Em tempos que a memória não deixa precisar, viveu um homem, que por não ter a seu lado ninguém com quem a vida partilhar, se aventurou numa viagem sem data de regresso.
E assim, partindo pelo mundo, procurou em cada rua de cada cidade, esse alguém com quem pudesse partilhar a sua existência.
Á medida que ia progredindo no terreno, o cansaço ia-se apoderando cada vez mais dele. Mas o desejo de encontrar alguém era tão grande, que se sentia impelido a continuar sempre a caminhar cada vez mais e mais, mesmo sabendo que o caminho de volta era cada vez maior.
Pelo caminho, encontrou várias pessoas que, ao saberem do propósito da sua caminhada, se propuseram a ocupar aquele espaço que ele tinha disponível. Mas ao fim de algum tempo com elas, concluía que aquela ainda não seria a pessoa correcta com quem o fazer.
O tempo foi passando, o caminho aumentando e cada vez que parava a olhar para alguém, sentia que ainda não tinha estabelecido “aquele encontro”.
E o caminho foi de tal forma grande, que quando deu por si, estava novamente no ponto de partida. Ainda não refeito da surpresa que isso lhe causara, avistou ao longe a forma de um corpo que se aproximava de si, em passos rápidos e de forma decidida.
Era a Ana, sua amiga de longa data, que conhecera desde sempre. Mas que agora… estava diferente! Estava radiosa, estava incrivelmente agradável, até mesmo… “apetecível” para ele. Estivera assim tanto tempo fora? Teria ela mudado assim tanto durante a sua ausência?
Após um abraço sentido carregado de saudades e sentimentos bons, ela deu-lhe um beijo na cara, tal como sempre fazia quando se encontravam. Mas agora… esse beijo soube-lhe de forma diferente. Esse beijo, soube-lhe incrivelmente bem e naquele momento, ele soube, que havia corrido o mundo, para descobrir a pessoa incrível… que sempre estivera ao seu lado, mas que ele, nunca soubera ver.
A busca havia terminado. O espaço estava, definitiva e plenamente ocupado.
4 comentários:
Há quem procure alguém
Há quem procure um lugar
Há quem procure uma motivação
Há quem procure um desafio
Há quem procure um amigo
Há quem procure uma identidade
Há quem procure um afago
Há quem procure um ombro
Há quem procure a si próprio
E ainda há quem não saiba o que procurar.
Beijo enluarado.
deslumbramo-nos com um roseiral florido que cresce além, no horizonte, em vez de observarmos com atenção a rosa solitária que nos cresce debaixo da janela. Muitas vezes é preciso partir. Muitas vezes, só na distância sabemos onde era, afinal, o nosso lugar. pena que muitas vezes, o saibamos demasiado tarde...
...sim, por vezes é demasiado tarde...
e depois a maior dificuldade é, por vezes, "livrarmo-nos" dessa lembrança, que parece impregnada na nossa pele.
A procura é uma constante nas nossas vidas.
Ainda que de tal não nos apercebamos.
Putty Cat e Papoila: sempre fiéis, sempre presentes. 1 beijo para cada.
Mulherde30: Fico muito contente e honrado por ver-te por aqui. Volta sempre que queiras, comenta sempre que tenhas vontade. Beijo.
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