Não. Nem tudo
está dito ainda.
Há várias
páginas em branco por preencher. Páginas desprendidas
que a carne não escreve. Exaltação de fogo que nem os olhos, nem as mãos, nem a
razão conseguem dissolver no meu tempo sem ti. Calor insatisfeito na sede de tudo e de coisa
nenhuma. Que guardo num espaço que só se abre com a chave da tua boca. E com as
metades de cada um de nós, faço um filho às palavras. E espero que cresça. Até à
prosa selvagem. A correr à solta. Sob o olhar atento dos teus sentidos. Sem o
toque dos meus.
Talvez as palavras que desassossegam as entrelinhas rasguem (todos) os verbos.
Talvez essa carícia que me afaga os sonhos
seja precisamente o instante onde me esperas. Onde me fazes sentir que sabes o
que sinto em mim. Num tempo sem medida. Onde me és. Como um dia inteiro que acontece
num fim de tarde. Pois nunca a ausência dos teus lábios foi a forma de esquecer
o que não foi pronunciado. Naquela tua voz. Onde sobra o desejo. À qual sempre chego
a ti sem saber o que me acontece ao corpo. Que abre a janela e voa. Cai no chão
e chora. Sangra e gosta. Ri do meu silêncio. Faz-me os gestos. Na fuga em que
tudo volta. E me chama. Uma vez mais. A ti.
Não. Nem tudo está dito ainda.
Há várias páginas em branco por preencher.
Deixa a porta entreaberta. Apaga a luz.
E grita bem alto o meu nome. Em todos os teus silêncios.
Não. Nem tudo está dito ainda.
Há várias páginas em branco por preencher.
Deixa a porta entreaberta. Apaga a luz.
E grita bem alto o meu nome. Em todos os teus silêncios.
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