Desculpa
hoje não ter palavras.
Todas as mãos estão fechadas e todos os braços me apertam o corpo.
Não há horizonte para lá das minhas varandas interiores. Em escuro. Sou apenas sombra.
Caminhos curtos. Becos. Minha voz perde-se nas minhas próprias paredes. Sem
melodia ou sentido. E eu não me reconheço em nada. Em sítio nenhum. Sou pó.
Sobras de outras línguas. Sílabas por dizer.
Hoje não tenho palavras. E dói-me.
Dói-me ser silêncio. Peso. Ausência de som. Que não sendo dito estrilha. Em
rasgos. Pequenas lâminas de papel. De cortes finos, invisíveis. Porque assim me
é a inexistência da tua presença. Paralisa-me. Não me permite. Aniquila-me e
não me deixa ser eu. Pelo que tudo o que resta é apenas isto: o não eu. Que se
confunde. Que me confunde. Me leva a questionar qual deles sou.
Não quero ser este ninguém. Que não conheço.
E no entanto, já vou conhecendo vezes demais.
A tua ausência dói-me.
Hoje, é tudo o que tenho para te dizer.
Num "mundo de loucos", em que as relações interpessoais muitas vezes nos "passam ao lado", vamos, com base nas nossas vivências e alguma imaginação à mistura, fazer deste cantinho um centro de reflexão e de diversão.
sábado, outubro 07, 2023
A TUA AUSÊNCIA
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