Faz sete anos que chegaste.
Lentamente (como a árvore que cresce), foste entrando. E sem pedir permissão (assim como o tempo), foste ficando. Como uma hera foste-me enleando, enredando-me no costume da tua presença. E eu fiquei menos só. Já não sabia se era a mim que o sol beijava primeiro, ou se à tua presença em mim. Que já não me distinguia de ti.
O tempo foi passando. Tu foste crescendo. Em idade. E em mim.
E tu sempre cumpriste. Todos os dias foste outro. Com uma alegria genuína. Ímpar. Com as tuas palavras sempre frescas. Sombra de árvore. Chilrear de pássaro. Em palavras. Em afectos. Gestos indizíveis. Em colo. (porque não?) Em amor.
Eu sabia que este dia chegaria. Sabia que chegarias ao final da tua jornada e partirias. Qual pássaro em bando. Mas secretamente, mesmo sem saber, fui alimentando. A esperança. (embora te soubesse andorinha). Que o teu bando fosse de cegonha. E decidisses ficar.
Faz dois anos que partiste.
Todos os dias te lembro. Todos os dias te falo. Ainda que a tua voz não cá.
Depois de ti vieram outros. Vários. Nenhum ficou tanto tempo quanto tu. Nenhum me aliviou da minha solidão de ti. Nenhum outro foi água. Ou brisa. Nem deixou raízes. Foste único.
Todos os dias foste outro.
E eu, sem ti. Fiquei.
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