Retenho sons de ti. Alguns articulados em palavras. Outros em gestos. Em pupilas dilatadas. Fixas. Em aconchegos. E quando te quero dizer Amor, são apenas gestos que penso. Na flor em cima da mesa. Na reticente vela. No odor da tua pele. Teu cerrar de pálpebras.
Sei-nos numa canção. Lá longe no tempo. Sei-nos numa praia em primeiro beijo. Em tempos de projectos. Sonhos. Medos também. Alguns. Sei-me num querer. Intenso. Imenso. E sei-me em ti. Em Amor. Esse. Que te queria dizer. Mas não consigo.
Como te posso dizer Amor, se é no silêncio que ele existe maior?
Como se escreve felicidade? Como se diz Instante? Entardecer? Brisa? Morada? Ou infinito? Numa voz? Em duas? Quantas vozes são precisas para (te) dizer? Não sei. As palavras são tão imperfeitas. Carregam tantos significados. Calma e serenidade não são a mesma coisa. E eu não sou essa coisa. Em significado. Ou em essência.
Eu sou tudo. A mão que te suporta na dor. O som da gargalhada que te eleva. E o ferro que (mesmo não querendo) te pode ferir de morte. Esse sou eu. Assim. Porque imperfeito. Como as palavras. Palavras. Muitas. Que dizem tanto. Mas que não servem para eu te dizer Amor.
Porque eu, quando digo Amor, é apenas uma coisa que quero dizer: Tu.
Sem comentários:
Enviar um comentário