sábado, fevereiro 03, 2024

DUELOS DE AMOR

Nos olhos parados damo-nos conta do silêncio.
São assim os momentos que antecedem todos os abandonos. Únicos. Ínfimas frações de tempo.

Os dedos trauteiam desejos na vénia de uma carícia lenta. Os cabelos enleiam-se no hálito. As respirações cruzadas captam o olhar que se fecha. - Pequenas rendições ao quente que espalhamos no ar que nos envolve.

Prendem-se os gestos ao desassossego que reina debaixo da nudez. E já somos nada em controlo. Nesse teu beijo que é o molde do meu. Nas bocas famintas que se molham. Que se bebem. Se procuram e se necessitam. Nelas arde esse fogo por dentro. Que inflama todas as lutas. No enrolar solitário das línguas no desejo.

Incendeiam-se os corpos numa paixão duplamente enfurecida. Na qual matamos o anseio numa quase raiva estonteada que nos atravessa. Confunde. Ficando sem saber se é a tua paixão enfurecida que se esvai no meu desejo, ou se é o teu desejo que enlouquece a minha fúria de paixão. Nelas somos sempre inteiros. Até nos raros momentos que em palavras rasgamos o silêncio. Dizendo-nos.

Silêncio e Tempo.
Entrega e (des)Ordem.

Duelos de Amor.

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