“Aqui em baixo não se vê o vento”
Como se o vento importante. Como se alguma vez o visses. Como se ele mais do que tu.
“Aqui em baixo tudo é frio”
Como se o calor uma força maior. Como se a temperatura toda a vida. Como se o frio em tudo mau.
“Aqui em baixo é escuro”
Como se a luz te prolongasse. Como se a luz a tua vida. Como se a luz fosses tu.
Dentro da caixa, tentavas encontrar-te. Ser em morte o que nunca foras em vida. Ter em pensamento o que nunca tiveras em emoção. Ser no silêncio o que nunca foras em palavras.
Dentro da caixa eras apenas tu. E ninguém verdadeiramente te conhecia.
Eras nada do que te diziam. Um ser desconhecido que todos julgavam conhecer. Repleto de virtudes. Carregado de predicados. Parco em defeitos. Do que diziam nada eras tu. Palavras de um outro ser.
Aí em baixo não há calor.
Aí em baixo não há luz.
Aí em baixo não se vê o vento.
Mas aí em baixo, o maior ausente, és tu!
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