Lentamente, um a um, fui colocando todos os toros. Até o cesto ficar vazio. Alimentei a combustão até ao fim. Como a nossa vida. Crepitava na lareira o último toro, já perto das cinzas, quando tu
- Amanhã vou embora.
Assim. Em vazio. Tal como o cesto. Sem nada mais para alimentar as chamas. Enquanto eu imóvel. Sem palavras. Olhando o que restava (de nós) do fogo. Remexendo-o nas entranhas em busca de um sentido. Sentindo-me - ainda que não to dissesse - as próprias cinzas.
No silêncio, levantaste-te e dirigiste-te ao quarto. A cama para uma última noite. Fria. Sem intimidade. Enquanto eu imóvel. Olhando o fogo que já não ardia. Remexendo as cinzas. Procurando-nos. Tentando saber onde nos perdêramos. Quando deixáramos de ser fogo.
Momentos.
Aos pés da cama, toda a vida arrumada. Duas malas apenas. Pouca vida para tanto tempo.
Enquanto na sala, em frente à lareira, o cesto vazio. Ainda a sonhar.
Sem comentários:
Enviar um comentário