Acordo com o teu nome vindo dos meus sonhos, enquanto na
pele transpira a saudade do teu perfume, que a agitação da ausência do teu
corpo nela me provoca. É breve o instante em que o reconheço. E a vida é enorme
nesse momento. Porque assim são os meus sonhos. Pedaços de ti. Em essência. Nos
quais me aconteces em absoluto. E curiosamente sempre em silêncio. Porque não
me falas nos meus sonhos? Queria acordar sempre na tua voz, ao invés de imerso
nessa matéria efervescente de que são feitos todos os silêncios.
Mas como se as palavras queimassem a boca por dentro, nos meus sonhos não me
falas. Apenas me olhas. Em profundo. Com
esses olhos que me absorvem. E nos quais caibo por inteiro. Sem nada em
excesso. Talvez apenas os lábios. Esses que se movem para articular nenhuma
palavra. Só para os beijos que vou deixando. Em pingos. Nos caminhos da tua
pele. Enquanto na minha desenhas sem querer, em gestos que te escorregam dos
dedos, inacabados mapas invisíveis. Sem nunca me dizeres qual é o destino que
eles servem.
Seguro-te então o rosto entre as minhas mãos. E nos lábios abres um sorriso do
tamanho do medo que tenho de te perder, enquanto sinto que o dia começa a
despontar. E como se caíssem as sílabas do final de todas as palavras, a imagem
começa a perder-se. Os olhos abrem-se. E nesta hora em que as ruas estão
desertas, e também lá fora o silêncio impera, é apenas o teu perfume
aprisionado na minha roupa que me serve de ponte até ti.
Um novo dia tem início.
Os lençóis estão amarrotados.
E todo o (teu) silêncio é maior que o mundo.
E violência.
De nenhum poema.
Num "mundo de loucos", em que as relações interpessoais muitas vezes nos "passam ao lado", vamos, com base nas nossas vivências e alguma imaginação à mistura, fazer deste cantinho um centro de reflexão e de diversão.
sábado, maio 13, 2023
ACORDAR
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