Onde vais?
Deixando-me aqui sozinho a soletrar carinhos com a ponta dos dedos. É cedo
ainda. E as palavras que semeei na tua pele ainda não ganharam raízes. Não têm
força de subsistência. Por isso não partas. Ainda. Não me deixes sozinho. Sob todo
o silêncio. Espera que a luz das letras forme o dia. Deixa que as frases nasçam.
Espera uns minutos mais só para que se desenvolvam. E quem sabe, formem um
texto. Que te seja ternura. Ou quase ternura. E que te leve a ficar. Umas
letras mais. Um verso. Uma estrofe. Ou na loucura até todo um poema.
Não partas ainda. Há todo um tempo vida que parou quando chegaste. E eu não
mais envelheci pelo lado de dentro. Onde não sou a minha idade pele. Sou a
idade completa dos teus sonhos. E se te vais, todos eles esmurecem. Dissipam. E
a minha idade torna-se matéria obsoleta. E eu não quero ser só passado. Sem
linha de horizonte de futuro. Sem o atrevimento de querer seguir. E apenas ficar.
E fazer de toda a luz cantos escuros. E deixar que as palavras apodreçam
desarticuladas na minha boca. Indizíveis. Por falta de destinatário.
Tu sabes que é o teu respirar sobre as letras que as alimentam.
Tu sabes que são as correntes quentes da tua voz que as aquecem.
Tu sabes que é a claridade dos teus olhos que as revelam.
Por isso não partas. Ainda.
Deixa-me tentar uma vez mais, escrever o meu nome no avesso da tua pele.
Onde estás agora?
Num "mundo de loucos", em que as relações interpessoais muitas vezes nos "passam ao lado", vamos, com base nas nossas vivências e alguma imaginação à mistura, fazer deste cantinho um centro de reflexão e de diversão.
sábado, setembro 23, 2023
NÃO PARTAS AINDA
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