Nos olhos parados damo-nos conta do silêncio.
São assim os momentos que antecedem todos os abandonos. Únicos. Ínfimas frações
de tempo.
Os dedos trauteiam desejos na vénia de uma carícia lenta. Os cabelos enleiam-se
no hálito. As respirações cruzadas captam o olhar que se fecha. - Pequenas rendições
ao quente que espalhamos no ar que nos envolve.
Prendem-se os gestos ao desassossego que reina debaixo da nudez. E já somos
nada em controlo. Nesse teu beijo que é o molde do meu. Nas bocas famintas que
se molham. Que se bebem. Se procuram e se necessitam. Nelas arde esse fogo por
dentro. Que inflama todas as lutas. No enrolar solitário das línguas no desejo.
Incendeiam-se os corpos numa paixão duplamente enfurecida. Na qual matamos o
anseio numa quase raiva estonteada que nos atravessa. Confunde. Ficando sem
saber se é a tua paixão enfurecida que se esvai no meu desejo, ou se é o teu
desejo que enlouquece a minha fúria de paixão. Nelas somos sempre inteiros. Até
nos raros momentos que em palavras rasgamos o silêncio. Dizendo-nos.
Silêncio e Tempo.
Entrega e (des)Ordem.
Duelos de Amor.
Num "mundo de loucos", em que as relações interpessoais muitas vezes nos "passam ao lado", vamos, com base nas nossas vivências e alguma imaginação à mistura, fazer deste cantinho um centro de reflexão e de diversão.
sábado, fevereiro 03, 2024
DUELOS DE AMOR
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