sábado, maio 21, 2016

PEDIAS-ME PALAVRAS

“Dá-me palavras” - pedias-me tu.
Como se dar-tas, fosse simplesmente o resultado do desfiar do novelo.
Como se no centro do nosso abraço, tudo incompleto pela falta dessas palavras.
Como se as palavras maiores que tudo o de nós. Que o toque dos dedos. O olhar. Ou o silêncio.

“Dá-me palavras” - insistias.
E as palavras cada vez mais fundo. Cada vez mais doídas e tristes. Cada vez menos importantes. Ou com sentido. Enquanto morriam em mim os sentidos de nós. Por inúteis. Por não transmitirem mais que as palavras. Essas, que tu tanto querias. Enquanto nos diluíamos…

“Dá-me palavras” - ultimaste.
E em mim só silêncios. Em rebuliço. Em atropelo. Numa guerra muda de letras e significações. Onde, por não saberes ler toda a poesia contida no silêncio de um beijo, uma única palavra foi ganhando vida. Ficou maior. Única possível. Única. Palavra. Parei. Olhei-te. E a minha boca articulou: Adeus.

2 comentários:

lua perdida disse...

o erro de muitos é querer palavras..
por vezes os gestos valem mais que mil palavras... mas andamos tao focados, sei la bem eu em que, que nem vemos os gestos de amor/carinho que os outros tem com a gente...
e nisto insistimos em pedir palavras...
e mtas vezes obtemos as palavras.... mas aquelas que nao queremos!!

Brain disse...

Nem mais lua perdida!
Obrigado pelas tuas!