vivido de forma intensa, exige todos os nossos recursos e tem um pico. Esse pico, quando atingido, é sempre um pico. Nunca é, numa perspectiva de tempo, um planalto, que se mantenha por muito tempo no auge. A partir do momento em que se atinge esse pico, começa uma descida, que pode ser mais ou menos acentuada e que pode terminar de duas formas: ou bem, sendo que nesse caso, encontra um planalto num nível mais abaixo do pico (bem mais abaixo) e que se vai mantendo nesse nível, com custo, com trabalho e esforço conjunto. Esforço, porque a vida se encarrega de desgastar esse sentimento, corroê-lo, pelo que se ele não for tratado, cai a pique terminando a queda habitualmente num nível bem mais inferior daquele onde começou, configurando assim a segunda possibilidade de término.
A Amizade, tem duas possibilidades. Se for a escrita desta forma, com letra maiúscula, o tempo é um aliado. Com ele, ela vai crescendo e desenvolvendo-se num crescendo lento mas contínuo, podendo durar toda uma vida. Ela tem no entanto um inimigo, que a pode tornar também ela efémera: A distância. Se os dois (ou mais elementos) se afastam, a necessidade da vivência da amizade, faz com que ela também em si, acabe por cair. Caso seja a amizade escrita toda ela com minúsculas, a própria vida (tal como ao amor) encarrega-se de a fazer perder significado, pois existirá sempre um qualquer factor que fará com que ela desvaneça.
A Alegria, tem também ela picos, mas ao contrário do Amor, esta pode ter vários. Surge por um motivo de peso, provoca em nós uma sensação de euforia, mas rapidamente desvanece, pois o motivo em si, também ele acaba por perder significado, o que deixa sem bases o sentimento de Alegria.
Mas, há um que não é efémero, que não é passageiro. Quando ocorre pela primeira vez, ele não passa por nós apenas, muda-se para dentro de nós, de malas feitas e com tudo para ficar até ao fim dos nossos dias: A Tristeza. A tristeza sentida, profunda, quando experimentada uma vez, fica cá dentro e não mais desaparece. E todos os dias, encetamos uma luta muda com ela, para que não permitamos que ela ganhe terreno sobre os outros sentimentos. Mas ela está cá. Ela está sempre cá. E de vez em quando mostra-se. Aparece e convida-nos para um almoço, um jantar, uma noite ou um simples café. E nós, que embora dela não gostemos, nem sempre temos capacidade para lhe resistir, acabando por algumas vezes, aceder ao seu convite letal. Ela não dorme, não se distrai. É paciente e astuta. Conhece-nos como nenhum outro sentimento e sabe o momento certo para nos falar, mesmo que nós próprios dele, não tenhamos conhecimento. E com isto, com esta forma de se relacionar connosco, por vezes conquista-nos acabando nós até, por acabar por nutrir por ela uma certa “simpatia”. Desta forma, ela consegue fazer do tempo um aliado e encontrar na vida a parceira perfeita, pois esta, tem inúmeras situações que lhe permitem brilhar. No meu caso, com a morte do meu amigo, ela instalou-se e com o teu gesto, deixou de habitar apenas aquele quarto escuro, escondido, sem janelas e passou a ocupar não só o quarto principal, como também a sala e a cozinha de mim."
22 comentários:
É mais um excerto, do mesmo trabalho que o anterior.
Espero que gostem.
Já sabes a minha resposta, mas msm assim não posso deixar de a divulgar publicamente.
Está genial. Identifico-me totalmente com a tua "interpretação" do sentimento da tristeza. Retrato "a nú" de mim mesma.
Eu gostei.
Infelizmente haverá sempre, para toda a gente, uma altura da vida em que essa Tristeza nos aparece, independentemente da forma que assume. É inevitavel.
Fica alí... mesmo que num cantinho, sempre a marcar a sua presença...
Havia tempos em que eu pouco me abria. Vivia praticamente fechada em mim. Nessa altura achava que os outros não tinham essa Tristeza.
Não é que goste de saber que afinal essa Tristeza está aí, espalhada por todas as pessoas. Mas ajuda-nos tomar consciência de que a vida é assim.
Infelizmente é assim.
Temos é que reunir forças para lutar contra ela, e para isso o exemplo dos outros ajuda muito. Se outros conseguem nós tb conseguimos. Pelo menos, quero acreditar que sim...
A tristeza para mim, é tão efemera como a alegria. Penso que a questão terá mais a ver com momentos da vida, situações vividas e estados de espirito. Porquê achar que a tristeza existe sempre lá num cantinho, pronta a aparecer e não pensar o mesmo da alegria. Porquê não pensar que por este motivo ou por aquele, hoje estou triste, mas chego a casa e o sorriso de quem amo, uma boa noticia partilhada ou outra situação boa, fazem com que passe a ficar alegre ou tenha um momento de alegria. Assim, penso que a alegria também pode existir sempre lá no cantinho, pronta a aparecer quando menos esperamos.
E o AMOR, este sim para mim, este não é efemero. Existirá sempre em nós, pode é revestir várias formas, consoante as situações. Hoje é amor de marido/namorado, amanhã será amor de filhos, de pais, de irmãos. No limite deveremos ter sempre em nós o Amor pela vida.
Brain, bom excerto para reflexão.
Beijos
Concordo plenamente com tudo o que foi escrito.
Parabéns Brain por mais um excerto!
Excelente trabalho!
Olá a todos.
...pois eu, só concordo parcialmente:
O Amor - e teremos de ver de que amor se trata - só derrapa do pico superior se houver algum esmorecer de um ou dos dois pólos que o alimentam. Pode até, a partir do pico, levantar parede própria e subir ainda mais... Agora, se deixam secar progressivamente o pavio, ou se só uma das partes continua a repor o óleo sagrado da lamparina da paixão, o amor apaga-se e, até, aquele que mais lutava por o sustentar pode, com a desilusão, deixar em definitivo de se preocupar com a chama do amor.
A amizade – julgo que só existe de um tipo: a maior. O outro caso é aquilo que chamamos de “conhecimento”. Quando trato alguém de “amigo” uma vez, assumo que assim permaneça até que a força maior do destino nos separe. A distância afasta as pessoas, mas não os amigos. Aquele que considero o “melhor amigo”, a certa altura (há já bastantes anos) partiu para longe das nossas vivências, mas continua a ter o mesmo estatuto para mim. Outros há que raramente os vejo (um até está do outro lado do mundo!), contudo a cada reencontro parece que regressamos de um – apenas – até amanhã.
A alegria é traiçoeira. Não por natureza, mas por estar dependente de tudo o resto que não nos transmite alegria. E fica sempre relegada para segundo plano quando temos a contrabalançar um outro peso: a tristeza.
Quanto à tristeza, já concordo mais pacificamente com o que foi escrito. É como uma ferida profunda, uma chaga: cura-se superficialmente, mas deixa sempre as suas mazelas. E, basta que chegue um “tempo” mais húmido para sentirmos aquela pontada…
A solução é saber conviver com ela e tentar convocar e dar mais relevância às alegrias que vamos tendo…
Brain: desmanchar e buscar a essência de sentimentos é complexo e muitíssimo pessoal. Compreendi as tuas descrições, deixo-te aqui as minhas impressões. Excelente tema e boa abordagem. Abraço.
Fica a mensagem.
"(ºoº)"
Meu querido Brain
Gostaria de fazer aqui um comentário, que será um três em um.
Em primeiro, dizer-te mais uma vez, o quanto admiro esta tua capacidade fantástica de escrita, que eu adoro.
Em segundo, dar a minha opinião quanto ao sentimento Amizade (uma vez que relativamente aos restantes concordo quase totalmente com o que a Kitty escreveu). Discordo com o facto da amizade com a distância acabar por cair. Concordo com o Andarilhus, pois a verdadeira amizade, os amigos e não os colegas, ficam sempre no nosso coração, podem é não estar "activos" pela distância que os separa, mas uma vez reencontrados, a amizade está lá e fica tão viva como antes.
Por último, em linha com o tema amizade e para ti Querida Papoila (só agora vi o teu comentário feito no post anterior), devo-te dizer que representas também para mim, uma verdadeira amizade, que "nasceu" de várias "discussões" e desentendimentos profissionais e a pouco e pouco fomo-nos adaptando, torneando os "maus feitios "de ambas, tendo-nos tornado em duas grandes amigas. Apesar de agora ser mais o que nos separa do que apenas um separardor de gabinete, estamos bem mais "perto" do que antes.
Beijos grandes
Brain
Parabéns pelas 1.500 visitas do teu Blog
Beijos orgulhosos
da tua Wife
Dear Wife,
Obrigado meu Amor!
Tu bem que contribuiste para as 1500 também!
A todos que me lêm, me escrevem, no fundo alimentam esta minha faceta, o meu Muito Obrigado também.
Quanto aos "assuntos na mesa", digo para quem não sabe, que já tive alguns dissabores BEM GRANDES no campo das amizades, o que me leva a pensar desta forma.
A Amizade (leia-se BEM o que escrevi) existe um factor que a "pode" tornar efémera, não que a "torna" efémera. Uma amizade na total ascensão da palavra, tem de ser vivida, nem que seja de ano a ano, de 2 em 2 anos, mas tem de ser vivida, senão... Experimentem estar longe de alguém 20 anos sem falar com a pessoa, e verão que no regresso, poderá revelar-se um perfeito estranho (até com menos tempo...)
Mas a beleza de um espaço destes, é mesmo esta: a discussão.
Abraço a todos.
O mérito é todo teu.
Nós apenas gostamos do que lemos. E Gostamos de ti.
Por isso, tchim, tchim!
Á tua!
obrigada wife.
estou sem palavras a olhar o monitor e cheia de alegria, prazer, aconchego...
desculpem a minha incapacidade para descrever.
acabei de ganhar o dia.
beijo
Papoila
Como vez, e no seguimento da análise aos sentimentos tão discutida aqui ontem, constatei que ainda ontem fazias um comentário sobre o teu estado de tristeza, hoje vejo-te a fazer um comentário sobre o teu estado de alegria e bem estar (para o qual dei o meu pequeno contibuto).
Beijos e que o teu estado se mantenha assim sempe. Afinal quem é mais forte?hem?
pois, pois... :))))
bj
Hoje encontrei um pico de alegria.
Já lá vão 2 meses!
:)
estás de parabéns de novo putty.
espero que daqui a muito, muito tempo continuemos todos a festejar os vossos meses. :))))
bj
Hoje,será uma das últimas oportunidades para vos falar antes das datas festivas.
Muito sinceramente,datas que não gosto,mas que tento dar a cor e manter o espírito pelos Anjos que tenho.
Nesta fase,eu e tantos outros,fico deprimida.É tempo de balanço,de projectar,de corrigir,e aceitar falhas.De lamentar erros ,mas com soluções para evitar repetição.
E como humanos,passará na cabeça de todos a pobreza ,os sem abrigo,as pessoas "sem eira nem beira".O mundo ,não mudará muito,e as alterações não tem resultados positivos.
Sou tentada a dizer,esses desfavorecidos,a quem se faz a caridade ,sentida ou aparente,mas chegando algo a eles;"Esses",serão talvez pessoas mais claras e felizes.
Acho que estamos perante um fenómeno galopante e assustador dos pobres de espírito!Das pessoas sem sentido,dos mal formados...desses meio mundo que existe para destruir outro meio.
Tanta gente ,que não tem deficiência que Deus deu a graça de da saúde ,da mobilidade,e que se tornam autênticos irracionais.
Aí desta gente,que para andar pisa o seu semelhante!
Aí,corações que não entendem e só destoíem.
E é destas realidades que temos pessoas infelizes,perdidas e que arrastam outros consigo.
No fundo abordo algo global,mas tem muito de situaçõ individual o que refiro.
Viver em Paz,e ser feliz,é por vezes tão simples,que as pessoas nem o sabem fazer.
Desejo a todos um Santo Natal,tempo de certo recolhimento interior.E um 2007 próspero.
Obrigada Brain,este espaço,marca uma das boas coisas de 2006.
Porque ainda existem "provas",para dar forças a quem acredita e não consegue ritmo para avançar.
Perfume para todos,em meu nome e dos meus anjos,Rafael e Afonso.
Flor,
Fico contente por considerares que este espaço foi uma das coisas boas de 2006. Espero que continue a sê-lo em 2007.
Para ti e para os teus, um bom natal e um excelente 2007.
Beijo.
A todos boas festas,Alegria e Paz interior.
Cada dia,traga um motivo de força e alegria na construção desta nossa vida.
Hoje,tive já uma recompensa de tanto que durante o ano parecia "perdido".Hoje,senti de perto o que ter um sorriso,que nos imulsiona mesmo à distância.
Agradeço ao meu "Deus",os amigos que tenho.
Temos um mundo composto de tudo,existem muitas pessoas singulares.
Serão esses os apóstolos do nosso tempo?
Talvez...
Perfume a todos.
errata: "...senti de perto ,o que é ter um sorriso,que nos impulsiona mesmo à distância".
desculpem.
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