sábado, fevereiro 17, 2024

CASA

Permanecemos aqui. Nesta casa em que nos sendo, não nos diz.
Casa com paredes de silêncio. Chão aberto ao tempo. E tudo aquilo que jamais será dito. As portas que se fecham atrás da tua sombra. E a partilha de todas as nossas ausências. Que fazem todos os vazios. Dos toques inexistentes da tua mão na minha. Do silêncio da tua voz do outro lado de nenhum telefone.

Quando foi que o universo deixou de ser perfeito?
Talvez apenas um segundo. Ou apenas um pouco mais. Mas permanecemos no foco. Porque luz nenhuma se divide para a (sua) partilha. Existe única. Sempre. Com toda a (sua) intensidade. E por vezes fere. Outras vezes, sangra. Faz-nos golpe da própria luz. Invade todos os oceanos. E revela. Todos os lados abertos. Dessa tua porta fechada.

Sou tábua inerte de algum naufrágio.
A cada noite repetida sem lua.

Em que nenhuma água se agarra ao teu corpo.
E tu. Não te agarras ao meu.

 

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