sábado, outubro 21, 2023

ELEMENTOS

Vazio das tuas mãos, todo o tempo é um lugar inóspito.
Existes em mim em todos os momentos, mas somos feitos de distâncias que por vezes parecem intransponíveis. É então que somos como que um acto de fé. Pequenas ilhas. Absolutamente líquidas. Cuja base mais firme é a âncora de um barco à deriva. Feito eu.

Quero ser continente. Preso a ti sob a base do teu chão.
Que me sejas terra. Ar. A outra metade que sustenta as minhas insuficiências. Me assegura os caminhos e impede que me perca. Por não os teus dedos em mim. Agarrando-me e fazendo-me teu. Por não as tuas mãos em mim. Percorrendo-me e dizendo-te minha.

Quero ser fogo. Sempre. Percorrer o sabor da tua voz na magia dos sussurros. Dos descontrolos impossíveis. Em contínuo. Ter o teu pescoço como farol. Que me orienta para a tua boca. Para nela me perder numa medida que número nenhum é capaz de dizer. Infinito de paixão. No qual tudo cabe. Sem medida. Ou sequer escala.

Quero contigo ser, e não apenas existir.
Acompanhas-me?

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