Nunca
quis a profundidade do espaço. Nem toda a imensidão de desconhecido que ele
encerra. Com toda a sua beleza e possibilidades, ele é-me apenas excesso. E eu
quero-o em mínimo. Em nada. Se ele representa a distância de ti, quero-o ínfimo.
Inexistente. Porque todo o espaço é silêncio. E eu transbordo todos os teus.
Quero as tuas palavras a serem casa para os meus olhos. O teu olhar as minhas estrelas.
E que sejam as tuas curvas a definirem as minhas fronteiras.
Dir-te-ia que te amava ainda antes de te conhecer. Amava a ideia de ti. Aquela
a que vieste dar corpo. Mostrando-me o quanto te pensava em pouco. Aterradoramente
incompleto. Por não te conhecer. Por te pensar para além de mim. Quando a tua
existência é tão profundamente a minha. E sem a tua, ela é tão escassa. É
possível eu existir sem ti? Os nossos caminhos nem sempre foram comuns. E ainda
assim, os nossos passos foram-se sincronizando para chegarem a hoje.
Esquece o céu. A Lua. As estrelas.
Vamos ver o mar.
No mar tudo se une. Todas as existências se partilham. E nas ondas temo-nos. Em
marés. Como vagas em movimento. Ora suaves. Ora em força. Mas sempre em movimento.
Como que levando-nos. Como que sendo-nos. Deixa-te elevar pelas ondas. Deixa
que o teu corpo flutue. Que seja maré. E que os meus braços te sejam rocha. Te firmem.
Como fio vermelho que liga o fim a todos os inícios. Como ponte que une margem
nenhuma. Como desculpa para a vida.
Acordamos juntos?
Num "mundo de loucos", em que as relações interpessoais muitas vezes nos "passam ao lado", vamos, com base nas nossas vivências e alguma imaginação à mistura, fazer deste cantinho um centro de reflexão e de diversão.
sábado, setembro 02, 2023
IMENSIDÕES
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