quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Porta


Cheguei e já não estavas.
Faz tempo, muito tempo, que te foste embora durante a minha ausência.

Até hoje, não sei por que porta saíste.
Fechaste-as todas.

E eu,
Não o sabendo,
Não sei por onde te arrancar de mim.

terça-feira, fevereiro 09, 2010

minha palavra Saudade


Gostava de te conseguir mostrar,
A real dimensão da minha palavra saudade.

O tempo que ela encerra
para lá do que leva a proferir as suas três sílabas
mesmo que em todas elas se espacem pausas.

Os sentires que ela contém
muito além das suas sete letras
por entre todos os espaços que nelas se aninham.

Gostava de te conseguir mostrar,
A real dimensão da minha palavra saudade.

O quanto do encher do peito, só por te pensar,
O quanto do calor do arrepio, só por (não) te saber,
O quanto da dor do silêncio, pela tua não presença…

O teu prato (sempre) vazio e inerte na mesa,
Os grãos de pó que não se levantam por ti,
O soalho que não range pela força da tua passagem.

Gostava de te conseguir mostrar,
A real dimensão da minha palavra saudade.

Este acelerar
nesta calmaria doente,

Este estagnar
nesta correria demente,

Esta alegria
nesta tristeza premente,

Este simples q u e r e r
do teu sorriso…
…à minha frente.

Gostava de te conseguir mostrar,
A real dimensão da minha palavra saudade.

Mas não consigo.

terça-feira, fevereiro 02, 2010

Retorceste o momento


Retorceste o momento
Enrolando-o nos dedos
Girando-os em movimentos circulares
Como se a circularidade concêntrica do gesto,
Fosse capaz de reter no seu centro (que eras tu)
A magnitude do tempo. Dos segundos infinitos, em que fora de ti
todos os momentos ocorriam e tudo te pertencia,
mesmo que de ti, fosse coisa nenhuma.

Retorceste o momento
Enrolando-o nos dedos,
prendeste-o em ti e encurralaste-o no tempo.
Não para que o tempo parasse, mas para que o seu avanço
não desfizesse a magia do sentir.
Não o escreveste nas páginas, porque o querias só teu,
e as páginas são efémeras, mas o sentimento não.

Retorceste o momento e escreveste-o em ti,
Mas foi em mim que o selaste, com o lacre quente de um sorriso.

quinta-feira, dezembro 31, 2009

Memórias de um sorriso


Tenho réstias de pele tua nos meus aromas.

Passeio-me nos locais em que não existimos
E sinto-te como uma imensa falta em mim.

Como se a troca dos dias
fossem anjos caindo do topo de nós.

Como se pequenos alicerces ruíssem
pelos nossos entrespaços.

Como se caminhar sobre o abismo
Fosse um passo natural no percurso de vida.

Tenho réstias de pele tua nos meus aromas
e memórias de um sorriso.


Do TEU sorriso,
Onde feliz,
Eu existo.

segunda-feira, novembro 09, 2009

Lembrar


Hoje lembro.
Acordei assim.
Hoje especialmente lembro.
Lembro tanta coisa...

Lembro aqueles dias inteiros de praia,
Lembro aquele episódio no dispensário,
Lembro de tantas vezes me dizeres
“quando o teu pai chegar, vou-lhe dizer!”
E eu sempre com medo à espera…
...e tu que nunca dizias.

Lembro o teu espírito guerreiro face à doença,
Lembro os teus últimos dias.
Lembro o teu último dia.

...

Lembro-me de ti quando me olhavas e sorrias.

Mas sobretudo,
Lembro-me da tua alegria de dar.
De como os teus olhos sorriam quando oferecias algo a alguém.
A expectativa era mais tua que de quem recebia.
Percebi hoje que foi de ti herdei isso.

Farias hoje 66 anos.

Ainda me aqueces…

Ainda me dóis.



Parabéns Mãe!



... e eu ...
... queria tanto sorrir ao lembrar-te ...
... mas não consigo ...
... ainda não consigo.

quinta-feira, outubro 29, 2009

Pesadas Palavras


Pesam-me nas mãos, as palavras.
Presas.
Que por tão grandes não escorrem.
Que por tão grandes não cabem.
No caminho dos dedos, até à ponta da caneta.

Palavras minhas grandes,
Por tão de Ti!


terça-feira, outubro 20, 2009

Ausência


Há sítios onde me perco sempre…

Os caminhos da tua ausência são labirínticos
E parecem infindáveis,
Tal como os meus passos, quando os percorrem
Procurando ecos de ti.

Sinto-te perto na ausência
Porque a tua ausência não sou eu sem ti.
És tu espalhada, por todos os espaços.
Pedaços de ti, por entre todas as coisas.

A tua ausência:
A exacta medida,
Do espaço,
Que separa,
Os teus lábios dos meus.