Tinha(mos) tudo.
As mãos, o cabelo, os olhos.
Tempo em que acontecia(mos). E era(mos).
Naquele tempo tinha(mos) tudo.
A pele do teu pescoço. O toque dos teus dedos. O silêncio dentro do mundo.
A minha voz nomeava-te para descrever a beleza. E eras tu. E eu era em ti.
Naquele tempo tinha(mos) tudo, e eu perdido. No teu mistério.
Diferente todos os dias. Vontade de nascer a cada manhã. No teu rosto.
Sem palavras. Em ameno. A sentir cada pedra. O voo de cada ave. Cada pétala.
Naquele tempo tinha(mos) tudo e depois, a vontade dos nomes. Dos lugares.
A vontade de tudo em tudo. Os quereres. Tantos. Todos. Perdemo(-no)s.
Recolhe(mo)s as mãos. Cortas(te) o cabelo. E os olhos, são lugares de frases que (já) não dizes.
Somos coisa sem mistério. Vale(mos) quase nada.
Apaga a luz.
Deixa que o som da noite entre no quarto. Ele anda solto pelas ruas. Em busca (de nós).
Dá-me o teu nome. Deixa que o respire. Deixa que com ele eu seja. Te (re)encontre.
Deixa que o abrace. Que o tome como meu (outra vez). Por dentro de mim.
Apaga a luz.
Deixa a máscara do olhar. Não preciso dela para os teus aromas. Pálpebras. Texturas.
Conheço de cor todos os (teus) caminhos, brisas e silêncios. Neles tudo acontece.
Somos futuro. Amanhecer.
Apaga a luz.
Deixa(-nos) tudo acontecer. De novo.
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