Sempre
que vens ao meu encontro, trazes em ti um recato de Amor. Nunca vens o vulcão
em que te tornas. Não. Vens sempre pé ante pé. Aos poucos. Como que com receio
de acordar o lobo adormecido. Primeiro o olhar. Fugidio. Como que de soslaio.
Seguido de umas poucas palavras. Os lábios que começam a arquear até ao
sorriso. Para só mais tarde as mãos. Essas que igualam as minhas em dimensão.
Em forma e em toque. Em pequenos encontros fugazes. De sensações.
São assim os regressos. Pequenos reencontros em que não nos sabemos. E vais
tentando perceber de mim. Aos poucos. Em pequenos espasmos de curiosidades.
Para garantires que sou o mesmo que deixaste. O que preenche as tuas memórias.
As emoções guardadas. Em (sempre) pequenas caixas. Aquelas que usas para as
coisas importantes. Em salvaguarda do turbilhão da vida.
Aos poucos, vais-te deixando amanhecer. Soltas a face. Vertes algumas palavras pelo
meio do olhar. Esse, que resume todas as frases e todos os silêncios. E voltas
ao reencontro dos lábios com que nos despedimos para a rarefação de ambos. E assim
nos fazermos de novo unidade. (Re)descobrirmo-nos nas loucuras partilhadas. Nas
gramáticas dos peitos ofegantes. Nas gotículas na pele. E nos detalhes dos corpos
em tumulto.
Sempre que vens ao meu encontro, trazes em ti um recato de Amor.
Intimidade em suspenso que as mãos deixaram uma na outra.
Para um novo mergulhar que responda a todos os silêncios.
Aqueles que se fizeram.
Quando em solidão chamei por ti.
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